Escritor Itamar Vieira Junior lota teatro do Sesc Maringá em palestra na Semana Literária

Itamar Vieira Junior é autor de "Torto Arado" (Crédito: Cristiano Martinez)

Diante de um teatro lotado, repleto de “tortoaraders”, o escritor baiano Itamar Vieira Junior reencontrou o público maringaense na noite desta quinta-feira, 14 agosto. A mestre de cerimônias foi Nayane de Abreu Schamberlain.

Ele voltou a Maringá, após um ano e meio, para participar da 44ª Semana Literária Sesc e Feira do Livro. Sua participação era esperada com grande expectativa. Havia estimativa de casa cheia, e foi o que se confirmou. Literalmente, não havia um lugar sequer livre.

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O público, formado por idades variadas com boa parcela de jovens, queria ver ou rever o autor de “Torto Arado”, que vendeu mais de 1 milhão de exemplares. Vieira Junior tem um projeto de literatura marcado principalmente pela Trilogia da Terra, cujo livro derradeiro deve sair ainda este ano.

Durante mais de 40 minutos, o baiano conversou sobre o tema “Literatura e o direito ao chão”. Ele abriu a palestra lendo um trecho de “Salvar o fogo”, romance de sua autoria, e fechou com passagem de “Torto Arado”. A partir das personagens deste livro, toca-se em uma história secular relacionada à formação da terra no Brasil.

Sendo servidor público do Incra, tem contato com a questão fundiária da posse da terra, o que lhe propiciou o conhecimento que embasa sua criação ficcional. Pode-se dizer que nos dois romances está impresso o DNA do autor nas temáticas que remetem ao meio rural, as famílias que vivem na extrema pobreza, analfabetismo, abusos econômicos, preconceitos social e racial. Os ambientes físicos e humanos têm a mesma paisagem e remetem à desigualdade social existente na sociedade brasileira e às dificuldades inerentes a classe mais desfavorecida.

Escritor convidado no palco do teatro do Sesc Maringá (Crédito: Cristiano Martinez)

Ao longo da noite, o autor citou o clássico texto do crítico literário Antonio Candido, “O direito à literatura”; explanou sobre a capacidade da literatura de devolver a alteridade, ou seja, de se colocar no lugar do outro; entre outros pontos. Sempre de maneira muito serena e lúcida. Na plateia atenta, podia-se ouvir o farfalhar de uma folha.

E um detalhe curioso: Vieira Junior identificou o escritor maringaense Oscar Nakasato na primeira fileira. O cumprimentou e teceu elogios a “Nihonjin”, premiado livro desse filho da Cidade Canção, ganhador do Prêmio Jabuti. Durante a sessão de autógrafos, os dois trocaram figurinhas (literárias, diga-se de passagem).

O palestrante tratou todos os leitores com atenção e gentileza. Por exemplo, um grupo de jovens tietou o convidado. Enfim, uma noite histórica.

Encontro de Oscar Nakasato e Itamar Vieira Junior (Crédito: Cristiano Martinez)
Parte do público era formado por jovens (Crédito: Cristiano Martinez)
Mestre de cerimônias foi Nayane de Abreu Schamberlain (Crédito: Cristiano Martinez)

Lançamento de coletânea
A 10ª edição da Coletânea Sesc de Contos Infantis teve lançamento em Maringá, nesta quinta-feira, 14 agosto, na Sala de Leitura da unidade maringaense do Sesc.

Sob coordenação de Nayane de Abreu Schamberlain, orientadora e à frente da biblioteca, o evento reuniu o curador e escritor Olívio Jekupé, a ilustradora Izabela Bombo e a escritora Roberta Ambrosio Boscolo. Aliás, ambas são de Maringá e deram uma cor “pé vermelha” ao livro publicado pelo Sesc PR.

Inclusive, Boscolo emplacou o conto “O que não perde o valor” nas páginas do material.

No início do ano, o edital convidou escritores paranaenses a inscreverem contos inéditos voltados ao público infantil.

Com curadoria de @olivio_jekupe , foram selecionadas dez obras de autores de sete diferentes cidades do estado. Os contos escolhidos foram ilustrados por @izabombo e publicados na coletânea que é lançada agora, durante a programação da 44ª Semana Literária Sesc Paraná & Feira do Livro, em diversas cidades do Paraná.

Lançamento do livro na Sala de Leitura do Sesc Maringá (Crédito: Cristiano Martinez)

A iniciativa integra um conjunto de ações do Sesc PR voltadas ao incentivo à literatura – como os Laboratórios de Literatura, a Rede Sesc de Bibliotecas, o projeto Arte da Palavra e a própria Semana Literária. Como nas edições anteriores, a Coletânea contará com versão física, digital e em audiolivro, ampliando o acesso às obras selecionadas.

Fazem parte da coletânea os textos: “Ita-Curuê-Taba: o dia que Tupã desceu do céu”, de Alfredo Mourão, de Ponta Grossa; “Um presente inusitado”, de Anecy Oncken, de Umuarama; “Tudo o que posso ser”, de Bel Akemi, de Curitiba; “As fadas dos pés vermelhos”, de Cléo Moreira, de Rolândia; “Dalton não queria ver ninguém”, de Diego Gianni, de Curitiba; “Tião e o papelão”, de Egon Zek de Oliveira, de Curitiba; “Meu amigo boitatá”, de Haroldo José Andrade Mathias, de Irati; “Wanda e os livros esquecidos”, de Kleber Bordinhão, de Ponta Grossa; “O que não perde o valor”, de Roberta Ambrosio Boscolo, de Maringá, e “Histórias de um gato que desejava ser galo”, de Silza Maria Pasello Valente, de Bela Vista do Paraíso.

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