Corações, mentes e sons: banda Naipe de Copas

Integrantes da banda nos estúdios do jornal (Crédito: Gabriel Tazinasso)

Nos jogos de baralho, um dos quatro naipes é o de Copas, cujo símbolo é o tradicional ideograma que designa o coração. E também batiza a banda maringaense Naipe de Copas, que é formada por Layla Olivatti (voz), Zhivago Dias Mendonça (guitarra), Felipe Lima dos Santos (bateria) e Zerb (baixo).

Apesar do nome relativamente novo no mercado, o projeto de coração é fruto de uma carreira sonora de ao menos duas décadas em Maringá e no Paraná. O duo Layla e Zhivago já teve a experiência do antigo projeto Patriotas do Rock, que gravou álbuns/singles, fez shows e marcou a cena.

Mas desde o ano passado, a Naipe de Copas tem feito a cabeça da banda e do público. A proposta é de “sonoridade cativante e contagiante com influência histórica do estilo rock and roll, soando hoje de forma moderna, original e inovadora”, como eles mesmo se descrevem.

“A gente se conheceu há 16 anos justamente por causa de banda, em Maringá. Porque eu já cantava, ele [Zhivago] tocava e a gente acabou se conhecendo de uma forma bem inusitada que na época tinha o Cifra Club. Tinha o ‘monte sua banda’. Você escrevia o que fazia e se conectava com pessoas. A gente acabou se encontrando lá”, recorda a vocalista, referindo-se ao site que é conhecido por reunir cifras de canções.

Assim, passaram a tocar juntos durante dois anos. Mas por motivos pessoais, Layla se afastou durante quase uma década e o guitarrista continuou na trilha musical.

Um tempo depois, os dois voltaram a se encontrar, quando Zhivago retornou a Maringá após um período no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Nesse Estado, ele pôde conhecer e vivenciar outro sistema de produção musical e shows. “Tive um choque grande, entre bandas, produção, gravação”, destacando a estrutura profissional em terras gaúchas.

Nesse retorno em 2008/2009, o músico reencontrou Layla, que tinha composto canções próprias. Ambos queriam participar do então festival Acorde Universitário que destacava o trabalho autoral. Assim, eles gravaram três músicas de autoria da vocalista, com produção e arranjos do guitarrista.

“Quando eu cheguei aqui, comecei a gravar com ela [Layla]. Aí falei ‘agora vamos começar a gravar’ e não parei mais”, contando que isso vem ocorrendo desde 2010, com uma pausa forçada durante a pandemia.

Nesse processo todo, depois com a maturidade na carreira, perceberam que o que vale a pena é o patrimônio musical, ou seja, a construção de um repertório autoral. Pensando também no material lançado de cinco discos da antiga Patriotas. “As pessoas acabam ouvindo. A gente acaba republicando hoje e começa a ter ouvintes e pessoas querendo entender melhor. E até mesmo curtir”, diz Zhivago.

Guitarrista e vocalista da Naipe de Copas (Crédito: Divulgação)

Renúncia
De maneira geral, a música, segundo a dupla, é uma atividade que exige renúncia. “A gente se dedica de verdade. Para fazer algo realmente legal, para a gente conseguir construir algo sólido e profissional, a gente tem que se dedicar de verdade”, conta Layla.

Quando retornou aos trabalhos na música, era apenas ela e Zhivago. Depois, conseguiram formar a banda com mais integrantes. Isso até ser rebatizada, aposentando o nome Patriotas do Rock, que foi utilizado durante duas décadas.

“Sonhei com coisas de coração e passei em uma carta de baralho… assim, nasceu Naipe de Copas”, explica Zhivago, lembrando que o novo nome foi adotado há pouco mais de um ano.

No primeiro semestre de 2024, já realizaram 30 shows em casas e barzinhos na nova fase do projeto. Seja com banda em versão amplificada ou desplugada, quando é apenas o duo Zhivago e Layla. É um repertório estudado e ensaiado, com ponto de partida e finalização. “E, no final das contas, o que resta dentro da memória é o som autoral”, afirma o guitarrista, dizendo que artisticamente o mais importante é uma pessoa cantando a sua música autoral na playlist dela. “Isso não tem preço. É o seu público”.

Single da Naipe de Copas lançado em setembro de 2024

Singles
Por isso, a Naipe de Copas tem se programado para lançar periodicamente seus singles autorais. Em setembro deste ano, saiu “Me dá um beijo…”, que tem um riff de guitarra marcante. O objetivo do projeto é lançar trimestralmente uma nova faixa.

Em primeira mão, a dupla informa que a próxima canção se chamará “Mais de dez”, prevista para novembro e dezembro de 2024.

Festival
Em maio de 2024, o pessoal da Naipe de Copas foi uma das 19 atrações do 1º Festival de Bandas Autorais de Maringá, um evento produzido pela Associação Cultural Rock do Paraná (ACRP), que é presidida por Ronaldo Marques.

“Eu acho que o mais legal é essa interação, de conhecer novas bandas novas, novas sonoridades, novas propostas. A ideia é intercambiar e procurar o novo. Eu acho que isso foi o mais interessante”, avalia Zhigavo.

Já Layla aponta a diversidade de estilo no rock e também na faixa etária, com muita gente jovem se engajando na causa. Inclusive, ela foi uma das poucas vozes femininas no Festival. “A gente fica até um pouco triste. Porque a gente vê tanta gente legal, mas a maioria das bandas é difícil ver mulheres. E quando tem, geralmente são as vocalistas”, lamentando a falta de instrumentistas e o preconceito.

Por outro lado, ela reconhece que tem bandas na região formada apenas por mulheres. Mesmo assim, deseja que mais figuras femininas possam surgir no ambiente roqueiro.

Entrevista completa com guitarrista e vocalista da banda

Serviço
Para conhecer mais o trabalho da Naipe de Copas, basta acessar seu perfil no Instagram (@naipe.de.copas), com todos os contatos. Suas músicas estão nas plataformas de áudio.

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