Com 40 anos de trajetória nos movimentos sociais, Celso dos Santos sabe que a construção de políticas públicas coletivas depende da participação ativa da comunidade. Professor e morador de Paranavaí (PR), ele faz parte dos 21 Núcleos de Cooperação Socioambiental, iniciativa que fortalece o impacto coletivo no Noroeste do Paraná.
O programa faz parte do Itaipu Mais que Energia, alinhado às diretrizes do Governo Federal, abrangendo 434 municípios do Paraná e do Sul do Mato Grosso do Sul. Com apoio do Itaipu Parquetec, a iniciativa não se limita à apresentação de propostas, mas busca ações concretas. Os participantes definem prioridades e utilizam seus conhecimentos para elaborar a Teoria da Mudança, metodologia que estabelece metas, prazos e responsabilidades.
No núcleo em que atua, Celso contribuiu para a criação de estratégias voltadas à ampliação da rede básica de saúde. O objetivo é reduzir distâncias entre ambulatórios e garantir maior presença de especialistas, promovendo atendimento ágil e eficiente.
“Projetos coletivos são essenciais porque envolvem diretamente aqueles que vivem os problemas, como a precariedade da saúde pública. Ouvindo diferentes realidades, percebemos que as dificuldades iniciais podem fazer parte de algo ainda maior”, afirma Celso.
Construção coletiva para um futuro sustentável
Segundo Enio Verri, diretor-geral da Itaipu Binacional, os núcleos são espaços que unem compromisso ambiental e social, promovendo parcerias entre ministérios, universidades, movimentos sociais e instituições locais.
“Queremos criar uma grande consciência ambiental e social, fortalecendo ações sustentáveis para um país mais justo”, destaca Verri.
A metodologia aplicada nos Núcleos visa planejamento estratégico e monitoramento de impacto, garantindo que cada ação gere resultados reais nas comunidades. Esse modelo permite que diferentes setores se integrem, ampliando soluções e identificando desafios críticos.
Silvia Andréa, diretora de uma cooperativa de catadores em Colorado (PR), destaca a importância desse processo:
“É uma oportunidade de crescimento. Nossa comunidade é unida e participativa, e agora temos mais ferramentas para desenvolver nossos próprios projetos”.
Temas transversais e impacto nas comunidades
Criados em 2024, os Núcleos abordam temas interligados, como geração de emprego e renda, gestão de resíduos, saneamento básico, saúde pública e educação. Ao discutir saúde, por exemplo, também são considerados aspectos como qualidade da água, mudanças climáticas e desigualdade social.
Lidiani Izidoro, educadora ambiental em Londrina, reforça a importância desse olhar sistêmico:
“Uma sociedade sustentável se constrói ouvindo a população. Quando formalizamos ações, sabemos quais caminhos seguir para uma transformação real”.
Planos de ação concretos
Os Núcleos já resultaram em estratégias práticas, como:
- Curitiba e Região Metropolitana: diagnóstico ambiental para embasar políticas públicas sobre qualidade da água.
- Campos Gerais: incentivo à capacitação profissional nas escolas, combatendo a evasão escolar e preparando jovens para o mercado de trabalho.
- Norte Pioneiro: fortalecimento da reciclagem, com educação ambiental, regularização de aterros e capacitação de catadores.
- Centro-Sul do Paraná: valorização da produção local e apoio técnico para pequenos produtores, reduzindo a dependência da monocultura.
“Nossa maior preocupação é a juventude. Queremos mostrar que é possível viver bem da agricultura, desde que adotemos práticas sustentáveis”, afirma Antônio Ostrufk, agroecologista dos Campos Gerais.
Desde setembro de 2024, mais de 10 mil pessoas participaram dos encontros presenciais e online promovidos pelo programa. Para 2025, o cronograma inclui oficinas sobre mudanças climáticas e resíduos sólidos, ampliando a formação dos envolvidos.
“Nosso papel é garantir que os participantes saibam como agir para promover mudanças reais. O conhecimento é a base para transformar comunidades”, conclui Irineu Colombo, diretor-superintendente do Itaipu Parquetec.
Com iniciativas concretas e o envolvimento direto da população, os Núcleos de Cooperação Socioambiental mostram que a transformação dos territórios começa com a união de esforços e a construção coletiva de soluções.