Produtividades são menores que o esperado

Com temor de aumentar as perdas de soja e com os prazos estourados para o plantio de milho, produtores da região de Maringá aceleram a colheita, mesmo sob o risco de compactar o solo

MERCADO. A preocupação dos produtores é com o comportamento climático da safra daqui em diante. FOTO-DIVULGAÇÃO

Conforme avança a colheita de soja da safra 2020/21 na região de Maringá, que engloba 31 municípios, os números mostram que vem se confirmando as perdas de produtividade por conta das estiagens no ano passado e chuvas em excesso no início deste.

Segundo Jucival Pereira de Sá, chefe do Núcleo Regional de Maringá da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), o Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab tem trabalhado com a expectativa de fechar a safra na região de Maringá com uma produção de 980 mil toneladas de soja, perdas de cerca de 7% em relação aos 1,055 milhão de toneladas de soja previstos inicialmente. Na primeira avaliação feita, os técnicos do Deral apontavam produtividades médias em torno de 3.400 a 3.700 quilos de soja por hectare. Os números registrados até agora, entretanto, têm ficado em 3.300 quilos por hectare de média.

Com temor de aumentar as perdas na safra atual de soja e com os prazos estourados para o plantio de milho segunda safra, produtores rurais na região de Maringá aceleram a colheita de soja, mesmo sob o risco de compactar o solo. O zoneamento agrícola para a região permite o plantio de milho até o dia 10 de março.

As chuvas constantes no período dificultam a entrada das máquinas nas lavouras. Além da maior umidade dos grãos colhidos, o grande problema é o risco de compactação do solo. “Mesmo sabendo que isso não é o ideal, os produtores têm retomado a colheita assim que conseguem entrar com as máquinas nas lavouras, temendo prejuízos ainda maiores”, comenta Jucival.

Muitos produtores dessecaram as lavouras de soja nesta safra para acelerar o processo. Nestas lavouras, as chuvas podem prejudicar ainda mais a qualidade, além da perda dos grãos, com a abertura das vagens no campo. “Muitos produtores têm colhido até tarde da noite, enquanto a umidade dos grãos permite. Só quando o percentual de umidade está muito alto é que param”, afirma o chefe do Núcleo Regional de Maringá da Seab.

Até segunda-feira (8/3), 28% dos 296,5 mil hectares cultivados com soja na região já tinham sido colhidos, com o plantio de milho segunda safra seguindo o mesmo ritmo. Na quarta-feira, quando expirou o prazo para o plantio de milho, conforme o zoneamento climático, este número estava em 40% da área total, chegando a 70% no final de semana. “Se o tempo se mantiver firme, sem chuvas, devemos encerrar a colheita na região até o final do mês, entre os dias 20 e 25”, estima Jucival. Com o forte ritmo de colheita, os produtores têm percorrido com as máquinas cerca de 5% da área total por dia, o que dá cerca de 10 mil hectares, colhendo uma média de 330 toneladas de soja diárias.

Nas primeiras áreas plantadas com milho segunda safra, as plantas já estão emergindo, apresentando bom desenvolvimento, diz Jucival. As chuvas têm favorecido a germinação. A preocupação  dos produtores é com o comportamento climático da safra daqui em diante. Quando mais tardio o plantio da safra de inverno, maiores os riscos de geada ou estiagem, condições climáticas que se caracterizam conforme se aproxima o período de inverno.

Destaques da semana

FERTILIZANTES – A produção agropecuária brasileira cresce a cada ano e com ela a dependência enorme de importação de fertilizantes, principalmente fósforo e potássio. O Brasil importa mais de 80% do volume utilizado. Por isso, o governo federal vai elaborar uma política para ampliar a produção nacional do produto. Uma das iniciativas em estudo é a liberação da exploração das reservas de potássio na Amazônia e também de recursos minerais em terras indígenas.

MULHERES – Segundo dados do IBGE, é crescente o número de mulheres no agronegócio. Quando não são donas de propriedade, elas administram a produção com a família ou estão sendo preparadas para isso. Cerca de 947 mil propriedades rurais no Brasil ou 30 milhões de hectares são administrados por mulheres. A maior parte, 57% estão na região Nordeste; 14% no Sudeste; 12% no Norte; 11% no Sul; e 6% no Centro-Oeste. Também, entre as proprietárias rurais, 50% das atividades econômicas estão relacionadas à pecuária; 32% à produção de lavouras temporárias; e 11% à produção de lavouras permanentes.

ESPÉCIES NATIVAS – Os brasileiros não têm noção da riqueza da flora nativa do Brasil. Segundo a publicação Flora do Brasil 2020, lançada pela equipe do projeto Flora do Brasil, coordenado pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o país possui 46,9 mil espécies nativas das quais quase 50% só ocorrem no Brasil.

ETANOL – Um estudo, conduzido pelo Centro de Inovação em Novas Energias (Cine) e publicado no International Journal of Hydrogen Energy,  pode revolucionar o uso de etanol em carros elétricos dando uma nova dimensão a este, além de facilitar o abastecimento de veículos elétricos em qualquer posto brasileiro, dispensando a recarga em tomadas e sem tanque de hidrogênio. A proposta é melhorar a estabilidade de células de combustível a etanol de forma que o biocombustível possa ser usado para gerar hidrogênio e, a partir dele, produzir eletricidade. O processo, neutro em emissões de carbono, é integralmente realizado em um único dispositivo: uma célula a combustível de óxido sólido.

MILHO – Brasil vai incentivar plantio de milho verão na safra 2021/22. O objetivo é aumentar a oferta doméstica. Dentre as várias medidas a serem anunciadas em maio estariam a oferta de mais crédito, seguro agrícola e mecanismos de apoio comercial para os agricultores aumentarem a produção do cereal.

Brasil vai incentivar plantio de milho verão na safra 2021/22. O objetivo é aumentar a oferta doméstica. Dentre as várias medidas a serem anunciadas em maio estariam a oferta de mais crédito, seguro agrícola e mecanismos de apoio comercial para os agricultores aumentarem a produção do cereal.
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