Quarto romance de Graciliano Ramos (1892-1953), “Vidas Secas” (1938) é uma das obras-primas da literatura. Nesta segunda-feira, 8 de abril, chega às livrarias em nova edição produzida pela Todavia.
O volume se soma a tantos outros relançamentos do Velho Graça que vêm inundando o mercado desde que sua obra caiu em domínio público em 1º de janeiro de 2024.
Mas a edição da Todavia é especial. Trata-se de um trabalho coordenado por Thiago Mio Salla, que é doutor em ciências da comunicação e em letras pela Universidade de São Paulo (USP). Docente e pesquisador da Escola de Comunicações e Artes da USP e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa da FFLCH/USP, publicou, entre outros, “Garranchos: Textos inéditos de Graciliano Ramos” (2012), “Graciliano Ramos e a Cultura Política” (2016, vencedor do prêmio Abeu, finalista do Jabuti e do prêmio da Biblioteca Nacional) e “Graciliano na terra de Camões” (2021).
Em parceria com Ieda Lebensztayn, organizou os livros “Cangaços” (2014), “Conversas” (2014) e “O antimodernista” (2022), todos sobre o escritor alagoano. Coordena e desenvolve projetos no Fundo Graciliano Ramos (IEB/USP).
Em resumo, Salla é um especialista em Graciliano. A Todavia já lançou neste ano uma edição de “Angústia”, com o mesmo cuidado editorial.
No caso de “Vidas Secas”, o novo volume teve 12 edições cotejadas para estabelecimento de texto inédito, corrigindo erros e imprecisões editoriais. Seria a versão mais fidedigna da obra.
Além de material extraliterário, como é o caso das notas de rodapé contendo: o significado de palavras ou referências não facilmente encontráveis; contextualização de referências históricas; e relações com o conjunto da obra do autor. E das notas de fim, com as variantes que revelam os estágios de composição do romance.
O leitor também poderá apreciar artigo do professor Adriano da Gama Kury sobre o processo de escrita de “Vidas Secas”. E de quebra, posfácio de Antonio Candido (1918-2017), um dos maiores pensadores da cultura brasileira. Inclusive, a Todavia tem uma série dedicada a este sociólogo e historiador da literatura.
Importância
Obviamente que o mais importante é pôr em circulação uma obra fundamental da literatura, que narra em 3ª pessoa e linguagem concisa a trajetória da família de Fabiano e Sinhá Vitória, em meio à seca que assola o sertão nordestino. É um livro que pertence à segunda fase modernista da literatura brasileira, conhecida como “regionalista” ou “romance de 30”.
Com 13 capítulos, “Vidas Secas” foi concebido inicialmente como contos avulsos, que o autor vendia a conta-gotas para pagar a pensão na qual vivia com a mulher e duas filhas pequenas. Por não terem uma linearidade temporal, podem ser lidos fora de ordem, como contos.
“Este livro se tornou não apenas um dos grandes clássicos da literatura brasileira, mas também o maior sucesso editorial do escritor. Graças à sua vitalidade narrativa, à sua dolorosa atualidade e ao seu retrato expressivo e descarnado da gente do sertão, este livro ocupa um lugar de proeminência entre os clássicos da nossa literatura”, diz a Todavia.
Autor
Graciliano Ramos de Oliveira nasceu em 1892, no município de Quebrangulo, Alagoas. Um dos maiores escritores da literatura nacional, é autor de clássicos como “Vidas Secas” (1938) e “Memórias do cárcere” (1953).
Ficha técnica
Gênero: Ficção brasileira
Capa: Kalany Ballardin | Foresti Design
Formato: 13,5 × 20,8 × 1,1 cm
Páginas: 192 PESO 0,260 kg
ISBN 978-65-5692-579-0