Três corações e um único sonho: Olimpíadas de Tóquio

As Olimpíadas 2020 serão realizadas entre os dias 23 de julho e 8 de agosto de 2021 e os Jogos Paralímpicos vão acontecer logo em seguida, entre 24 de agosto e 5 de setembro, em Tóquio, no Japão.

         Considerados o maior evento esportivo do mundo, os Jogos Olímpicos ocorrem há mais de dois mil anos e tem como objetivo promover a competição sadia entre os povos de todo o planeta.

 

André Yamazaki Pereira, de atleta a treinador

O sonho de todo atleta é um dia poder representar seu país numa Olimpíada. André Yamazaki Pereira (28) nutria esse sonho desde os 12 anos quando foi atleta de natação. Sete anos depois, aos 19, sofreu uma lesão no ombro, mas como ama o esporte tomou a importante decisão de se encaixar no mundo da natação competitiva de outra forma, tornando-se treinador. Formou-se em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá, trabalhou como auxiliar técnico das equipes de treinamento e dos atletas do município e em 2015, aos 22 anos, assumiu as categorias de treinamento em natação competitiva da cidade. Atualmente é coordenador técnico de alto rendimento da Apan (Associação de Pais e Atletas da Natação de Maringa).

 

Débora Borges Carneiro e Beatriz Borges Carneiro,

as gêmeas da natação paralímpica

Gêmeas idênticas, filhas do cirurgião dentista Eraldo Volpato Carneiro e da advogada Vivalda Sueli Borges Carneiro, Débora e Beatriz nasceram prematuras, no dia 07 de maio de 1998, em Maringá, apresentando um quadro hiperglicêmico neonatal severo, baixo peso e estatura. Como foram prontamente tratadas, as meninas se desenvolveram normalmente nos primeiros anos de vida. No entanto, aos 5 anos, na pré-escola, começaram a surgir os primeiros sinais de atrasos na intelectualidade. Aos 11 anos, um fato marcou profundamente a vida de toda a família. Após lutar durante dois anos contra um câncer no pulmão, a mãe, Vivalda, veio a falecer e os cuidados e atitudes para com as meninas ficaram sob total responsabilidade do pai, Eraldo, que não poupou esforços para desvendar os problemas intelectuais das filhas. Aos 12 anos, após uma série de avaliações médicas, psicológicas e neurológicas, foi dado o diagnóstico definitivo: Deficiência Intelectual.

Academicamente, foram matriculadas em escolas pelo regime de inclusão social, concluíram as etapas do ensino fundamental e médio e ingressaram no curso de EAD de Gastronomia pelo Unicesumar a fim melhorar as condições de treinamento e vislumbrando a possibilidade de parceria e patrocínio.

Devido aos problemas no nascimento, a natação entrou em suas vidas na infância. As gêmeas frequentavam as piscinas desde pequenas, primeiro como uma forma de sobrevivência e depois como uma atividade recreativa e complementar. Em 2010 passaram a ter treinamentos com supervisão técnica em academia particular apenas com o objetivo de preencher a agenda com alguma atividade no contra turno escolar. No entanto, elas logo se destacaram apresentando um forte potencial competitivo.

 

Semelhante atrai semelhante

         Segundo a lei mental da atração dos semelhantes, quando emitimos a vibração de um desejo ardente, o Universo conspira para que surjam pessoas com a mesma vibração. Assim se deu o encontro do técnico André Yamazaki Pereira e as gêmeas Débora e Beatriz Borges Carneiro, em 2015. O esforço e dedicação das meninas aliados ao profundo conhecimento do treinador em diversas áreas, tais como biomecânica, fisiologia humana, equilíbrio entre esforço e recuperação, nutrição, psicologia do esporte resultaram na classificação para representar o Brasil nos Jogos Paralímpicos 2020, em Tóquio.

“As meninas estão muito bem. Em competições do estado, são as melhores nadadoras de peito, inclusive em nível competitivo convencional”, afirma Yamazaki.

Em 2015 elas não entravam nem entre as 20 melhores do ranking mundial, mas o comprometimento do trio garantiu o 3º e 4º lugar no ranking mundial, em 2021.

“O treino delas é intenso. Elas treinam muito, pois reconhecem a oportunidade que a natação lhes traz. Cinco vezes por semana fazem a preparação física na academia e seis vezes por semana, os treinamentos na água. Em alguns momentos, fazem até oito sessões na água por semana.”, diz o orgulhoso treinador.

A expectativa para as Paralimpíadas é alcançar o pódio e para isso estão buscando conseguir bater as melhores marcas de suas vidas.

O pai das gêmeas costuma dizer que divide a vida das filhas em duas situações: primeiro como ser humano e segundo como atleta. Como ser humano, ele se orgulha das meninas porque elas conseguiram vencer a deficiência e conquistaram seu espaço e reconhecimento na sociedade. Do ponto de vista do atleta, o orgulho é ainda maior, pois participar de um evento tão importante quanto uma Olimpíada é um grande feito para qualquer atleta e elas conseguiram. Venceram grandes desafios ao longo de suas vidas e tiveram garra, foco e determinação para ultrapassar grandes adversários a fim de conquistar a tão sonhada vaga.

Tóquio será a segunda experiência Paralímpica na vida da gêmea Beatriz, que em 2016 participou da Paralimpíada do Rio de Janeiro. “A ansiedade nunca muda, mesmo sendo minha 2ª vez. Estou com aquele frio na barriga e com uma grande expectativa de trazer uma medalha”, diz Beatriz.

Em maio de 2016, a gêmea Débora teve uma infecção que resultou numa cirurgia de apendicite e consequentemente no afastamento dos treinamentos. Por esse motivo não atingiu o índice esperado e acabou ficando fora das competições. Mas, graças ao seu empenho e foco ela conseguiu retornar e garantir a convocação para sua 1ª Paralimpíada. “Não vejo a hora de pegar meu voo e conhecer Tóquio. A piscina deve ser fantástica. Só penso nisso 24 horas. Acordo, escovo os dentes, penteio o cabelo, vou ao banheiro tudo pensando em Tóquio. As malas já estão prontas para vocês verem o quanto estou ansiosa e feliz. Estamos super mega preparadas!”, declara Débora transbordando de alegria.

 

André Yamazaki Pereira, o Yonsei que vai

representar os nipo-brasileiros em Tóquio

Todo nipo-brasileiro traz no seu interior um inexplicável amor pelo Japão, terra dos seus ancestrais. André nunca foi ao Japão e afirma que ter a oportunidade de representar o Brasil numa Olimpíada, no país que tem tudo a ver com sua família desperta um sentimento único de felicidade e motivação. Seu avô, hoje com 88 anos, está muito orgulhoso do neto.

A espiritualidade, típica dos orientais, tem ajudado muito no desenvolvimento do equilíbrio necessário para os treinos, principalmente em meio a pandemia que o mundo vive. Incentivado pela espiritualidade da mãe, Thelma Yamazaki Pereira, o jovem técnico fala da importância do sentimento de gratidão e da fé inabalável de que tudo que sonhamos podemos realizar.

Aos leitores ele deixa um recado: “Não desistam dos seus sonhos, eu estou vivendo o meu neste momento. Tenham gratidão a todos que os ajudaram durante a jornada e acreditem sempre que tudo o que vocês se comprometerem a fazer, vocês podem realizar.”

 

 

 

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