Produzindo uma arte carregada de protesto, mensagem e romantismo, o casal de rappers Mano Shock & Tati Araujo se destaca na cena cultural de Sarandi, município fronteiriço a Maringá.
Os dois são vozes do movimento hip hop que se preocupa com a crítica, em busca da mudança estrutural na sociedade. “As nossas letras, em particular, a gente canta o que a gente vive ou o que a gente presencia”, diz Tati, em entrevista à reportagem.
Há cinco anos, ela foi apresentada à essência do rap por Shock, quando os dois engataram o relacionamento. Ele, com experiência de 21 anos na música, compondo e cantando. Ela, ainda “engatinhando”, mas com muita bagagem de vida. “Hoje não vivo sem ele [rap]”, afirma a cantora e compositora.
Aliás, a experiência de vida dá o tom de suas letras. “É muito difícil você pegar uma letra minha ou do Shock que não tenha algo da nossa vivência, da nossa experiência, da nossa luta. Ou tanto para o lado bom ou para o lado ruim, mas sempre são vivências e situações que a gente presencia”, destacando que a ideia é passar para a comunidade as mensagens, tanto de resgate quanto de protesto. Em busca de uma mudança estrutural na sociedade, resume Tati.
Assim, a dupla trabalha de maneira independente na cidade de Sarandi, com envolvimento em projetos sociais, eventos públicos e particulares.
Até o momento, o casal já lançou 25 singles nas plataformas digitais. Mas até o final do ano, a previsão é lançar um álbum, cujo título é “Sex Jazz Night”. “É uma mistura do boom bap com jazz, blues… uma pegada bem diferente do comum”, explicam, destacando que o trabalho terá protesto, mensagem e romantismo.
“É um álbum bem leve. É para você ouvir viajando, por exemplo. Ouvir num churrasco em família. Nada muito pesado”, diz Tati.
Na última quarta-feira, 20 de novembro, feriado do Dia da Consciência Negra, a dupla se apresentou durante a 2ª edição da Virada Cultural – Igualdade Racial, na Praça dos Três Poderes de Sarandi. Uma das faixas do álbum, “Nem que eu sangre”, foi cantada nesse evento organizado pela Show Black. O disco está em fase final de produção.
Inclusão
Em particular, Tati, que é PcD (sigla que significa “pessoa com deficiência”), encontrou um espaço de inclusão no rap. Na verdade, o acolhimento também se deu na esfera de gênero, pois se trata de um ambiente ainda dominado por homens para compor e cantar. “São raros os espaços que dão oportunidade para as vozes femininas estarem presentes”, avalia a rapper.
Em O Clã, são três mulheres participando deste coletivo de artistas independentes: Clivia, Sandrinha Mga e Tati Araújo.
“Fazendo parte como mina, como mulher, como guerreira, mãe, esposa, eu acho uma oportunidade muito grande, me sinto lisonjeada. Principalmente no meu caso por ser PcD também, me sinto inclusa no ambiente, me sinto inclusa nas ideias e eu consigo enxergar quando eu me apresento que pessoas também com as mesmas limitações que eu, às vezes se sentem desassistidos, conseguem enxergar que eles também podem, que têm direito de voz, de vez. Isso vai mudando a visão das pessoas ao redor”, afirma Tati, destacando que o público pode se identificar com suas letras, com a sua limitação física.
Desse modo, a rapper da dupla com Mano Shock se sente inclusa no movimento hip hop, pois o espaço foi aberto para a participação feminina, expressando o que sente. “Porque somos capazes também de rimar, somos capazes de compor, de escrever e não só ficar no backing vocal. Fazer da mesma forma que os manos fazem no palco, as minas também fazem muito bem”.
Agenda
No dia 27 de novembro, Mano Shock & Tati Araujo vão se apresentar na Pingaria; e dia 21 de dezembro, as minas do Clã farão show na Groove Brew House. Ambas casas noturnas localizadas em Maringá.
Serviço
Para ouvir e conhecer mais do trabalho de Mano Shock & Tati Araujo, basta acessar seu perfil oficial no Instagram (@manoshock_tatiaraujo) e procurar suas músicas nas plataformas digitais. A agenda de shows também está disponível nesse canal.