Plano Safra – O Governo Federal lançou o Plano Safra 2022/23, com R$ 340,88 bilhões para apoiar a produção agropecuária nacional até junho do próximo ano, aumento de 36% em relação ao anterior, um percentual elevado, mas apertado para cobrir os fortes reajustes dos insumos ocorridos no setor nos dois últimos anos. Do total de recursos disponibilizados, R$ 246,28 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização, alta de 39%. Outros R$ 94,6 bilhões serão para investimentos (+29%). Os recursos com juros controlados somam R$ 195,7 bilhões (alta de 18%) e com juros livres R$ 145,18 bilhões (alta de 69%). O montante de recursos equalizados cresceu 31%, chegando a R$ 115,8 bilhões na próxima safra.
Prioridades – O Plano Safra prioriza a agricultura familiar, os pequenos e médios produtores, com aumento da disponibilidade de recursos de custeio e taxas de juros favoráveis, além das linhas de crédito para a sustentabilidade ambiental e a ampliação do armazenamento nas propriedades rurais. Serão destinados R$ 53,61 bilhões para financiamento pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), um acréscimo de 36%, com juros de 5% a 6% ao ano. Para o médio produtor, no âmbito do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), foram disponibilizados R$ 43,75 bilhões, um aumento de 28%, com juros de 8% ao ano. Para os demais produtores e cooperativas, o total disponibilizado chega a R$ 243,4 bilhões, com taxas de juros de 12% ao ano.
Sustentabilidade- O Programa ABC, que financia a recuperação de áreas e de pastagens degradadas, a implantação de sistemas de integração lavoura-pecuária-florestas e a adoção de práticas conservacionistas de uso, manejo e proteção dos recursos naturais, contará com R$ 6,19 bilhões. As taxas de juros serão de 7% ao ano para ações de recomposição de reserva legal e áreas de proteção permanente e de 8,5% para as demais. Além do Programa ABC, o Plano Safra prevê o incentivo à utilização de fontes de energia renovável. Outra novidade é o financiamento de remineralizadores de solo (pó de rocha), que tem o potencial de reduzir a dependência dos fertilizantes importados. Também será mantida a priorização do programa Proirriga, que contempla o financiamento de todos os itens inerentes aos sistemas de irrigação.
Inovação – Por meio de programas como o Inovagro, o Plano Safra disponibiliza R$ 3,51 bilhões para o incentivo à inovação tecnológica e para investimentos necessários para a adoção de boas práticas agropecuárias e de gestão da propriedade. Entre os financiamentos previstos estão os investimentos relacionados a sistemas de conectividade no campo, softwares e licenças para gestão, monitoramento ou automação das atividades produtivas, além de sistemas para geração e distribuição de energia produzida a partir de fontes renováveis. O Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), que financia investimentos necessários à ampliação e à construção de novos armazéns, terá R$ 5,13 bilhões.
Seguro Rural – No seguro rural, a expectativa é atingir um montante de R$ 2 bilhões em 2023. A partir do próximo ano, o valor de subvenção nas regiões Norte e Nordeste será de 30% no caso de plantio da soja e de 45% para as demais culturas. No caso de produtores que aderirem ao Programa ABC, os valores serão de 25% para soja e 45% para as demais.
Fertilizante – Uma parceria entre instituições brasileiras e uma alemã (Embrapa Instrumentação, Universidade Federal de São Carlos, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina e o instituto alemão Forschungszentrum Jülich) resultou no desenvolvimento de uma nova classe de fertilizantes multifuncionais. Os pesquisadores conseguiram criar um material único, à base de enxofre, rejeito da indústria do petróleo, para liberação controlada de uma fonte de fosfato oriundo de resíduos urbanos, a estrutiva. O fertilizante inteligente e ecológico, de liberação lenta, foi capaz de aumentar a biomassa da soja, comparado a sistemas convencionais de adubação fosfatada, com até 3 e 10 vezes mais massa de parte aérea e raiz, respectivamente.
Exportações – Nos cinco primeiros meses de 2022, as exportações brasileiras do agronegócio somaram US$ 63,62 bilhões (+29,0%), valor histórico para o período. Os cinco maiores setores exportadores do agronegócio foram: complexo soja (53,9% de participação); carnes (14,8%); produtos florestais (10,4%); complexo sucroalcooleiro (4,4%); e café (4,2%).
Milho – A produção de milho segunda safra do Brasil deve alcançar o recorde de 91,25 milhões de toneladas em 2021/22, segundo a consultoria Datagro, alta de 45% sobre a temporada passada, que foi atingida fortemente por seca e geadas. Com isso, a produção total seria de uma máxima histórica de 116,10 milhões de toneladas.
Antecipação – Com foco na cultura de milho, safra de inverno de 2023, a Cocamar vem promovendo uma ação comercial que se desenvolve em duas frentes: de um lado, a antecipação das aquisições de insumos para aquele período, no formato mais comumente adotado pela cooperativa; e, de outro, a troca de insumos por milho em grão no mercado futuro, atendendo produtores que optam por esse modelo de negócio. Já foram realizados mais de R$ 200 milhões em negócios para a safra de milho de inverno de 2023, o que demonstra a preocupação do produtor. O cenário é de incertezas e o risco para quem não se antecipar pode ser um custo mais alto quando tomar a decisão de adquirir os insumos, além de não encontrar os produtos que deseja.
Soja – Mesmo com custos mais elevados, a expectativa da próxima safra de soja é de rentabilidade ainda positiva. Por isso, os agricultores do Brasil, maior produtor e exportador de soja no mundo, devem ampliar a área de plantio da oleaginosa em torno de 3% na safra 2022/23, que começa a ser semeada a partir de setembro, atingindo o recorde de 42,2 milhões de hectares. A projeção preliminar dos especialistas aponta para uma safra histórica de 147,9 milhões de toneladas, mas nas perspectivas mais otimistas há quem veja possibilidade de a produção superar 150 milhões.
Potencial – Produção e produtividade na soja ainda estão longe do potencial. Se os produtores estivessem utilizando melhor o conhecimento sobre as culturas que semeiam e aderindo a boas práticas e inovação, a produção brasileira de grãos poderia ser bem maior, conforme dados de entidades voltadas à busca de maiores produtividades nas lavouras, com base em transferências de tecnologias e sustentabilidade na produção. Tomando como base o rendimento de produtividade dos maiores produtores de soja das cinco regiões, a produção nacional, na área atual de 41 milhões de hectares, poderia atingir 277 milhões de toneladas.
As previsões iniciais para a safra 2021/22 indicavam, entretanto, 145 milhões, volume não atingido devido à adversidades climáticas ocorridas no período.
MIP – O manejo integrado de pragas (MIP) pode reduzir em 50% aplicação de inseticidas. Na safra 2019/20, enquanto a média de aplicação de inseticidas em lavouras de soja no Paraná foi de 3,9, as áreas que adotaram o MIP fizeram apenas 1,9 aplicações, em média. A Embrapa, em parceira com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), desenvolve, desde a safra 2013/2014, um trabalho em diversas áreas agrícolas do Paraná para estimular a adoção do boas práticas agrícolas, o que inclui a adoção do MIP.
Cana-de-açúcar – A moagem de cana-de-açúcar na primeira quinzena de junho no acumulado da safra, na região Centro-Sul atingiu 145,72 milhões de toneladas ante 166,94 milhões de toneladas registradas no mesmo período de 2021 – queda de 12,71% devido a condições climáticas adversas, que afetaram principalmente os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. Desde o início da safra 2022/23 foram fabricadas 7,19 milhões de toneladas de açúcar, frente às 9,42 milhões de toneladas do ciclo anterior (-23,64%) e 7 bilhões de litros de etanol (-8,05%), dos quais 4,64 bilhões consistem em etanol hidratado (-8,14%) e 2,36 bilhões em anidro (-7,89%). Do total de biocombustível fabricado, a produção a partir do milho atingiu 772,92 milhões de litros – avanço de 29,59% na comparação com igual período do ano passado.