Brincos, tatuagens e as marcações, usados na pecuária de corte e de leite para identificar os animais de forma individual, devem se tornar obsoletos em breve. A pecuária do futuro já está fazendo experimentos que tornam viável a identificação individual de animais no campo com o uso de imagens. A tecnologia é similar à de reconhecimento facial, empregada em grandes aeroportos para encontrar criminosos. Com isso, um sistema de câmeras instaladas no campo, cochos, ou mesmo em drones conseguiria captar imagens para identificar em poucos segundos cada animal. A pesquisa faz parte do projeto Pecuária do Futuro, coordenado pela Embrapa Pecuária Sudeste.
Os trabalhos foram liderados pelo cientista da computação Fabrício de Lima Weber, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e utilizou um sistema de redes neurais convolucionais (CNN), empregando três modelos de arquitetura de redes neurais para a identificação do bovino Pantaneiro. Weber diz que além do bem-estar animal, uma das vantagens do sistema de identificação por imagens é a economia.
Já segundo a pesquisadora Patrícia Menezes Santos, líder do projeto, a identificação de animais por meio de imagens permitirá que o produtor tenha um controle melhor do rebanho, de sua localização na propriedade e, consequentemente, do manejo do pastejo. E, a aplicação da tecnologia da informação aos sistemas de produção de gado de corte poderá ajudar a construir uma pecuária mais sustentável e atender aos anseios dos consumidores e da sociedade em geral. O sistema por imagem poderá ainda agilizar o transporte de animais e a emissão da GTA (Guia de Trânsito Animal). Estudos anteriores já avaliaram a pesagem de animais por imagens do dorso.
Os brincos utilizados atualmente para identificar os animais apresentam algumas dificuldades: às vezes não lê direito, o animal perde o brinco demandando reaplicação e podendo comprometer os dados, sem contar o estresse da contenção desses animais para fazer essa identificação. Também, além da compra dos brincos, que são importados, o produtor que utiliza esse sistema precisa comprar também o bastão de leitura do código impresso nos brincos.
Após o sucesso do experimento com o bovino Pantaneiro, a próxima etapa será pesquisar os algoritmos que permitam desenvolver a mesma técnica para a identificação por imagens de gado Nelore, que representa a raça de corte mais disseminada no Brasil. Também será desenvolvido um aplicativo para que a identificação dos bovinos possa aparecer na tela de um celular que permitirá que o produtor acesse, de onde estiver, os dados do animal pelo aplicativo e conheça o histórico da raça e demais informações.
O Projeto Pecuária do Futuro tem o objetivo de desenvolver ferramentas de suporte à decisão em sistemas de produção de gado de corte. O aplicativo Pasto Certo, por exemplo, permite que técnicos e produtores acessem de forma fácil informações sobre as principais forrageiras disponíveis no Brasil e ajuda as pessoas a escolherem o que plantar em sua propriedade. Também estão sendo desenvolvidas ferramentas para ajudar o produtor a planejar a produção de forragem na fazenda e a manejar melhor o pasto.
Essas ferramentas vão permitir que o produtor faça um diagnóstico da necessidade de intervenção nos pastos e estime a quantidade de capim a partir de imagens de satélite ou de drone. Com o uso de modelos matemáticos, ele também poderá projetar a oferta e demanda por alimentos na fazenda ao longo do ano e verificar as melhores opções em termos de produção de forragem para o seu sistema de produção.
Destaques da semana
COLHEITA – Em meados de março, a colheita de soja do Paraná ultrapassou metade da área plantada na safra 2020/21, ao alcançar 58%, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), enquanto a semeadura de milho “safrinha” chegou a 72%. Com a melhora nas condições climáticas, os produtores aceleraram o processo. Mas, apesar do avanço, os trabalhos ainda estão atrasados em relação ao mesmo período do ano passado, quando a colheita da soja alcançava 68% e o plantio de milho segunda safra chegava a 84% das lavouras.
SOJA – Apesar dos atrasos na colheita e um início de ano a passos lentos, o setor de sojavai conquistar um feito inédito neste ano. Preços altos e safra maior vão gerar ao país um volume recorde de US$ 45 bilhões em divisas com exportações. Só as vendas de 84 milhões de toneladas de soja em grãos vão trazer US$ 37 bilhões. Farelo e óleo completam as receitas com as vendas externas.
LEITE – O produtor de leite está com a rentabilidade bastante pressionada, segundo análise da Embrapa Gado de Leite. O principal motivo da redução das margens são os custos de produção, que iniciaram o ano com aumento de 29% em relação a fevereiro de 2020. O item que mais tem pesado nos custos é o concentrado, devido ao preço da soja e do milho, que segue elevado no mercado interno e internacional devido aos baixos estoques e a desvalorização cambial. Outro fator que contribui para estreitar a lucratividade é o preço do leite em queda.
VALORIZAÇÃO – Os produtos lácteos tiveram grande valorização a partir de abril do ano passado, que se sustentou até meados de outubro, recuando no final do ano. Embora a entressafra, que começa a partir de abril possa ampliar um pouco as margens de lucro, com a valorização dos preços do leite, não há expectativa de o setor viver um momento tão positivo quanto o ano que passou no curto prazo.
CAMPANHA – O Sicredi lançou a tradicional campanha “Poupança Premiada” – ação realizada nos estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, que vai distribuir R$ 2,5 milhões em prêmios aos associados da instituição financeira cooperativa. A promoção, iniciada em março, segue até dezembro, com 200 sorteios semanais de R$ 5 mil. Todas as segundas-feiras são cinco ganhadores, com o primeiro sorteio no dia 22 de março. A campanha também tem um prêmio especial de R$ 500 mil, que será entregue no dia 31 de outubro, celebrando o Dia Internacional da Poupança – além do grande sorteio final de R$ 1 milhão, no dia 20 de dezembro.
COMO PARTICIPAR – A cada R$ 100 aplicados na poupança do Sicredi é gerado um número da sorte para concorrer nos sorteios, que acontecem pela Loteria Federal. Se as aplicações forem na modalidade programada (quando o poupador autoriza o débito mensalmente em sua conta), as chances de ganhar são em dobro. Os números da sorte podem ser visualizados no site da campanha www.poupancapremiadasicredi.com.br.
VALOR DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA – A previsão do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) para 2021 é de R$ 1,032 trilhão, o que representa 12,1% acima do obtido em 2020.Apesar da questão climática, as lavouras geraram R$ 708,3 bilhões, com aumento real de 15,4%, e a pecuária, R$ 323,9 bilhões, com aumento de 5,4% em relação a 2020.
DESTAQUES – Entre as lavouras, os principais destaques são arroz, com aumento de 6% no VBP, cacau 6,9%, laranja 7,2%, milho 21,9%, soja 30,1% e trigo 13,6%. A soja teve aumento real no valor de 73% nestes dois anos. Os aumentos nos valores de soja e milho foram os mais elevados desde o início da série, em 1989. Redução expressiva no VBP vem ocorrendo em banana (-3,7), café (-24,2), e tomate (-10,4%). Na pecuária, contribuições positivas ao VBP são de carne bovina (10,7%), carne de frango (2,4%) e leite (4,6%). Contribuição negativa foi observada em suínos (-2,6) e ovos (-6,7%).
REPRESENTATIVIDADE – Os estados de Mato Grosso, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, são os primeiros classificados no valor da produção. Juntos respondem por 62,6% do VBP total. As regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste representam 83,6% do valor da produção. As regiões Nordeste e Norte respondem por 15,1% do VBP. O VBP mostra a evolução do desempenho das lavouras e da pecuária ao longo do ano e corresponde ao faturamento bruto dentro do estabelecimento. Calculado com base na produção da safra agrícola e da pecuária e nos preços recebidos pelos produtores nas principais praças do país, dos 26 maiores produtos agropecuários do Brasil.
UNIÃO SOLIDÁRIA – Nos dias 15 e 16 de março foi feita a entrega dos prêmios (motos e carros) da Campanha União Solidária 2020, organizada pelo Lions Club com o apoio da Cocamar Cooperativa Agroindustrial e a Sicredi União PR/SP. Iniciada em março do ano passado, a realização arrecadou R$ 4,073 milhões com a venda de 407.366 cupons por voluntários de 466 entidades assistenciais participantes dos estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Com isso, elas conseguiram manter em funcionamento os 528 projetos sociais inscritos e que beneficiam cerca de 700 mil pessoas em situação de vulnerabilidade, muitos dos quais corriam o risco de parar por causa das dificuldades trazidas pela pandemia.