Homenagem a quem semeia desenvolvimento

O papel do engenheiro agrônomo foi decisivo para os avanços e conquistas do Brasil no agronegócio, um dos pilares da economia brasileira

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O setor agropecuário é um dos pilares da economia brasileira impulsionando o desenvolvimento do país, movimentando as exportações, gerando divisas, emprego e renda, além de garantir a segurança alimentar da população.

Nas últimas décadas, o Brasil experimentou uma profunda transformação em sua agricultura, passando de importador de produtos básicos à dieta alimentar da população brasileira, para um país que atende suas demandas internas de alimentos e ainda exporta volumes recordes de produtos agrícolas, como o complexo soja (grãos, farelo e óleo), milho, algodão, açúcar, etanol, café, suco de laranja, frutas, celulose e carnes (bovina, suína e de aves), sendo visto como o celeiro do mundo. É um dos principais produtores e exportadores do mundo utilizando apenas 7,6% de seu território com o agronegócio.

Foi através do desenvolvimento de pesquisas dentro da Embrapa e Iapar e de seus conhecimentos e habilidades repassados aos produtores que foi possível aumentar a produtividade das lavouras. Especialmente ao longo dos últimos quarenta anos, com a introdução de técnicas modernas de produção, houve um salto na produtividade média dos principais produtos, maximizando os resultados da agricultura e da pecuária.

“Hoje somos reconhecidos mundialmente pela capacidade de produção que colocou o Brasil como um dos que utilizam as mais modernas tecnologias na produção de alimentos. Todos olham o Brasil e o valorizam pelo grande potencial de produção graças a pesquisadores, engenheiros agrônomos que desenvolvem genética de alta produtividade, aos mestres nas universidades que transmitem conhecimento com ética, e ao profissional que leva seu conhecimento até o produtor rural”, afirma Paulo Roberto Milagres, responsável local em Maringá pelo Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR) e pela Feira do Produtor, além de presidente da Associação Maringaense dos Engenheiros Agrônomos (Amea), entidade criada há 52 anos e que conta com mais de 400 engenheiros agrônomos cadastrados.

“Em um mundo em que a população cresce ano após ano, em que devemos chegar a 9 bilhões de habitantes em 2050, produzir alimentos se torna algo ainda mais desafiador. E em todo este contexto, o engenheiro agrônomo é o profissional mais apto na orientação de técnicas que possam contribuir com um dos objetivos profissionais mais nobres da nossa história: o de alimentar o mundo”, comenta Nilson Cardoso, engenheiro agrônomo e diretor Institucional da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná

Para o engenheiro agrônomo e gerente Técnico Executivo da Cocamar, Renato Watanabe, foi o trabalho do engenheiro agrônomo que permitiu a abertura de frentes importantes para o agronegócio, atuando no desenvolvimento de novas tecnologias para a agricultura tropical ou como extensionista, fazendo chegar esse conhecimento ao produtor rural. “O agrônomo foi fundamental para o aumento de produtividade das diversas culturas, por recuperar e introduzir áreas degradadas no processo produtivo, e proteger o ambiente, aumentando a produção sem o aumento da área de plantio e com uso racional dos insumos”, ressalta.

Watanabe lembra projetos encabeçados pela Cocamar que transformaram ou vêm transformando a economia dos municípios onde a cooperativa atua e que só foram viabilizados graças a figura do engenheiro agrônomo, como o de plantio direto e conservação, evitando a perda de fertilidade do solo e assoreamento dos rios, plantio de milho safrinha no inverno e consórcio de milho com braquiária, plantio de soja no arenito, integração lavoura e pecuária, ILPF, canola, laranja, cuidados com o solo não só no aspecto químico, mas também físico e biológico, pulses e outras formas de plantio consorciado, entre outros. A Cocamar conta com 120 engenheiros agrônomos e mais 10 a 15 trainees por ano em sua área de ação nas regiões norte e noroeste do Paraná, oeste de São Paulo e sul do Mato Grosso do Sul

Formado há 43 anos em Agronomia, Osvaldo Danhoni, ex-presidente interino do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e atual conselheiro, conta que quando começou a trabalhar era difícil um produtor que produzisse 80 sacas de soja por alqueire. “Hoje, é fácil ultrapassar as 150 sacas e muitos tem superado até mesmo as 200 sacas por alqueire. Isso, em grande parte, é resultado do trabalho do engenheiro agrônomo que tem sido o responsável por desenvolver e introduzir esses novos conhecimentos com um olhar cada vez mais apurado para a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente. Sem o agrônomo o produtor teria dificuldade de acompanhar esses avanços tecnológicos”, diz, O CREA no Paraná tem mais de 18,9 mil engenheiros agrônomos registrados.

“Integramos diferentes cadeias produtivas essenciais para a manutenção da competitividade do agronegócio paranaense. E são eles que levam as tecnologias para o campo da melhor forma possível para que tenhamos resultados sustentáveis no médio e longo prazo”, acrescenta Danhoni.

“A agricultura sem assistência técnica é de subsistência. Não consigo enxergar a agricultura moderna sem o profissional de agronomia inserido no sistema”, enfatiza André Carlos Garcia Vilhegas, presidente da Unicampo Cooperativa de Trabalho dos Profissionais de Agronomia, que atua em todo Brasil.

“Os novos tempos trouxeram facilidades de acesso ao crédito, contudo, o crédito rural deve andar junto à assistência, acreditamos que sejam inseparáveis. Apenas o crédito rural pouco auxilia o produtor. Se considerarmos uma região pobre onde as cooperativas não atuam, e facilitarmos o acesso ao crédito rural sem assistência técnica, em pouco tempo esta região poderá estar ainda pobre e, agora, com produtores rurais endividados. Mas, se conciliarmos o crédito à assistência técnica de qualidade, isso mudará a realidade da região”, acrescenta Luciano Ferreira Lopes, diretor vice-presidente da Unicampo.

As transformações pelas quais passa a agricultura brasileira, a incorporação de conhecimentos técnicos, aliados ao que vem sendo chamado de revolução 4.0, está promovendo uma mudança sem precedentes no trabalho desenvolvido pelo engenheiro agrônomo no Brasil e o profissional precisa estar atento à essas transformações, para que possa atender de forma eficiente e eficaz a todas as demandas que lhe chegam. Atualmente, o consumidor não consome somente o que lhe é ofertado, ele é seletivo, tem exigências e é preciso ficar atento a isso.

“Os profissionais têm sido cada vez mais exigidos. O mercado busca por engenheiros com talentos multidisciplinares e atentos às principais novidades que surgem frequentemente na área”, afirma Nilson Cardoso. Essa é também a opinião de Renato Watanabe. “Precisamos cada vez mais de profissionais multifuncionais, com conhecimento em várias áreas como agropecuária, que tem uma boa visão sobre gestão, sobre perspectivas de cenário de médio e longo prazo, além de visão estratégica e estar atento às evoluções tecnológicas, as ferramentas digitais, agricultura de precisão, estações meteorológicas, uso de drones com aplicativos e diagnósticos e tudo mais”, enfatiza.

Por isso a necessidade de atualização constante, comenta Paulo Milagres. “Qualquer um que quiser ficar no campo, tem que se aprimorar para saber lidar com alta tecnologia. Vemos profissionais cada vez mais capacitados, com um aprendizado que não se limita a academia. O agrônomo também aprende muito com a experiência do produtor, na universidade da vida”.

Com dois filhos também cursando Agronomia, Paulo Milagres ressalta ter orgulho do que faz. “O agrônomo é tão essencial quanto os profissionais da saúde porque uma boa alimentação é a base de uma vida saudável e é o agrônomo que repassa conhecimentos técnicos ao produtor para garantir uma boa produção de alimentos saudáveis. É um trabalho que dignifica. Você enfrenta tudo: poeira, sol, calor, chuva, barro, mas no final do dia tem a sensação de dever cumprido”.

“A profissão do engenheiro agrônomo é uma grande missão, é uma atividade fundamental na sociedade, pois é ele o responsável pelo manejo das mais diferentes culturas e por planejar o cultivo com vistas a garantir uma produção cada vez mais sustentável e rentável no campo”, resume Nilson Cardoso.

As áreas da Agronomia para a atuação profissional são bem vastas, e crescem a cada dia, juntamente com a adesão da tecnologia no campo e a necessidade de soluções inteligentes para o meio ambiente e também para a sociedade, estando presente nos principais setores da economia. Os agrônomos atuam na pesquisa, na assistência técnica, no ensino, na indústria de insumos, de alimentos, na gestão de empresas agropecuária, em entidades de classe, em diversos órgãos do poder público no âmbito federal, estadual e municipal, na gestão rural, vigilância sanitária, em organizações não governamentais, cooperativas, na prestação de serviços de consultoria, assessoria em construções rurais, serviços como vistoria e laudos de perícia, crédito rural, sustentabilidade ambiental, agroindústria, em empresas de planejamento, revendas e muito mais,

O curso de Agronomia foi somente oficializado no mundo em 1848 com a fundação do Instituto Nacional Agronômico de Versailles, na França. No entanto, a primeira escola de agronomia (Moglin) foi criada em 1802, na Alemanha, por Albrecht Daniel Thaer, considerado um dos fundadores da Agronomia. No Brasil, a primeira escola surgiu em São Bento das Lajes, na Bahia, em 1875. Mas, a profissão do engenheiro agrônomo só foi regulamentada no governo de Getúlio Vargas, dia 12 de outubro de 1933. No Brasil, existem mais de 400 escolas de Agronomia. Só em Maringá são quatro faculdades conceituadas entre as melhores do Brasil.

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