Apenas guitarra, bateria e voz no palco. Mas com muitas ideias sonoras de fundo e à frente, preenchendo os espaços. Por meio de sintetizadores e experimentações, Felipe Kuroda (descendente de japoneses, nascido em Brasília e radicado em Palmas – TO) e Renato Rezende (Anápolis – GO) formam o som da Banda Kanichi (Palmas/TO), atração que passou por Maringá em duas oportunidades neste mês de outubro, durante a Turnê Dragão. É um “Batuque Sintetizado Tocantinense”, como o duo mesmo se autodenomina.
As apresentações em solo maringaense se deram no Teatro Barracão Paulo Mantovani, no Convite à Música, e na lendária Tribo’s. Além de cidades como Apucarana, Paranavaí e Londrina. O caminho foi aberto pelo 43duo (Paranavaí), que possibilitou que a Kanichi pudesse fazer os contatos musicais e trilhar pelo Norte/Noroeste do Paraná; além de conhecer nomes do underground paranaense.
“De trocar experiências”, frisa Rezende, em entrevista, destacando que músicos de outras bandas da região paranaense ajudaram de várias formas. “Recebeu a gente com muito carinho”, diz Kuroda, referindo-se ao acolhimento do estúdio Garagem em Paranavaí, por exemplo. “É só gente bacana”, acrescenta o guitarrista, elogiando o povo do Paraná.
A dupla já passou pelos principais festivais do Tocantins – Tendencies Rock Festival, Festival Bem Ali e PMW Rock Festival – e também marcou presença em palcos nacionais como o Festival Casarão (RO) e o Goyazes (GO). Em 2025, retornou ao Festival Casarão, agora com shows em Rondônia, Roraima e Amazonas, além de apresentações em São Paulo e Manaus.

Sonoridade
Amigos de infância, Kuroda (guitarra/voz) e Rezende (bateria) constroem seu som autoral, com músicas gravadas e discos, como é o caso do EP “Dragão” lançado em 2025, composto de seis faixas.
“Tem muitos instrumentos e muitos sons diferentes ao mesmo tempo”, explica o batera, em relação ao trabalho em estúdio. Por exemplo, o contrabaixo é sampleado e utilizado em apresentações ao vivo como as que ocorreram em Maringá.
“A gente trabalhou muito para entender essa ideia da mistura de samplers e ritmos, equilibrar”, aponta o guitarrista, referindo-se aos primeiros anos do duo. “O desafio era a criação de uma identidade”, complementa. Nessa caminhada, eles trabalharam bastante até achar o ponto ideal, principalmente para soar natural nos shows.
“Essa ideia de tocar sampleado é muito antiga. Os Beatles já faziam isso”, contemporiza Rezende, explicando que uma banda de grande porte hoje tem equipamentos de última geração para fazerem isso. “Agora, como a gente consegue, como dupla”, afirmando que o duo tocantinense faz tudo (produção, soltar o sample etc.) e acabou desenvolvendo um mecanismo próprio, que é uma espécie de “terceiro” elemento da banda, batizado de “Frida”. Inclusive, em shows com outros duos, os integrantes da Kanichi costumam ficar de olho no equipamento dos colegas para buscar ideias e inspirações.

Autoral
Muito além do setup, o que dá liga à dupla de Tocantins é o interesse por produzir material próprio. “A gente sempre foi apaixonado por música autoral, pela criação”, sintetiza Kuroda, que também é vocalista do projeto. Na visão de Rezende, o importante é distribuir suas faixas por vários lugares e criar conexões. “Eu até brinco sobre isso: é o ‘live the dreams’, estou vivendo o meu sonho”, exemplificando que conheceu o 43duo, que é projeto formado por Hugo Ubaldo e Luana Santana, dois músicos que também pensam em criar suas músicas autorais. Aliás, conheceram a dupla paranaense por acaso, na avenida Paulista em São Paulo, durante apresentações de várias bandas no mesmo dia. “A gente ficou amigo”, complementa o guitarrista de Tocantis, estado em que o 43duo tocou posteriormente.
“Tudo o que eu sonhava quando tinha 15 anos. ‘Nossa, agora eu tenho uma banda, vou poder viajar e tocar’. Essa é sempre foi a nossa ideia”, destaca o batera.
PNAB
O projeto que passou pelo Paraná foi realizado pela Banda Kanichi, com recursos da Política Nacional Aldir Blanc/PAAR 2024, do Ministério da Cultura, operacionalizados pela Secretaria de Cultura do Tocantins.

Serviço
Para conhecer o trabalho da Kanichi, basta acessar as plataformas digitais de áudio e também o perfil oficial da banda nas redes sociais: @kanichi.band