A riqueza do espírito agregador

Estamos concluindo o mês dedicado à Bíblia. Estimulados pela força da Palavra, entendemos que Deus se manifesta por meio de ações concretas, que solidificam as relações de amor entre as pessoas. Acreditamos que, com corações generosos e mentes abertas para ouvir, estimular e agir em um ambiente favorável, podemos crescer nas conquistas pessoais, familiares e profissionais.

Ao desenvolver a capacidade de ouvir, silenciar e valorizar as opiniões de pessoas reconciliadas com a vida, alcançamos resultados favoráveis na transformação da sociedade, beneficiando as famílias e promovendo a paz.

No projeto de libertação do povo da escravidão no Egito (Ex 3,9-10), Moisés, o líder escolhido pelo Senhor, agia com equilíbrio, sensatez, astúcia e sabedoria. Não havia espaço para ciúmes, inveja ou exclusividade. Tudo o que agregava valores era bem-vindo, e a história era construída sobre os alicerces da criatividade e da participação de pessoas de boa vontade. Saber ouvir opiniões fortalece a busca pelo sucesso e pelas conquistas, tanto nos empreendimentos quanto nas relações familiares e sociais. “O Senhor desceu na nuvem e falou a Moisés. Retirou um pouco do espírito que Moisés possuía e o deu aos setenta anciãos” (Nm 11,25). Saber distribuir funções agrega valores, oxigena as boas relações, estimula, promove e fortalece a participação de outros de boa conduta.

Muitas vezes nos estressamos porque centralizamos as tarefas em uma única pessoa, ideia ou ação, desprezando contribuições valiosas que poderiam enriquecer a criação em pastorais e movimentos eclesiais. O mesmo acontece na administração, quando temos dificuldade de ouvir e observar as conquistas dos outros. Podemos navegar em mares perigosos e perder o rumo do sucesso e do crescimento.

A Bíblia nos ensina a conquistar benefícios pela via da fraternidade e da unidade, em torno da verdade e da justiça. O iníquo age por conta própria, acumulando riquezas que não duram. Enquanto alguns enriquecem de forma questionável, outros empobrecem drasticamente. Algo está errado nas relações humanas e na sociedade. O Senhor da história adverte aqueles que acumulam injustamente e criam montantes às custas do sofrimento de quem trabalha arduamente: “Vós vivestes luxuosamente na terra, entregues à boa vida, cevando os vossos corações para o dia da matança. Condenastes o justo e o assassinastes; ele não resiste a vós” (Tg 5,5-6).

Quando a sociedade não vai bem, a vida espiritual também sofre. As crises surgem e são superadas. O segredo está na unidade. Unidos por um ideal comum, com diferentes atuações, mas somando esforços com espírito colaborativo, alcançamos bons resultados. Isso se aplica a empresas, ao comércio e ao mundo da política, onde ações benéficas, fortalecidas pela verdade e pela justiça, promovem o amor e o sucesso na vida das pessoas.

Não somos exclusivos no anúncio da verdade, mas todos que se dizem da verdade devem estar em sintonia com a verdade absoluta, que brota do Evangelho. O caminho que nos une é a justiça, o reconhecimento da dignidade humana, a valorização do trabalho e a comunicação autêntica, conduzida pelo Espírito Santo, o dom de Deus que une os crentes no amor.

Que saibamos cultivar a leitura que fortalece o espírito, ao redor do Senhor que nos chama a implantar o reino da justiça e do amor, onde todas as pessoas, unidas na solidariedade e fraternidade, constroem uma sociedade participativa, harmoniosa e inclusiva.

O espírito colaborativo fortalece a gestão de uma empresa, qualifica os trabalhos nas pastorais e na vida eclesial, e enriquece a manutenção sustentável de um povo que caminha sob a justiça de Deus, conquistada na verdade e com muito amor.

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