O novo celeiro de produção de grãos

Região de Paranacity abre caminho para a soja e a tendência é que os números continuem crescendo, impulsionados por produtores com perfil tecnificado e capacidade operacional

Próxima à divisa com o oeste paulista, no noroeste do Paraná, a região de Paranacity está no caminho de quem segue para o vizinho estado pela PR-463, no trecho entre Nova Esperança e Santo Inácio. Esse foi o destino, recentemente, do Rally Cocamar de Produtividade.

Os solos arenosos apresentam baixos teores de argila e as temperaturas se mantêm elevadas durante a maior parte do ano, o que cria um ambiente hostil às culturas de grãos. Contudo, o avanço tecnológico e a presença da Cocamar vêm fazendo desse lugar uma vitrine de oportunidades para produtores interessados em crescer.

“A região vai se transformar em um novo celeiro de produção de grãos, é só uma questão de tempo”, comenta Lucas Facini Marchi, gerente das unidades da cooperativa em Paranacity e Paranapoema. Já são 13 mil hectares ocupados pela soja no verão e parte destinada ao milho, no inverno. Segundo ele, a tendência é que os números continuem crescendo nas próximas safras, impulsionados por produtores com perfil tecnificado e capacidade operacional, que não abrem mão de seguro. A soja está entrando também em programa de reforma de solos degradados, como áreas antes ocupadas pela cultura da mandioca.

A cada ano, graças a um consistente trabalho da Cocamar, que incentiva a expansão da oleaginosa a partir do emprego de tecnologias adequadas e práticas conservacionistas, o avanço vem acontecendo e já não há dúvida quanto ao futuro promissor do lugar, onde as terras são relativamente baratas e não há, ainda, a pressão dos arrendatários como se vê em outras partes do estado, caso de Maringá, distante apenas 75 quilômetros de Paranacity.

“A Cocamar sempre acreditou no potencial da região”, observa Lucas, explicando que de 2015 para cá a expansão das culturas de grãos tem se intensificado. Com isso, as unidades de Paranacity e Paranapoema vêm batendo sucessivos recordes de recebimento de grãos, ao mesmo tempo em que as vendas de insumos disparam.

Para quem se habilita a cultivar o solo arenoso, um requisito básico é a cobertura para proteção da superfície e a recomposição de matéria orgânica, feita com palhada de braquiária semeada no outono/inverno. Além de reter umidade e oferecer condições mais favoráveis para o desenvolvimento das plantas, a palha serve de anteparo, evitando que o solo fique muito aquecido. Sem falar que a braquiária possui raízes agressivas, capazes de romper a camada de compactação, o que, entre outros benefícios, facilita a infiltração de água.

No último ciclo de verão (2020/21) a média da produção de soja ficou em 130 sacas por alqueire (53,7/hectare), mas alguns produtores, já com tradição na cultura, têm ido muito além e até despontado entre os vencedores de concursos de produtividade, em que concorrem com colegas da terra roxa. É o caso do cooperado César Vellini, que na última safra repetiu a boa performance que tem feito dele um campeão recorrente na categoria Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no Prêmio de Super Produtividade de Soja promovido pela Cocamar. Vellini alcançou 180 sacas de média geral (74,3/hectare).

Por sua vez, Danilo Trujilo, membro da família Della Torre, registrou acima de 200 sacas/alqueire (82,6/hectare) na área do concurso e 160 (66/hectare) de média geral no Prêmio Colher Mais 2021 organizado pela empresa Timac em parceria com a Cocamar. São exemplos que tornam indiscutíveis os argumentos em favor da região, onde só não há espaço para aventureiros.

 

Resultados aparecem

Assistido pelo engenheiro agrônomo Douglas Chagas Nascimento, da Cocamar, o produtor Danilo Trujilo – que também é agrônomo – conta que o investimento em tecnologias é constante, tanto em produtos e práticas quanto em maquinários. “A partir da experiência do meu sogro [Paulo Della Torre] e trocando informações com os técnicos da cooperativa, estamos conseguindo resultados muito bons”, afirma, valorizando o acompanhamento técnico prestado pela cooperativa.

“Nós sempre trabalhamos para ter boas produtividades e estamos colhendo os frutos”, diz ele, frisando que o solo arenoso, desde que bem estruturado, corrigido com calcário e gesso, e tendo uma boa cobertura, produz como qualquer outro, inclusive o milho no inverno.

“Os produtores, de um modo geral, são muito receptivos às nossas recomendações”, salienta Douglas, citando como exemplo a escolha de variedades mais indicadas para o solo arenoso.

 

Oportunidade para crescer

“O potencial da região é muito grande”, afirma Alisson Galbiate, que também é engenheiro agrônomo da unidade de Paranacity da Cocamar. Ele afirma: a região oferece muitas oportunidades e os produtores estão enxergando isso, inclusive gente de outras regiões que chega com o interesse de arrendar terras.

“A capacidade operacional, com estrutura própria de maquinários, é essencial”, observa Alisson, fazendo referência também à necessidade de contar com operadores bem treinados: “tem espaço para todo mundo aqui, mas é preciso estar bem preparado”. E recomenda que os interessados procurem a unidade da cooperativa: “Ficamos à disposição para orientar no que for preciso”.

A respeito das altas produtividades ali obtidas, o agrônomo destaca que principalmente quem investe em ILPF e segue à risca as orientações técnicas, geralmente tem conseguido médias semelhantes ou até superiores às da terra roxa.

Saber aproveitar as oportunidades é com Fabrício Maestrello, um produtor de 42 anos formado em administração de empresas, da própria região, que começou a lidar com soja em 2015 numa área de 10 alqueires (24,2 hectares), utilizando um pequeno trator e uma plantadeira de nove linhas. De lá para cá, “sempre trabalhando com os pés no chão” e conseguindo boas médias, ele partiu para arrendar terras pela vizinhança e estruturou um robusto parque de máquinas conectadas e dotadas de tecnologias para agricultura de precisão.

Atualmente Maestrello está à frente de 300 alqueires (726 hectares) dos quais 10% próprios, mas não pretende parar por aí. Segundo ele, a região oferece muitas oportunidades para produtores que querem crescer e trabalham com tecnologias. “Eu gosto desses desafios e me sinto seguro tendo o apoio da Cocamar”, observa o produtor, ressaltando que o solo arenoso requer cuidados e sem o apoio técnico especializado da cooperativa seria muito arriscado produzir.

SOBRE O RALLY – O Rally Cocamar de Produtividade, em sua sétima edição consecutiva e com a proposta de conhecer as práticas sustentáveis no campo, conta com o patrocínio das seguintes empresas: Basf, Fairfax do Brasil – Seguros Corporativos, Fertilizantes Viridian, Zacarias Chevrolet e Sicredi União PR/SP (principais), Cocamar Máquinas, Lubrificantes Texaco, Estratégia Ambiental e Irrigação Cocamar (institucionais), com apoio da Aprosoja/PR, Cesb e Unicampo.

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