Sabor ao Fim do Mundo: a Jornada de Um Sabor Unânime
Quando ouço a palavra "Sabor ao Fim do Mundo", a primeira coisa que vem à minha mente é o filme homônimo dirigido por Takashi Miike em 2015. Afinal, é impossível esquecer o efeito visualmente impactante que o título da obra fez em quem a viu pela primeira vez. No entanto, este é um assunto que ultrapassa a arte cinematográfica e alcança a humanidade em seu aspecto mais primitivo e universal: a busca por prazer.
Neste contexto, o termo "Sabor ao Fim do Mundo" não é mais apenas uma curiosidade literária, mas sim um reflexo da capacidade humana de sentir a necessidade de algo maior, algo que transcenda os limites do espaço e do tempo. No dicionário da língua portuguesa, a palavra "sabor" pode ser traduzida por um conjunto de propriedades como gostos, aromas e texturas, que conjuram em um todo unânime, o que, paradoxalmente, é precisamente o que é procurado pela humanidade ao longo de sua história: a iluminação da alma.
Este é um dos principais tópicos que a ciência está buscando explicar: o porque da nossa atração inata pelo sabor e aroma. Algumas teorias defendem que essa atração é fruto da seleção natural, pois os indivíduos que tinham o sentido de degustar desenvolvido tinham mais chances de sobreviver e reproduzir. Outras sustentam que o gosto é um mecanismo fundamental para o processo de socialização, pois as pessoas que partilham do mesmo sabor e aroma criam laços sociais e compartilham emoções.
Independentemente da explicação científica, o fato é que o sabor e aroma são fundamentalmente ligados ao prazer, ao qual todos os seres humanos aspirem. Mas, para muitos, esse prazer não é mais uma simples necessidade, e sim uma questão de vida ou morte. É como se o sabor e aroma tivessem a capacidade de nos conectar a algo mais alto, mais divino.
Esse é exatamente o que os shamanes indígenas da América Latina acreditavam quando descobriram a plantada de erva-mate na região das Missões. Eles chamavam esse sabor unânime de "o gosto da terra", que unia o cosmos e a Terra em uma realidade única e sagrada. E assim, a cultura de consumo de erva-mate se disseminou, transmitindo o significado e o simbolismo religioso que ele continha.
Já nos nossos tempos, essa questão é enfrentada em todos os setores da sociedade. Da comida gourmet ao cerveja, passando por perfumes e cosméticos, todos se esforçam para atingir a perfeição no sentido da palavra "sabor". Isso não é apenas um mero luxo, e sim uma busca pelo prazer absoluto.
Um exemplo disto é o sucesso da rede de restaurantes gastronômicos, como a Michelin Guide, que valoriza o esforço da cozinha para criar sabores únicos e inigualáveis. No entanto, essa obsessão pelo sabor também é crítica, pois pode levar a um descuido pelo outro aspecto da alimentação, como a saude e a sustentabilidade.
Isso nos leva a perguntar: quais são as consequências do nosso prazer em uma era de escassez e insegurança alimentar em que vivemos? É certo que o gosto é uma faculdade natural, mas devemos ter responsabilidade em como a exploramos. Como disseram os antigos chineses: "A boca é a entrada da sabedoria, o estômago é o coração da vida".
A discussão sobre o sabor também pode ser observada em áreas menos esperadas, como a farmacêutica e a psicologia. No setor farmacêutico, há substâncias como a caféina e o nicotine, que se tornaram ícones culturais, mas que, ao mesmo tempo, são alvo de preocupações em termos de abuso e dependência.
Na área psicológica, estudos sobre o sabor e aroma como elementos terapêuticos para o estresse e a depressão se multiplicam. E, na sociedade atual, é notório o estresse e a pressão exercidos sobre os indivíduos, levando a um distanciamento da sua realidade interna e, consequentemente, da satisfação que o sabor pode trazer.
Desta forma, podemos concluir que o sabor é muito mais do que um simples estímulo gustativo. Ele é um ponte entre o eu e o universo, uma forma de conexão com algo maior do que nós mesmos. Através da exploração do sabor, podemos chegar à percepção do mundo de maneira mais rica e completa.
O "Sabor ao Fim do Mundo" é, então, um convite para um processo de descoberta pessoal, em que o eu é levado a questionar os seus valores e prioridades em relação ao prazer. Em um mundo onde a exploração dos sabores é um direito de todos, não podemos perder a oportunidade de experimentar, de experimentar e de partilhar, pois o prazer não é apenas uma recompensa individual, mas uma forma de comunhão humana.
Esse é o segredo da erva-mate: ao beber sua infusão, você não apenas sente o seu gosto único e delicioso, como também se conecta à realidade sagrada do mundo natural, à natureza e ao tempo. O sabor ao fim do mundo não é mais uma curiosidade literária, e sim um convite à aventura e à introspeção, ao prazer e à percepção.
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