Chuvas trazem alívio ao setor sucroenergético

Cenário de bons preços para etanol e açúcar gera expectativas de recuperação, mas alta nos custos de produção preocupa

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As chuvas abundantes que ocorrem em todo o Estado trouxeram alívio e tranquilidade aos produtores de cana-de-açúcar. Apesar de sofrerem menos do que as culturas anuais com a falta de chuva, as lavouras de cana vinham sentindo muito o longo período de estiagem, fenômeno que tem ocorrido de forma sucessiva nos últimos três anos, afetando o desenvolvimento e o rendimento da cultura.

“Os diretores das usinas já estavam preocupados com um possível atraso no início da próxima colheita porque, sem chuva, o desenvolvimento dos canaviais estava bastante atrasado. As chuvas vieram trazer tranquilidade para o setor. Não adianta muito para esta safra, que está praticamente finalizada e as perdas caracterizadas, mas ajuda na recuperação do canavial para a próxima safra”, comenta Miguel Tranin, presidente da Alcopar.

Com mais de 80% da cana disponível para a safra 2021/22 no Paraná já esmagados, a colheita avança para sua etapa final. Segundo o presidente da Alcopar, a maior parte das unidades industriais do estado deve encerrar os trabalhos entre o final de outubro e início de novembro. Se não fosse as chuvas ocorridas nos últimos dias, que praticamente paralisaram as indústrias, a colheita encerraria antes. Normalmente, a moagem de cana avança até praticamente o final do ano. Nos últimos anos, entretanto, por causa da sequência de estiagens que aceleram a colheita e reduzem o volume de matéria prima disponível, a colheita tem se encerrado mais cedo.

A moagem de cana realizada pelas Unidades Produtoras no Estado do Paraná, no acumulado da safra 2021/22 até o dia 1 de outubro, foi de 25,857 milhões de toneladas. Comparando com as 27,539 milhões de toneladas registradas no mesmo período do ano safra 2020/21, a redução foi de 6,1%.

A expectativa da Alcopar é de que sejam esmagadas 31,465 milhões de toneladas de cana. As estimativas iniciais, que eram de 34,8 milhões de toneladas de cana, foram revisadas reduzindo a produção no Estado em quase 10% em relação aos números do período anterior, com queda na produção de açúcar e etanol na mesma proporção. “As perdas efetivas com as geadas só serão contabilizadas melhor no final da safra”, afirma Tranin.

A quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana, também no acumulado da safra 2021/22 até 1 de outubro ficou 0,6% acima do valor observado na safra 2020/21, totalizando 139,77 kg de ATR/t de cana, contra 139,01 kg ATR observados na safra passada.

Até 1 de outubro, 56,16% da cana disponível foram destinados à produção de açúcar, 2,4% a menos que no mesmo período da safra passada. Ao todo foram industrializadas 1,957 milhão de toneladas de açúcar, 7,8% a menos que as 2,124 milhões de toneladas processadas até 1 de outubro de 2020. A expectativa é fechar a safra com 2,322 milhões de toneladas do adoçante produzidas.

Segundo o presidente da Alcopar, o etanol anidro, que é misturado à gasolina, continua tendo a preferência na produção das usinas paranaenses, tanto por se mostrar mais vantajoso economicamente como para atender a política que prevê a mistura de 27% do biocombustível na gasolina C, ante a previsão de quebra de safra de cana com a estiagem e as geadas, cenário que se repete em todo o Centro-Sul do país. “Não deve faltar etanol anidro para atender a demanda. Como sempre tem feito, o setor tem se empenhado em garantir o abastecimento”, afirma Tranin.

Do volume de etanol total produzido até 1 de outubro no Paraná, 908,29 milhões de litros, 2,7% a menos do que no mesmo período do ano passado (933,69 milhões de litros), cerca de 435,45 milhões de litros foram de anidro, 9,9% a mais do que a quantidade produzida na mesma época da safra anterior, 396,15 milhões de litros. Já a produção de etanol hidratado até a data, 472,84 milhões de litros, é 12% menor que o da safra passada até 1 de outubro, 537,55 milhões de litros. “A produção de etanol hidratado normalmente é bem superior a do anidro. Este ano, entretanto, os volumes produzidos estão bem próximos”, comenta o presidente da Alcopar.

Depois de vários anos de baixos preços de açúcar e etanol, que resultaram em uma crise sem precedentes para o setor, com o fechamento de dezenas de usinas e o endividamento de outro tanto, o setor começa um novo ciclo positivo, com preços melhores e maior rentabilidade ao setor. “Acredito que teremos um período de bons preços para o açúcar, o etanol e a energia da biomassa. Além de quebras sucessivas de safra de açúcar no Brasil e em outros importantes países produtores, temos os preços do petróleo em alta no mundo todo, além do custo da energia, frente a crise energética existente no Brasil e no mundo”, diz Tranin.

O presidente da Alcopar ressalta, entretanto, a preocupação com a falta de insumos agrícolas e a explosão nos preços de vários produtos, que aumentou consideravelmente os custos de produção. “A alta foi assustadora e isso tem gerado preocupação para produtores e indústrias. Também, com o aumento das commodities, houve uma grande valorização das terras e, consequentemente, dos custos de arrendamento, quase dobrando em algumas regiões e tudo isso impacta fortemente nos custos de produção e na rentabilidade do setor. Temos um cenário de bons preços, mas os custos em alta preocupam muito”, finaliza Tranin.

 

Destaques da semana

CENTRO-SUL – Desde o início do ciclo 2021/22 até 1 de outubro, a moagem de cana pelas unidades produtoras do Centro-Sul acumula queda de 6,86%. Nesse período, a quantidade de cana-de-açúcar processada pelas usinas atingiu 467,44 milhões de toneladas, ante 501,88 milhões de toneladas na mesma data do último ciclo agrícola. Com relação a produção de açúcar, no acumulado da safra, alcançou 29,19 milhões de toneladas, contra 32,06 milhões de toneladas verificadas em igual período do ciclo 2020/2021. A fabricação acumulada de etanol totalizou 22,79 bilhões de litros, sendo 8,9 bilhões de litros de etanol anidro (+24,43%) e 13,89 bilhões de litros de etanol hidratado (-15,37%). Do total fabricado, 1,63 bilhão de litros do biocombustível foram produzidos a partir do milho.

ICMS – A Câmara dos Deputados aprovou o projeto que muda a regra sobre o ICMS de combustíveis e prevê que o tributo seja aplicado sobre o valor médio dos últimos dois anos para baratear o preço da gasolina. Os deputados rejeitaram os destaques, que são tentativas de alteração de pontos específicos do projeto. Agora, a proposta segue para o Senado. Governadores argumentam que não elevaram as alíquotas do ICMS na atual gestão e que a inflação dos combustíveis se deve ao câmbio e à elevação no valor do barril de petróleo internacionalmente. Hoje, o ICMS é calculado com base em um preço de referência, conhecido como PMPF (preço médio ponderado ao consumidor final), revisto a cada 15 dias de acordo com pesquisa de preços nos postos. Sobre esse valor, são aplicadas as alíquotas de cada combustível.

OMC – O Brasil conseguiu uma vitória contra a Índia na disputa do açúcar na Organização Mundial do Comércio. Esse contencioso tem impacto no mercado internacional da commodity e no posicionamento dos dois maiores produtores nesse mercado. O confronto envolve subsídios à exportação e apoio doméstico, na forma de preços mínimos aos produtores indianos. Quando o Brasil levou o caso à OMC, o Itamaraty calculou que a “turbinação” indiana causava queda nos preços internacionais e prejuízos de pelo menos US$ 1,3 bilhão por ano a produtores brasileiros. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de açúcar. A Índia é o segundo maior produtor e, com a ajuda de subsídios, tornou-se o terceiro maior exportador.

EXPORTAÇÃO – A China estabeleceu a cota de importação de açúcar para 2022 em 1,945 milhão de toneladas, inalterada em relação ao ano anterior. Os volumes das cotas são avaliados com uma tarifa de importação mais baixa e, de acordo com um comunicado no site do Ministério do Comércio do país, 70% da cota será destinada a empresas estatais.

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