O Brasil ocupa posição de destaque no cenário mundial quando o assunto é energia limpa. O setor sucroenergético, alicerçado na produção de etanol, açúcar e bioeletricidade, tem se tornado um exemplo de eficiência e inovação tecnológica. Mas o impacto dessa indústria vai além da matriz energética: ele também começa a redefinir os rumos da indústria de alimentos e bebidas, um dos pilares do PIB nacional.
Com a expansão das tecnologias voltadas à sustentabilidade e à otimização de processos, a parceria entre esses dois setores desponta como uma das mais promissoras para o futuro da economia brasileira.
Energia limpa e produtividade integrada
O açúcar, o etanol e a bioeletricidade formam o tripé que impulsiona o setor sucroenergético. O primeiro é uma matéria-prima essencial para a indústria alimentícia; o segundo, um combustível renovável com grande potencial logístico; e o terceiro, uma fonte de energia que pode ser utilizada para reduzir custos produtivos em larga escala.
De acordo com dados da ÚNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), o Brasil já é referência mundial em inovação sustentável. Essa estrutura permite que os parques industriais de alimentos e bebidas utilizem bioenergia gerada por usinas de cana, diminuindo sua dependência de combustíveis fósseis e fortalecendo o conceito de economia circular.
Sinergia entre energia e alimentos
A integração entre os dois setores é estratégica. Enquanto o segmento energético busca novas formas de valorizar subprodutos da cana, como o bagaço e a vinhaça, a indústria de alimentos e bebidas encontra nessas soluções um meio eficiente de reduzir o consumo elétrico e o impacto ambiental de suas operações.
“Há um movimento claro de convergência entre a geração de energia e a produção de alimentos. O uso de bioeletricidade e vapor oriundos das usinas de cana pode otimizar processos, gerar economia e fortalecer a competitividade”, afirma Paulo Montabone, diretor da Fenasucro & Agrocana, maior evento mundial de tecnologia sucroenergética.
Inovação tecnológica e sustentabilidade
O avanço tecnológico no setor sucroenergético vai muito além da geração de energia. As novas usinas já operam com sistemas inteligentes de controle, automação industrial e reaproveitamento total de resíduos agrícolas. Essa eficiência energética beneficia diretamente as indústrias que utilizam processos intensivos em calor e eletricidade — como as de bebidas, laticínios, panificação e processamento de alimentos.
Além disso, o etanol surge como uma alternativa sustentável em cadeias logísticas e na movimentação de veículos de transporte de produtos. A substituição parcial do diesel por biocombustíveis em frotas industriais reduz emissões e custos operacionais, fortalecendo o compromisso ambiental das empresas.
Competitividade e cenário internacional
A soma da expertise energética com a força produtiva da indústria de alimentos e bebidas posiciona o Brasil de forma vantajosa no mercado global. A adoção de tecnologias limpas tende a se tornar um diferencial competitivo decisivo, especialmente em um mundo cada vez mais orientado por metas de descarbonização e responsabilidade socioambiental.
A 26ª edição da Fenasucro & Agrocana, realizada em Sertãozinho (SP), simbolizou esse novo momento. O evento reuniu mais de mil marcas e promoveu 350 horas de conteúdo técnico, conectando especialistas, empreendedores e pesquisadores. Entre as atrações, destacaram-se as experiências “Carreta Alambique” e “Conteúdos Industriais”, que apresentaram soluções para aumentar a produtividade e reduzir custos por meio da integração entre os setores energético e alimentício.
Um futuro de parcerias sustentáveis
À medida que o setor sucroenergético se consolida como vetor de inovação, a indústria de alimentos e bebidas tem a oportunidade de modernizar seus processos com base em fontes renováveis. Essa aproximação estimula investimentos em pesquisa, eficiência energética e sustentabilidade — três pilares fundamentais para o crescimento econômico e a competitividade global do Brasil.
A transição já começou: a energia que move as usinas de cana agora também move fornos, câmaras frias, linhas de engarrafamento e processos industriais inteiros. O futuro aponta para um ecossistema integrado, em que o setor sucroenergético e a indústria alimentícia crescem juntos, impulsionando o país rumo a um modelo de produção mais limpo, tecnológico e sustentável.








