O Festival Nipo-Brasileiro é um evento que faz parte do calendário cultural de Maringá há mais de 30 anos. Entre os stands comerciais que formam uma espécie de feirinha, as exposições da cultura japonesa e as apresentações artísticas como o taiko e o yosakoi soran, o setor mais visitado pelo público, sem dúvida, é a praça de alimentação. As cinco entidades que participam da feira movimentam uma legião de voluntários que preparam, com maestria, pratos típicos da culinária oriental, como yakisoba, sashimi, teppanyaki, tempurá e… Sorvete frito!
O tempurá de sorvete é um legítimo representante da fusion cuisine, que combina elementos de diferentes tradições culinárias criando um novo prato – ou seja, é o hibridismo cultural dentro da gastronomia. Maliko Arita, presidente do haha no kai – a associação de mães do Nishi Honganji – nos anos 90, recorda que o primeiro a apresentar a ideia de servir sorvete frito foi Deodato Yoshida, que durante anos foi o responsável por escrever o HD News, coluna nipo-brasileira que era publicada semanalmente no jornal O Diário do Norte do Paraná.
Apesar dos apelos de Deodato para que as mães investissem no preparo do prato, o tempurá de sorvete só ganhou a cena gastronômica maringaense em 2006, quando a família Takahashi se encantou com a sobremesa na Festa da Cerejeira de Apucarana e decidiu tentar replicar a receita. Mariko Takahashi e o filho dela, Shoiti, mobilizaram o seinen-kai (grupo de jovens) do Nishi e fizeram inúmeros testes até chegar na receita ideal. O sucesso foi tanto que, anos depois, o wakahato-kai (grupo das Pombas Brancas) da Seicho-no-ie, sob o comando da saudosa Angélica Inumaru, também criou uma versão da iguaria.
Mas como se frita sorvete? O segredo está no pré-preparo. A bola de sorvete deve ser enrolada numa massa e empanada com leite condensado e flocos de milho, e então congelada até endurecer. Depois é só fritar no óleo bem quente até dourar e servir com os confeitos e a decoração de sua preferência – a massa ficará crocante por fora sem permitir que o sorvete de dentro derreta durante a fritura.
Se você não conseguir replicar a receita em casa, não se preocupe! No próximo Festival Nipo-Brasileiro é só visitar as barracas do Nishi e da Seicho-no-ie e pedir a sobremesa!