Conab estima safra de grãos em 310,6 milhões de toneladas com ganhos de produtividade no Centro-Oeste

Mesmo com o clima adverso registrado durante o desenvolvimento da primeira safra, principalmente no Rio Grande do Sul, a produção de grãos para o ciclo 2022/23 está estimada em 310,6 milhões de toneladas. A nova projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada nesta quarta-feira (8) durante o 5º Levantamento da Safra de Grãos 2022/23, sinaliza um incremento de 38,2 milhões de toneladas em relação à temporada anterior. Quando a comparação é realizada com o volume divulgado no mês passado, o resultado é um leve ajuste de 0,1%. “O início da colheita de milho e soja no estado gaúcho confirmam as previsões de queda de produtividade acentuada devido às baixas precipitações ocorridas durante o ciclo da cultura no estado. Por outro lado, o desempenho das lavouras no Centro-Oeste foi beneficiado pelo clima favorável. Em Mato Grosso as produtividades obtidas para a soja, por exemplo, têm sido superiores às previstas”, explica o presidente da Companhia, Guilherme Ribeiro.

Principal grão cultivado, a oleaginosa deve atingir uma produção de aproximadamente 152,9 milhões de toneladas. O plantio foi praticamente finalizado e a colheita da safra 2022/23 teve seu início em várias regiões do país. Porém, o ritmo ainda é lento com apenas 8,9% da área colhida em todo o Brasil, atrás dos 16,8% registrados na safra passada, conforme indica o Progresso de Safra publicado nesta semana pela Conab. “Mato Grosso lidera o avanço, com 25,6% de sua área colhida. No entanto, as chuvas volumosas registradas causaram atrasos nos trabalhos de colheita se comparados com a última safra, que na mesma época contava índice de 42,1%. Além do intenso volume das precipitações em importantes áreas produtoras, há registro de alongamento do ciclo da cultura em virtude de ondas de frio”, pondera a superintendente de Informações da Agropecuária da estatal, Candice Romero Santos.

As chuvas também atrasam o início do plantio do milho 2ª safra, registrando apenas 10,7% de área plantada. Ainda assim, a Conab espera um aumento tanto na área quanto na produtividade, o que deve resultar numa colheita na 2ª safra de 95 milhões de toneladas, variação positiva de 10,6%. Já na 1ª safra do cereal, o incremento estimado na produção é de 5,7% em relação ao volume obtido na safra 2021/22, podendo chegar a 26,5 milhões de toneladas. Os ganhos só não são maiores em virtude dos problemas climáticos do Rio Grande do Sul.

Demais culturas – De acordo com o 5º Levantamento, a produtividade obtida nas lavouras de feijão 1ª safra compensou a menor área cultivada e a produção dos três tipos da leguminosa está estimada em 994,2 mil toneladas. O plantio da 2ª safra do grão já teve início nos estados de Santa Catarina e Paraná, e a semeadura da 3ª deve ter início no final de abril. Com isso, a produção total de feijão deve se manter estável em relação ao ciclo passado, próximo a 3 milhões de toneladas. Já no caso do arroz, a colheita está estimada em 10,2 milhões de toneladas. O ajuste no volume se deve aos impactos do clima nas lavouras gaúchas, que refletiram na produtividade da cultura.

Para o algodão, a estimativa é de uma produção de 3 milhões de toneladas apenas da pluma, elevação de 19,2%. Se confirmado o resultado, a colheita retorna ao patamar de volume produzido antes do período da pandemia. No caso do trigo, houve ajuste na produção da safra de 2022 após a conclusão do levantamento objetivo de produtividade da cultura. A nova estimativa para a colheita do cereal é de 10,6 milhões de toneladas, crescimento de 37,4% em relação à safra de 2021.

Mercado – De acordo com o acompanhamento de mercado da Companhia, as exportações de milho na safra 2021/22 foram recordes e finalizaram em aproximadamente 47 milhões de toneladas. Com relação aos dados da temporada 2022/23, os estoques iniciais foram ajustados para um volume em torno de 7,9 milhões de toneladas com base na atualização dos números de produção de carnes do IBGE, visto que possuem influência significativa na demanda nacional do cereal. Para a soja, as estimativas permanecem relativamente estáveis em relação ao último levantamento. A atualização no quadro de suprimentos da oleaginosa ocorre nos estoques finais esperados para o atual ciclo, com uma pequena elevação de 130 mil toneladas motivada pela revisão na estimativa de colheita do grão. A Conab também aumentou os estoques finais de trigo para 1,58 milhão de toneladas, após o reajuste no volume colhido na última safra.

No caso do feijão, os estoques de passagem da safra 2022/23 estão projetados em 306,4 mil toneladas. Para o arroz, estima-se uma redução do consumo nacional para 10,6 milhões de toneladas na atual safra, contra 10,8 milhões de toneladas no ciclo passado, em razão da perspectiva de recuperação econômica.

Sair da versão mobile