Taiko – 太鼓, uma paixão que reflete as batidas do coração

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O termo Taiko se refere ao tradicional tambor do Japão, formado por um corpo oco de madeira em formato de barril, cujas faces são cobertas por pele animal, principalmente de gado, e a sua prática. Teria sido introduzido no Japão através da influência cultural coreana e chinesa entre os anos de 300 a 900. Evidências arqueológicas sugerem que o taiko existia no Japão já no período Kofun, a era mais antiga da história registrada no Japão.

Em diversas partes do mundo, o tambor foi um dos primeiros instrumentos musicais. Sua utilização variou durante a história, tendo funções de comunicação, ação militar, acompanhamento teatral, cerimônia religiosa e apresentações em festivais. No passado, os comandantes da era bélica japonesa criaram o Jindaiko, tambor de guerra, no intuito de dar comandos de direcionamento para o exército, bem como elevar a moral de seus soldados através de toques potentes e estimulantes, e também iludir e afugentar os inimigos.

O instrumento foi utilizado, também, nas cerimônias e festividades religiosas. Acreditava-se que, após a abstinência e purificação, ao tocar o taiko com a alma, os deuses surgiam para atender os desejos do evocador. Em suma, era um precioso instrumento que possibilitava a comunicação entre os deuses e os seres humanos. Além disso, algumas linhagens religiosas consideravam o taiko como a morada dos deuses e das almas dos antepassados, razão pela qual o instrumento ficava em evidência não só pela sua preciosidade, mas também pela condição de objeto sagrado.

Com o passar do tempo o instrumento deixou de ser exclusivo do clero e da aristocracia e passou a ser difundido no seio da sociedade nipônica. É importante ressaltar que a apresentação de Taiko era feita com poucas pessoas. Somente após a 2ª Guerra Mundial o Kumidaiko, sistema múltiplo, foi criado. A partir de então, começaram a se desenvolver no Japão as apresentações com muitas pessoas e instrumentos variados.

A prática desta arte traz inúmeros benefícios como a melhoria do condicionamento físico, aumento da coordenação motora e desenvolvimento de valores como disciplina, respeito, trabalho em grupo e esforço. Além disso, possibilita o desenvolvimento da parte intelectual na medida que o praticante entra em contato com a teoria musical, a cultura japonesa e seu idioma.

 

MITOLOGIA – A Lenda do Taiko

Deusa Amaterasu e Deus Susanoo

Nihon Shoki, traduzido como Crônicas do Japão, é o segundo livro mais antigo sobre a história da terra do sol nascente. Nele consta um mito que atribui a origem do taiko aos deuses xintoístas, Ame no Uzume (deusa do riso e da farra), Amaterasu Ookami (deusa do Sol) e seu irmão, Susanoo no Mikoto (deus dos mares e das tempestades). Segundo a lenda, Susanoo repentinamente tornou-se nervoso e trouxe sua raiva do mar para a terra, que era cuidada por sua irmã, Amaterasu. Destruiu árvores, templos e os campos de arroz da deusa do Sol até a provocação final, em que esfolou um cavalo e jogou-o em uma tecelagem de Amaterasu enquanto ela tecia, após furar o teto da sala em que ela estava. Decepcionada pela violência do irmão, a deusa recolheu-se dentro de uma caverna e a selou com uma pedra, se recusando a sair e causando a escuridão no mundo. Os outros deuses se reuniram para tentar trazer Amaterasu para fora, pois sabiam que, sem o sol, a vida na Terra se deterioraria e morreria.

Deusa Ame no Uzume

Eles coletaram galos para cantarem, acenderam uma fogueira e penduraram joias e um gigantesco espelho. Com isso, iniciaram uma festa para atrair a deusa para fora da caverna, mas não tiveram sucesso. Finalmente, a antiga deusa Ame no Uzume, que tinha a aparência de uma velha senhora, deu um passo à frente e afirmou que poderia trazer Amaterasu para fora da caverna. Apesar de ser ridicularizada pelos outros deuses por sua aparência envelhecida, ela prosseguiu com seu plano. Ame no Uzume esvaziou um barril de saquê e pulou em cima do barril, pisando nele furiosamente para criar sons percussivos. Os deuses presentes riram tão ruidosamente dançando e cantando que despertaram a atenção de Amaterasu. Curiosa, a deusa do Sol espreitou para fora da caverna e, ao ver a cena alegre, trouxe a luz de volta para o mundo e baniu Susanoo. Desse modo, a música do Taiko teria surgido da performance de Ame no Uzume.

 

Wakadaiko 若太鼓

O Grupo Wakadaiko da Acema (Associação Cultural e Esportiva de Maringá) surgiu da necessidade de preservar a cultura japonesa ancestral com a participação dos jovens associados da entidade. O nome Wakadaiko deriva da junção de duas expressões japonesas: Waka = jovem e Daiko = tambor.

A integração dos jovens teve início em 1999 quando participaram do Obon-Odori, festa em homenagem aos antepassados, tocando taiko, no tradicional Festival Nipo Brasileiro que, antes da pandemia, costumava acontecer anualmente entre os meses de agosto a setembro na Acema. No Festival de 2002, houve pela primeira vez a participação feminina, e no mesmo ano também esteve presente nas festas de Obon-Odori nos municípios de Paranavaí e Marialva.

No dia 10 de novembro de 2002 houve a primeira apresentação como Grupo com a realização do show na cerimônia de encerramento do XIX Campeonato Brasileiro de Beisebol Infantil em Maringá. No dia 21 de fevereiro de 2003, foi reconhecido como o grupo de taiko da Acema, com o nome “Wakadaiko”, em um show do jantar do 31º Encontro de Professores da Língua Japonesa do Paraná. Naquele ano, o grupo fez apresentações não somente em Maringá, mas em outras cidades como Cambé, Paranavaí, Rolândia, Curitiba, e também em outros estados como São Paulo (Presidente Prudente), Santa Catarina (Joinville) e Mato Grosso do Sul (Campo Grande). Desde então, o grupo fez apresentações em eventos municipais tanto em Maringá quanto em outras cidades, assim como em eventos estaduais e nacionais, a exemplo da apresentação coletiva de 1000 tambores japoneses no Sambódromo em São Paulo para o Príncipe Naruhito em comemoração ao Imin 100 em 2008, entre outros.

O Grupo Wakadaiko identifica-se com o estilo Kawasuji Daiko que incorpora elementos tradicionais e contemporâneos da cultura do taiko. Atualmente o Grupo possui 40 integrantes e nas apresentações, objetiva-se mostrar os valores e a beleza da Cultura Japonesa.

O Grupo Wakadaiko acredita que o significado profundo da alma do taiko é “a confirmação da nossa vitalidade e do grito da nossa própria alma; o compartilhamento de sentimentos com os próximos; o estímulo e o encorajamento recíproco.”

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