Economia – As expectativas para a economia brasileira na virada para 2023 indicam sufoco para quem assumir o comando do país, isso a menos de três meses do primeiro turno das eleições. A previsão é de baixo crescimento, 0,6% ao ano, inflação de 8,8% corroendo o poder de compra da população e falta de sinais de melhora no nível de emprego formal e na renda familiar. A taxa de desemprego caiu para 9,8%, mas significa que 10,6 milhões de brasileiros seguem sem trabalho.
Produção – O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2022, com base nas informações de junho, atinge R$ 1,241 trilhão, 1,6% acima do obtido em 2021. As lavouras, com faturamento de R$ 875,50 bilhões, foram as principais responsáveis pelo crescimento do VBP, e apresentaram crescimento real de 5,2%. Sua participação no VBP é de 70,0%, e a pecuária 30%, registrando retração de 6,2%, e seu valor é de R$ 365,71 bilhões. Pode-se atribuir esta redução do valor da pecuária à queda dos preços internos que têm se mostrado acentuada, principalmente para suínos, bovinos e frangos. O melhor desempenho do VBP ocorreu em soja, milho, cana-de-açúcar, café e algodão.
Cana-de-açúcar – No acumulado da safra de cana-de-açúcar na região Centro-Sul até 1 de julho, a moagem totalizou 187,61 milhões de toneladas ante 212,42 milhões de toneladas registradas no mesmo período de 2021 – queda de 11,68%. Com isso foram produzidos 9,68 milhões de toneladas de açúcar, frente às 12,34 milhões de toneladas do ciclo anterior (-21,58%), 9,02 bilhões de litros de etanol (-7,17%), dos quais 5,80 bilhões consistem em etanol hidratado (-7,86%) e 3,22 bilhões em anidro (-5,89%).
Mais etanol – Isso significa que até o momento as usinas da região Centro-Sul deixaram de fabricar cerca de 1,22 milhão de toneladas de açúcar em prol do aumento da produção de etanol. Além disso, a oferta do produto a partir do milho tem tido crescimento robusto e já representa mais de 10% da produção total de álcool na safra, somando no acumulado da safra a produção de 961,76 milhões de litros – avanço de 33,27%.
No Paraná – Com 28% de cana esmagado do total previsto para a safra 2022/23, 31,068 milhões de toneladas, a colheita nas usinas do Paraná vem ocorrendo ainda em ritmo mais lento, apesar de o período, de clima mais seco, ser favorável para a operação. A safra já deveria estar bem mais adiantada. Houve um atraso no início da colheita de cerca de 45 dias devido à prolongada estiagem e às fortes geadas do ano passado, e o atraso no desenvolvimento e maturação da cana levou as usinas a diminuírem o ritmo de colheita, comentou o presidente da Alcopar, Miguel Tranin.
Moagem lenta – No acumulado desta safra no Paraná, a moagem de cana é de 8,766 milhões de toneladas, comparada com a produção da safra anterior de 12,514 milhões de toneladas, representa uma moagem 30% menor. A produção de açúcar no acumulado da safra até o dia 1 de julho é de 505,305 mil toneladas, 44,1% a menos que na mesma data no ano passado, quando já tinham sido processadas 903,676 mil toneladas. No caso do etanol, foram industrializados até o período 287,559 milhões de litros, 34,8% a menos (440,811 milhões), sendo 138,218 milhões de litros de anidro, 22,1% a menos (177,329 milhões) e 149,341 milhões de litros de hidratado, 43,3% a menos (263,482 milhões).
Registro – Proprietários de tratores e máquinas agrícolas de todo Brasil, que transitam em via pública, têm até outubro deste ano para cadastrar seus veículos junto ao Registro Nacional de Tratores e Máquinas Agrícolas (Renagro). O objetivo é aumentar a segurança em relação a furtos, roubos e outras ocorrências envolvendo esse tipo de maquinário. É obrigatório que o proprietário esteja de posse desse documento quando o veículo estiver transitando em via pública. No caso de maquinário que não transite em via pública ou que tenha sido fabricado antes de 2016, o registro é opcional.
Alimentos – Segundo a FAO, os preços mundiais dos alimentos tiveram retração nos últimos três meses, mas isso não traz ainda alívio aos consumidores. Mesmo com a queda, os alimentos terminaram o primeiro semestre deste ano com alta média de 23%, em relação ao patamar de junho do ano passado. Em alguns casos, como o do trigo, a alta foi ainda maior, 48%. Por outro lado, uma queda de preços das commodities, em um período em que os custos vêm registrando forte aceleração, preocupa os produtores. Os novos preços dos fertilizantes carregaram um custo de 50% a 70% para os produtores de soja. Já os dos defensivos agrícolas aumentaram 25% sobre os da safra anterior e os custos operacionais deverão superar em 50%.
Café – Com a colheita de uma safra abaixo do potencial em 2022, o Brasil deve ter um aumento na produção de café em 2023, mas um alívio para os estoques apertados só deve ser sentido a partir de 2024. A Conab reduziu a previsão para a safra nacional de 2022 a 53,4 milhões de sacas, com a colheita de arábica sentindo os efeitos de geadas e seca de 2021. Como o país tem exportado 40 milhões de sacas ao ano e a demanda brasileira se aproxima de 22 milhões de sacas, isso resulta na redução de estoques. Mesmo com uma boa oferta em 2023, considerando safra de 65 milhões de sacas, com os volumes de exportação e consumo atuais, qualquer problema como falta de chuvas na florada (para 2023) ou qualquer evento climático negativo, pode novamente significar oferta justa na próxima safra.