Saudades

O sentimento mais comum entre viajantes

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Projeto Saudade. Barbara Neme Dutra.

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Viajar o mundo vem com um efeito colateral fortíssimo e que não tem cura, a saudade. Antes de embarcar em suas jornadas ninguém pensa na saudade, no quanto ela cobra de você, e como lidar com ela. Não é a primeira vez que escrevo sobre este sentimento intrínseco nosso, bucólico. Não achei uma cura, nem dicas de como lidar da melhor maneira, mas vim expor a minha relação com esse sentimento tão presente.

Em minhas andanças pelo mundo descobri que o português é uma língua muito descritiva e que temos muitas palavras que não tem tradução direta para o inglês, espanhol, ou francês, e uma dessas palavras – talvez a principal – é “saudade”. Saudade é mais do que sentir falta, algo que o google translator não entende e erra com frequência em nos responder com um “I miss you” ou “Je te manque”, mas tudo bem, nós sabemos a diferença.

Enquanto morava na Austrália conheci um escritor através de um amigo em comum, e em minha despedida ele ficou encantado com a palavra saudade, disse que gostaria de ter um equivalente na língua dele e que sempre sentiu falta de explicar este sentimento, e foi aí que a minha jornada pessoal com este sentimento começou. Criei minha própria explicação do sentimento, numa tentativa de entende-lo melhor e o resultado foi esse: ”Saudades: saudades inspiram, saudades machucam, saudades não mudam. Essa palavra sem tradução do português é o sentimento mais presente, ele não morre, não some e não fica para trás, e quanto mais anos vividos e mais quilômetros percorridos mais constante ele se faz. Todo mundo tem saudades de alguma coisa, tempo, lugar, pessoa…”

Faz quase 9 anos desde que senti pela primeira vez uma saudade tão grande, e assim como tudo na vida o sentimento também amadurece. Ele nunca desaparece ou deixa de doer, mas fica mais leve, e se torna parte de você.

Fonte: Barbara Neme Dutra

Uma amiga uma vez me disse que saudade é o melhor sentimento, porque a gente só sente falta do que foi bom e dos momentos felizes, o que significa que vivemos bem e essas boas memórias dão um gostinho agridoce no coração.

Sabe aquela história de que quem está aqui sente falta do que vivia lá, e quando volta para cá sente falta de lá? É a mais pura verdade. Se todos vissem a saudade como eu vejo, ela não iria doer tanto. Ela te faria mais forte, mais criativo e mais ambicioso.

Quando a gente vê, está trabalhando mais para poder comprar uma passagem de volta para casa antes do natal, cria mil e uma alternativas para resolver um problema no trabalho e pegar uma folga no aniversário de um amigo, ou, ainda, madruga para equiparar fusos e estar presente em um vídeo ligação com alguém querido. Nada disso aconteceria se este sentimento tão latente não tivesse aflorado em você.

Hoje, para mim saudade é sinônimo de felicidade, de amor e de conexão. Sei que nunca reunirei todos que amo no mesmo fuso, mas isso não importa mais, porque sei que quem gosta de viajar, acaba dando um jeito de encontrar com os amigos.

Assim, mantendo viva essa rede de conexões ao redor do mundo, fazemos dele um lugar menos assustador para a minha próxima aventura, então boa sorte e boa saudade!

Projeto Saudade, Barbara Neme Dutra.

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