O MARINGÁ SHIMBUN, eternizando os feitos da comunidade nipo-brasileira

No mês que comemoramos os 113 anos da Imigração Japonesa no Brasil, a coluna O MARINGÁ SHIMBUN chega em sua 20ª edição. Para comemorar o Imin 113, traremos os principais destaques da coluna nipo-brasileira.

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SESSÃO SAUDADE

O objetivo desta sessão é prestar uma homenagem aos pioneiros nipo-brasileiros que acreditaram no novo Eldorado e vieram para Maringá a fim de construir uma vida digna para sua família e seus descendentes. Esses bravos japoneses não mediram esforços e tiveram um importante papel na história da nossa região. A todos esses pioneiros já citados e aos que ainda serão homenageados pela nossa coluna, o nosso “Muito Obrigado!”.

Jinroku Kubota (1884 – 1970)

Vamos contar um pouco da história de Jinroku Kubota. Natural de Ehime-Ken, nascido em 11/03/1884 e que juntamente com sua esposa Ito e os filhos Yoshinori, Myssao, Teruyoshi e Shizuma, atravessou o oceano, deixando para trás sua família, seus amigos e sua terra natal. Após uma frustrante passagem pelo Estado de São Paulo, mais precisamente pelo município de Garça, decidiu conhecer a região de Maringá em 1938. Dois anos depois, encorajado pela Companhia de Terras, resolveu trazer a família e tomar posse de um lote de vinte alqueires no lugar onde, hoje, é a Venda Duzentos. Naquela época não havia estrada, portanto foi necessário derrubar a mata a fim de adentrar a densa floresta. No local foi aberta uma clareira onde construíram um rancho com palmito rachado, sem janelas e de chão batido. Ali, plantaram mais de 30 mil pés de café. Em 1952, Jinroku vendeu a lavoura e investiu na instalação da Retificadora Maringá, que hoje é administrada pelo seu bisneto, Júlio Kubota.

O desejo de preservar a cultura japonesa sempre esteve presente nos imigrantes japoneses. Em 1947, juntamente com outras grandes personalidades nipônicas da nossa história, Jinroku Kubota foi um dos idealizadores do Maringá Nihonjinkai que futuramente se transformou na ACEMA – Associação Cultural e Esportiva de Maringá, tornando-se seu primeiro presidente. Em 1948, inauguraram a primeira sede que foi construída na Rua Evaristo da Veiga, terreno doado pela Cia. Melhoramentos. Até hoje a ACEMA reúne os inúmeros descendentes em atividades culturais e esportivas que mantém acesos os costumes e tradições trazidos da Terra do Sol Nascente.

Sueo Toda (1897 – 1963)

Sueo Toda era um jovem muito destemido. Natural de Kumamoto-Ken, decidiu vir sozinho para o Brasil em 1914 com apenas 17 anos. Como era menor de idade, conseguiu embarcar juntamente com um casal que não tinha filhos, porém, ao chegar no Brasil, ele se perdeu desse casal e ficou sozinho, num país desconhecido, sem dinheiro e sem saber falar português.

Decidiu caminhar seguindo a linha de trem mesmo sem saber onde chegaria. Depois de muito andar, deparou-se com uma olaria e ali ficou observando as pessoas trabalharem. Instintivamente, começou a ajudar aquelas pessoas. Depois de um dia inteiro de trabalho, o proprietário percebeu que o rapaz estava ali perdido e imaginando que pudesse estar com fome lhe ofereceu um prato de comida. O jovem Sueo aceitou de bom grado e foi ficando nessa olaria.

Após alguns meses, no Japão, os pais de Sueo estavam muito preocupados com o filho, que havia migrado para o Brasil e não tinha dado mais notícias. Sabendo que Kyutaro Fujimoto estava a caminho do Brasil juntamente com a esposa, Tama Fujimoto, e os filhos do casal, os pais de Sueo suplicaram que encontrassem e que tomassem conta do seu menino. Como negar um pedido como esse? Assim que a família Fujimoto chegou ao Brasil iniciaram a busca e, por mais incrível que isso possa parecer, encontraram o jovem trabalhando na olaria. Cumprindo a promessa feita aos pais de Sueo, eles levaram o rapaz para morar com eles e a partir daí, passaram a tratá-lo como se fosse seu próprio filho.

Trabalharam como agricultores, primeiro na região Mogiana e depois em Bauru. Após alguns anos, Sr. Fujimoto achou que estava na hora de Sueo constituir uma família e saiu em busca de uma noiva para ele. Ficou sabendo sobre uma jovem que tinha vindo ao Brasil juntamente com os irmãos e foi até lá conversar com a família da mocinha. O irmão da jovem Sue Shinkado concordou que estava na hora da irmã se casar e deu sua mão em casamento ao jovem Sueo. O casal só se conheceu no dia do casamento e dessa feliz e abençoada união nasceram nove filhos: Tomiko, Jorge, Cândido, Luiza, Francisco, Mário, Hideo, Kiyoshi e Maria.

Em 1947, Sueo decide tomar novos rumos. O sonho dele era ter uma Serraria e, ouvindo falar sobre o novo Eldorado, veio conhecer o norte do Paraná, chegando em Maringá. A filha, Tomiko, já estava casada, porém os outros 7 filhos vieram com ele e a esposa estava grávida da filha caçula, Maria, que nasceu no dia 01 de novembro de 1947. Maria Toda Yoshida foi uma das primeiras crianças a nascer em solo maringaense. Todavia, foi registrada em Mandaguari, pois ainda não havia cartório na Cidade Canção.

Sueo montou sua primeira serraria na região da Vila Operária, porém, por falta de experiência no ramo, o negócio não prosperou. Mas isso não foi motivo para fazê-lo desistir de seu propósito. Com muita coragem recomeçou na lavoura com a ajuda dos filhos e, finalmente, conseguiu economizar o suficiente para montar a Serraria São Paulo, que ficava na avenida Morangueira, onde a viúva do filho mais velho, Jorge Toda, reside até hoje.

Com a sua serraria e seu espírito determinado ele sempre trabalhou para manter as tradições da cultura japonesa. Participou da inauguração do SOCEMA, Nihonjin-kai e também teve um importante papel na construção da Igreja Seicho-no-Ie de Maringá.

Faleceu aos 66 anos, no dia 28 de dezembro de 1963. A esposa, Sue, morreu no dia 16 de junho de 1979, aos 75 anos de idade.

Uma vida de honestidade, determinação e coragem. Um grande exemplo a ser seguido não somente por seus descendentes, mas também por todos aqueles que trazem em suas veias um pouco desse corajoso sangue oriental.

Monsenhor Miguel Yoshimi Kimura (1914 – 1967)

Monsenhor Kimura, nasceu em Fukuoka, Japão, no dia 13 de junho de 1914. Chegou ao Brasil em 1958 atendendo uma solicitação do então Bispo Dom Jaime Luiz Coelho que, percebendo a presença de muitos japoneses católicos na região, pediu a ajuda de um missionário japonês para dar atendimento espiritual a esses cristãos nipônicos.

Monsenhor Kimura foi o principal responsável pela criação da Missão Nipo-Brasileira em Maringá, pela fundação do Centro Cultural e Social São Francisco Xavier e do “Externato São Francisco Xavier”, atual Colégio São Francisco Xavier.

Faleceu no dia 14 de agosto de 1967, no Japão, durante uma visita que fazia aos seus familiares. A comunidade maringaense ficou extremamente abalada com a notícia e jamais esqueceu a figura desse religioso empreendedor e determinado que difundiu com muita fé a missão católica em Maringá e região.

Sumiko e Yaeko Miyamoto

Sumiko Miyamoto nasceu em 1920, no Japão, e chegou ao Brasil em 1953. Ficou um ano em Marília-SP, e lá ouviu histórias sobre a cidade cujo nome foi inspirado na Cabocla Maringá, da canção de Joubert Carvalho. Apaixonada por música, decidiu mudar-se para Maringá em 1954 e começou a desenvolver o trabalho de missionária da Igreja Metodista Livre, lidando principalmente com os descendentes de japoneses. Era uma mulher empreendedora que não media esforços para buscar recursos a fim de concretizar seus projetos: construir um jardim de infância, desenvolver uma educação cuidadosa pautada no amor, ensinar música, montar um coral infantil, entre outros.

Em 1961, um reforço muito importante veio do Japão: a irmã, Yaeko Miyamoto, que assumiu as aulas de canto e música. Yaeko era cantora lírica e, juntamente com Sumiko, trabalhou incansavelmente em prol da construção e manutenção do Auditório Luzamor (1989) e do Lar de Cristo Luzamor (1997), entre outros projetos.

Roberto Toshinobu Koyama, especialista em pastéis (1942 – 2018)

Um dos programas que mais mexe com a nossa memória afetiva é fazer compras na feira livre. E não podemos pensar em feira sem lembrar de um crocante pastel frito na hora.

O responsável por trazer esse empreendimento para as feiras livres de Maringá foi Roberto Toshinobu Koyama, o fundador da Roberto’s Pastel. Segundo filho dos imigrantes Koichi e Yoshi Koyama, Toshinobu nasceu em 24 de abril de 1942. Casou-se com Luísa Sugue Takahashi com quem teve seis filhos: Márcio, Cláudio, Jerry, Rogério, Thelma e Chrystiane.

Roberto iniciou suas atividades nas feiras em 1969. Em 1983 foi para Feira do Produtor e logo sua barraca se tornou uma das mais movimentadas. Muito carismático, atendia a todos os clientes com um sorriso nos lábios. Ele costumava dizer que o seu negócio não era simplesmente fabricar e vender pastéis, mas sim, proporcionar felicidade às pessoas por meio desse alimento feito com muito amor por sua família. Muitos jovens aprenderam com ele o valor do trabalho e a postura profissional que devemos ter perante os clientes.

Roberto Toshinobu Koyama morreu a 18 de março de 2018, aos 75 anos, vítima de leucemia. Mas, a preocupação com a felicidade do próximo e com a família acima de tudo ainda vive nos seis filhos – todos continuam trabalhando na área de alimentação dando continuidade ao legado do pai.

Shudo Yasunaga (1957 – 2019)

Shudo Yasunaga, nascido em Promissão, no interior de São Paulo, chegou em Maringá em 1980. Cirurgião dentista, foi casado com Kazuyo Nakasato Yasunaga, com quem teve três filhos: Cristiane Naomi, Cristian Hideo e Robson Yukio.

Neto de japoneses, Shudo se destacou pelo trabalho junto à comunidade nipo-brasileira de Maringá. Participou ativamente de inúmeras instituições, sempre ocupando cargos de liderança. Foi presidente da Associação Cultural e Esportiva de Maringá (ACEMA), Diretor do Centro Kakogawa Maringá de Línguas Estrangeiras, Presidente da Igreja Nishi Honganji, Diretor Interno do Asilo Wajunkai, Presidente da Associação das Escolas de Língua Japonesa de Maringá (Aejam), Presidente do Kumamoto Kenjinkai de Maringá, Coordenador pela Acema no Festival Nipo Brasileiro, Conselheiro do Parque do Japão, entre outros.

Também se aventurou na vida pública, quando foi vereador de Maringá no mandato 1997-2000. Em 2008 foi nomeado Secretário Extraordinário do Imin 100 – o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. Na ocasião, foi o responsável por recepcionar o príncipe Naruhito, hoje Imperador do Japão, durante a inauguração do Parque do Japão. Entre 2009 a 2012 foi diretor da Secretaria de Desenvolvimento de Maringá.

“Procure dedicar alguns momentos da sua vida ao trabalho voluntário, seguindo a filosofia dos nossos antepassados, e passem para as próximas gerações os valores recebidos” – era o que Shudo sempre dizia aos jovens da comunidade japonesa.

Ele faleceu no dia 24 de dezembro de 2019, mas a dedicação, responsabilidade, trabalho e amor ao próximo que sempre demonstrou ao longo de toda a vida ficaram eternizados como um legado para as próximas gerações.

 

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