Sawabona, uma saudação em Zulu, uma das 11 línguas oficiais do país tem um significado um tanto quanto profundo, na tradução direta seria algo como: “Eu te vejo e você me vê”, como num encontro de almas. Este povo caloroso e de coração imenso me ganhou quando conheci o país pela primeira vez em 2012, tinha 17 anos e esta foi minha primeira aventura fora da América Latina, meu primeiro intercâmbio.
Sempre tive um desejo imenso e inexplicável de conhecer a África do Sul, depois de passar anos tentando convencer meus pais de que eu deveria ir, eles enfim concordaram, mas só após a conclusão do meu ensino médio. Quase que em cima da hora fechamos um pacote para estudar inglês em uma escola chamada Good Hope Studies no bairro de Newlands na Cidade do Cabo. Uma família se disponibilizou para cuidar de mim, e assim, fui para passar quase 7 meses lá.
Minha primeira impressão foi a de que a cidade era bem maior do que eu esperava e muito moderna, bonita, mas os carros trafegando do lado “errado” é um pouco confuso de início.
Minha “host family” (família hospedeira) foi muito calorosa na chegada, a casa era grande e meu quarto ficava no segundo andar, que era inteiro meu, com banheiro privado e tudo. O casal estava acostumado a receber estrangeiros e adoravam ajudar. Jenny, minha mãe de aluguel, cozinhava maravilhosamente bem e sempre conversávamos muito. Johan meu pai de aluguel era extremamente solícito e faziam a melhor biltong (carne seca curada) que já comi.
Meus primeiros dias foram para me situar no local, saí com minha nova família para passear e quando as aulas começaram fiquei feliz em poder conhecer novas pessoas. Meu primeiro dia de aula foi um pouco confuso, pois é necessário fazer um teste para que você seja colocado na turma correta, para o seu nível de inglês. Fui classificada como intermediária e me levaram para a sala, aquela turma estava encerrando um ciclo, a maioria iria embora naquela semana então não entendi nada que estava acontecendo naquele momento, mas tudo bem participei das festas de despedida na famosa “student house” (casa dos estudantes) e foi ali que comecei a fazer novos amigos, amigos que levo para a vida toda.
As aulas eram durante a semana no período da manhã, o que me permitia passear e conhecer vários lugares. Após alguns dias mais alunos novos chegaram e desta vez eu podia ajudar eles a se situarem e assim minha rede de amigos foi expandido de maneira inimaginável .
Exploramos a Table Mountain, Cheapman’s peak e muitos outros pontos turísticos conhecidos da cidade, fui a muitos bares e restaurantes e quando Cape Town pareceu pequena viajei na Rota 62, ou Garden Route (Rota Jardim), como também é conhecida. Vislumbrei muita beleza que eu nem imaginava que a África do Sul tinha, reservas, Cânions, florestas e vinhedos. O melhor de tudo isso é que você sempre será recebido com um sorriso, os guias, os locais e quem quer que seja sempre estão de coração aberto para receber turistas e contagiar a todos com sua energia única.
Minha família daqui resolveu conhecer a minha família de lá e foi uma experiência mágica, todos se apaixonaram pelo país e pelas pessoas tanto quanto eu.
A despedida foi um tanto dolorosa, mas eu sabia que voltaria. Mantive contato com minha família sul africana e assim que ingressei na aviação eu sabia qual destino iria pedir para a escala. Ganhei o voo e voltei de surpresa para casa, era um feriado nacional então a família toda estava reunida fazendo um braai (churrasco), e desde então quando eu não consigo voltar para o Brasil eu volto para meu segundo lar, Cape Town South Africa.
Boa sorte e boa viagem amigos!