O mercado de escritórios no pós-pandemia

A adoção do home office não significa o fim dos escritórios ou do ambiente de trabalho físico; saiba por quê

mercado de escritórios

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O rápido avanço da pandemia do coronavírus obrigou empresas e lojas de todos os tamanhos a realizarem uma transição rápida e inesperada para o modelo de trabalho home office devido às medidas de isolamento social e proteger a saúde de seus funcionários. Muita gente foi obrigada a se ajustar à nova rotina de trabalho em casa e a pergunta que fica é: será que esse novo modelo de trabalho será mantido no longo prazo e trabalhar remotamente será o novo padrão? E, em caso afirmativo, como isso impacta no mercado imobiliário voltado a escritórios e salas comerciais?

É fato que o avanço tecnológico que experimentamos nas últimas décadas foi essencial para a adaptação ao trabalho online e a adoção massiva do home office. Claro que nem todo tipo de trabalho pode ser realizado remotamente, mas as equipes que migraram para este formato representam uma parcela expressiva dos profissionais que antes precisavam se deslocar até as empresas. Se antes da pandemia, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 3,8 milhões de brasileiros já trabalhavam em home office, agora esse número certamente é muito superior. O modelo de trabalho adotado antes principalmente por startups, lojas virtuais e freelancers, em poucos meses se tornou padrão para quase todo tipo de serviço que pode ser prestado online. Um levantamento feito pela empresa de consultoria BTA mostrou que o modelo de trabalho home office se tornou o padrão para ao menos 43% das empresas brasileiras e a tendência é que o trabalho remoto cresça cerca de 30% após a pandemia. Ao que tudo indica, essa é uma tendência que veio para ficar.

Um ano atrás, no início da pandemia, muito se discutia a devolução de escritórios e um novo mercado de trabalho à distância. No entanto, passados alguns meses, a maior parte das empresas que ocupam escritórios de alto padrão já retornaram gradualmente aos seus espaços físicos, conforme estudo divulgado pelo InfoMoney.  O levantamento mostra a retomada na ocupação dos escritórios empresariais de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Empresas que tiveram problemas financeiros mais graves e demitiram funcionários ou reduziram o tamanho do negócio por causa da crise devolveram seus imóveis empresariais no auge da crise, por não enxergarem outras soluções para cortar custos. O mercado se movimentou de maneira desequilibrada e sem parâmetros para seguir. No entanto, parte das empresas que devolveram seus escritórios não levaram em conta a possibilidade de que poderiam voltar a crescer em 2021 e podem encontrar dificuldade em reaver o espaço, principalmente em áreas muito concorridas.

A adoção do home office não significa o fim dos escritórios ou do ambiente de trabalho físico. Muitas empresas têm a intenção de manter o modelo híbrido daqui para a frente, sobretudo porque utilizam do espaço como local de criatividade entre suas equipes e como referência aos recém contratados, com pouca vivência profissional. No setor imobiliário, 45% das empresas de construção civil e arquitetura ouvidas por uma pesquisa realizada pela Brain Inteligência Estratégica pretendem manter o trabalho remoto como opção para seus colaboradores,  e 37% consideram a presença física no escritório em pelo menos 50% da jornada. Todas as empresas de tecnologia investem pesadamente em suas sedes porque entendem imprescindível a interação humana no ambiente de trabalho. As pessoas gostam de interagir e nenhuma tecnologia substitui a eficiência e eficácia da interação frente a frente. Por isso, os escritórios continuarão essenciais como a principal arena para a realização de negócios.

Outro fator que deve pesar para o retorno aos escritórios é a recente decisão do STF de que acidente doméstico é considerado acidente de trabalho em caso de home office – e a empresa é responsável pelo que acontece ao funcionário enquanto ele trabalha de casa. É claro que responsabilizar uma empresa por acidente de trabalho ou até mesmo doença ocupacional no trabalho em casa não é tarefa fácil – o acidente tem de ter relação com a tarefa profissional desempenhada, então não adianta dizer que caiu da escada enquanto trocava uma lâmpada se sua função é toda feita em frente ao computador. Mas ainda assim, que empresário é que vai querer se arriscar?

A maneira de trabalhar é algo que foi definitivamente impactado pela pandemia causada pelo novo coronavírus. É claro que o momento atual reforçou ainda mais essa necessidade de analisar profundamente o espaço pretendido e imaginar uma ocupação inteligente com a criação de layouts seguros e funcionais. As questões sanitárias de higiene já fazem parte da vida das pessoas e serão muito mais valorizadas e fiscalizadas nas empresas, o ambiente deve ser mais arejado, a demanda por espaço de armazenamento e logística deve crescer…

Se os escritórios foram penalizados no último ano por conta da adoção do home office e da crise, hoje o cenário já é mais otimista, com expectativa que nos próximos meses a situação sanitária e o ambiente de negócios melhorem.

Com a retomada da economia, as empresas pretendem voltar a contratar, crescer e ampliar seus espaços. Mas o fato é que para comportar a mesma quantidade de funcionários, hoje é preciso ter um espaço físico maior, a fim de cumprir as regras de segurança – o que cria uma maior demanda de espaço para acomodar com segurança os colaboradores. 

Por parte das proprietárias de imóveis, é preciso manter as medidas de redução do fluxo de pessoas nas áreas comuns e elevadores, seguir disponibilizando álcool em gel para os colaboradores e intensificar a limpeza com protocolos mais rígidos e constantes. Por parte dos locatários, a principal mudança no retorno deve ser o redesenho do layout do escritório para reduzir o adensamento. As pessoas ganharam maior consciência sobre a necessidade de distanciamento físico no trabalho e muitos dos layouts de altíssima densidade que existiam anteriormente não serão mais aceitáveis. O novo padrão deverá ficar ao redor de uma pessoa por 10 metros quadrados. Esta mudança nos layouts representa um crescimento de 40% na demanda por espaço em edifícios corporativos. A definição da política e da proporção ideal do trabalho remoto norteará a metragem, a localização e o tipo de imóvel ideal para cada organização, o que reflete diretamente nos custos e investimentos nos escritórios das empresas.

Para aqueles que pensam em investir nesse tipo de imóvel, lembre-se que indicadores como a Taxa Interna de Retorno, o preço de aquisição por metro quadrado, quais são os locatários e em quais segmentos atuam, estado de conservação dos imóveis… todos esses elementos precisam ser pesados. Tudo isso deve ser considerado pelo investidor e pelos gestores e esse investimento deve ser pensado também a longo prazo. 

Vamos pegar como exemplo o que está acontecendo aqui em Maringá: um empreendimento comercial de 56 mil metros quadrados está sendo construído. É a maior obra da história da nossa cidade em torre única! Tem muita coisa nova acontecendo nesse nicho do mercado e os índices estão indicando essa volta aos escritórios. Por isso, as construtoras que se adaptarem a essas medidas e colocarem o foco nas pessoas, e não apenas na localização ou no aproveitamento da sala, essas, sim, criarão excelentes empreendimentos comerciais. Os grandes empresários querem dar essa qualidade ao funcionário. 

Todos os setores da economia foram afetados pela pandemia, mas é certo que haverá uma recuperação do mercado e que o mundo não será como antes. O trabalho remoto veio para ficar, principalmente nas funções administrativas, mas não substitui a experiência de integração, pertencimento e colaboração que o escritório proporciona. O ser humano é um ser social.

 

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