Com umidade insuficiente para que a semeadura ganhe ritmo, apesar das chuvas recentes, o plantio de soja na área de atuação do Núcleo Regional de Maringá da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), que engloba 31 municípios, iniciou lentamente, segundo o chefe do Núcleo Regional de Maringá, Jucival Pereira de Sá. Até meados da semana, cerca de 1% dos 299,8 mil hectares de soja esperados foram plantados. Área total deve ser pouco maior do que a do ano passado, quando o número foi de 296,5 mil hectares.
“A movimentação das máquinas ainda é lenta. Os produtores estão aguardando melhorar a umidade, mas ainda é muito cedo para se falar em atraso, já que o plantio normalmente só engrena mesmo em outubro”, afirma Jucival. O crescimento do plantio de soja tem sido principalmente em cima das áreas de pastagem e de cana-de-açúcar.
Como tradicionalmente ocorre em Floresta, município vizinho, alguns produtores semearam soja mais cedo de olho em encaixar no calendário, na sequência, a safra de milho segunda safra, cujo período ideal seria até o dia 10 de março. Entre eles estavam o produtor Luiz Alberto Palaro – que é assistido pela equipe técnica da Cocamar – e que mantém um histórico de produtividade de soja sempre acima das médias regionais por ser tecnificado e receptivo a adoção de novas tecnologias.
Reconhecido pelo capricho, o cuidado com o solo e a assertividade na escolha das variedades, Palaro mostra não ter medo das oscilações climáticas, um problema recorrente na agricultura. “As chuvas foram poucas, mas estamos confiantes que vai continuar chovendo”, comenta o produtor. Sempre na vanguarda, ele foi o primeiro em Floresta, na safra passada (2020/21) a utilizar drone para a pulverização da lavoura.
Palaro mantêm cultivos em três regiões, as quais apresentam diferentes tipos de solos: desde o argiloso no município onde reside, em Floresta, passando pelo misto/arenoso em Tuneiras do Oeste, no noroeste do Paraná, e o arenoso típico do oeste paulista, onde a Cocamar desenvolve há três anos, em parceria com usinas, um programa de plantio de soja voltado à renovação de áreas de canaviais.
No caso do milho primeira safra da temporada 2021/22, foram plantados no período cerca de 30% dos 500 hectares esperados, comenta Jucival. Cerca de 68% da área plantada estão em germinação e 32% em fase de desenvolvimento vegetativo.
Com a colheita de milho segunda safra encerrada nos 257 mil hectares plantados, os resultados confirmaram a perda estimada em 70% do potencial produtivo da lavoura, ficando a produtividade média da região em 1.800 kg por hectare, 30 sacas por hectare ou 72,6 sacas por alqueire, somando ao todo 501,5 mil toneladas do grão. A produtividade média inicial esperada era de 5.100 a 5.300 kg por hectare, 85 a 88,3 sacas por hectare ou 206 a 213,8 sacas por alqueire. Vários municípios já pediram a defesa civil a declaração de estado de emergência.
Já com relação ao trigo, foram colhidos cerca de 60% dos 11.300 hectares cultivados na região. A expectativa inicial é de que seriam produzidas 26 mil toneladas do cereal, mas conforme avançam os trabalhos para a etapa final, Jucival diz que já se pode avaliar que houve perdas com as geadas, estiagens e chuva de pedra. “As produtividades médias das lavouras têm ficado em 2.000 quilos por hectare (35 sacas por hectare ou 85 sacas por alqueire). A estimativa era de 2.500 a 2.800 quilos por hectare, uma perda de 15% a 20%”, comenta Jucival. A colheita deve ser encerrada até o final de setembro ou início de outubro.
Destaques da semana
FERTILIZANTE – Atrasos nas entregas de potássio aos agricultores na “boca” da safra 2021/22 no Brasil preocupam o setor, em meio à forte demanda por fertilizantes e problemas relacionados à oferta, diante de sanções ocidentais à Belarus, segundo maior produtor mundial de potássio atrás do Canadá. Esses fatores levaram os preços a disparar mais de 200% no acumulado do ano. Esses atrasos, embora não atinjam os grandes e médios produtores que se anteciparam nas compras, segundo especialistas, preocupam uma parte dos sojicultores.
PIS/COFINS – O Governo Federal suspendeu a cobrança de PIS e Cofins na importação de milho até 31 de dezembro deste ano. O objetivo é desonerar o custo de aquisição externa com foco no aumento da oferta interna buscando reduzir a pressão de preços e os custos dos criadores de animais, já que o grão é importante insumo na alimentação de bovinos, suínos e aves.
MILHO – De acordo com o levantamento mais recente da Conab (setembro), a produção nacional de milho safra 2020/2021 deve chegar a 85,7 milhões de toneladas, uma redução de 16,4% em comparação ao ciclo anterior (102,5 milhões de toneladas), impactada por problemas climáticos.
CLIMA – A Primavera começou dia 22/9 com chuvas no Centro-Norte do país e termina no dia 21 de dezembro. A estação marca o início do plantio de grãos, principalmente soja, milho e feijão. Dados do Research Institute for Climate and Society apontam para a probabilidade, acima de 70%, de ocorrência do La Niña na primavera de 2021, mas deve ser de curta duração e ter intensidade fraca. Caso ocorra o fenômeno, a tendência é que a incidência de chuvas seja abaixo da média na Região Sul do país e um pouco acima da média na parte Sudeste e Central do Brasil.
HISTÓRICO – Considerando a variação climática da primavera no Brasil nos últimos 60 anos, de 1961 até 2020, observa-se uma diminuição média de 28 milímetros de chuva no país durante a estação. As duas regiões que mais influenciaram nesse resultado foram Centro-Oeste (-46,29 mm) e o Sudeste (-59,10 mm), onde se observaram maior diminuição de chuvas no período. O levantamento aponta, ainda, que, em todas as regiões do país, existe tendência significativa de elevação da temperatura durante a primavera.
CAFÉ – A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) reduziu a estimativa de produção de café do Brasil em 2021 para 46,9 milhões de sacas de 60 kg, quase 2 milhões de sacas abaixo da previsão de maio, com uma colheita de grãos arábica menor do que a esperada. A produção total do país cairá 25,7% na comparação com o recorde de 2020, de mais de 63 milhões de sacas. A redução se deve ao ciclo de bienalidade negativa do café arábica, que alterna anos de alta e baixa produtividade, e ao impacto da seca.