O governo brasileiro apresentará uma nova iniciativa internacional chamada RAIZ (Investimento em Agricultura Resiliente para Degradação Líquida Zero da Terra) durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro na cidade amazônica de Belém.
A iniciativa visa mobilizar recursos e compartilhar tecnologias para a recuperação de áreas agrícolas degradadas em diferentes regiões do mundo.
O projeto, liderado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), conta com o apoio dos Ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar (MDA) e da Pesca e Aquicultura (MPA), em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
A RAIZ surge em resposta à crescente demanda global por segurança alimentar e preservação de ecossistemas produtivos. Segundo estimativas da ONU, aproximadamente 2 bilhões de hectares de terra estão degradados em todo o mundo, afetando diretamente 3,2 bilhões de pessoas. A FAO estima que 10 milhões de hectares de floresta são perdidos a cada ano, enquanto dados do Global Forest Watch (2024) indicam que a perda de florestas tropicais primárias atingiu 6,7 milhões de hectares no ano passado.
“O programa RAIZ representa a contribuição do Brasil para a agenda global de sustentabilidade”, disse o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. “O que estamos trazendo para a COP30 é o resultado de políticas concretas. O Brasil demonstrou que é possível produzir de forma sustentável e queremos compartilhar esse conhecimento com o mundo”, enfatizou.
O objetivo da iniciativa é ampliar o alcance de experiências nacionais bem-sucedidas, como o programa Caminho Verde Brasil, fortalecendo a cooperação internacional para restaurar solos degradados, reduzir emissões e gerar renda para comunidades rurais.
O lançamento oficial, previsto para a COP30, reunirá representantes de governos, instituições financeiras e organizações multilaterais interessadas em ampliar ações conjuntas. Entre as políticas que servirão de base para a RAIZ estão os programas Solo Vivo e Caminho Verde Brasil, ambos implementados pelo Mapa e focados na restauração do solo e no uso sustentável da terra.
O programa Solo Vivo, implementado no estado do Mato Grosso, busca restaurar áreas degradadas e fortalecer a agricultura familiar. Com um investimento de 42,8 milhões de reais (aproximadamente US$ 7,8 milhões), já beneficia cerca de 1.000 famílias em dez municípios. A iniciativa combina análise técnica do solo, tecnologias digitais e capacitação gratuita, em colaboração com o Instituto Federal do Mato Grosso (IFMT) e a Federação dos Trabalhadores Agrícolas do Estado (Fetagri-MT).
Por sua vez, o Caminho Verde Brasil, criado pelo Decreto 11.815/2023, visa recuperar 40 milhões de hectares de pastagens degradadas ou de baixa produtividade nos próximos dez anos. O programa oferece empréstimos com juros reduzidos para produtores que adotam práticas sustentáveis e atendem aos requisitos de regularização ambiental.
Em sua fase inicial, conta com 30,2 bilhões de reais (aproximadamente US$ 5,49 bilhões) do mecanismo Eco Invest Brasil e planeja restaurar até 3 milhões de hectares. Negociações também estão em andamento com parceiros internacionais, como a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), para expandir o financiamento e a cooperação técnica.
Com a RAIZ, o Brasil busca apresentar sua experiência em agricultura sustentável e restauração ambiental na COP30 como um modelo de desenvolvimento verde para o mundo. “Queremos mostrar que o equilíbrio entre produção e conservação não só é possível, como também necessário para garantir o futuro da humanidade”, concluiu Fávaro.