Escritor vai estrear a coluna de literatura ‘Canteiro de Obras’

No estúdio do jornal, escritor conversou sobre a nova coluna (Crédito: Reprodução)

O escritor, psicólogo e professor Daniel D’Avila vai entrar para o seleto time de colunistas do jornal O Maringá.

Ele passará a escrever uma coluna sobre literatura batizada de “Canteiro de Obras”, em alusão ao seu primeiro livro, publicado pela editora maringaense Viseu em 2023. Aliás, obra que tem prefácio do poeta Jaime Vieira, pioneiro nas letras maringaenses e nome nacional.

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Membro da União dos Escritores e Jornalistas de Maringá (Unijore), D’Avila terá sua coluna nos formatos online (portal www.omaringa.com.br) e impresso. No caso do digital, sua ideia é publicar poemas e textos literários diariamente. “Textos de minha autoria e em algum momento ou outro posso colocar textos de grandes escritores, aqui da região de Maringá e nível de Brasil. Abrir um espaço para esse pessoal”, explica, em entrevista gravada nos estúdios do jornal.

Já na tradicional edição semanal deste jornal, a proposta é mais diversificada: entrevistas, reportagens e também material de literatura. “Por exemplo, na matéria de estreia eu pretendo fazer uma entrevista com o Jaime Vieira, que é meu padrinho. Ele fez prefácio dos meus dois livros”, referindo-se a “Canteiro de Obras” (2023) e “Vate!” (2024), este publicado pela editora curitibana Appris. Aliás, sua estreia no mercado editorial impresso teve lançamento durante edição da Festa Literária Internacional de Maringá (Flim) e no Centro Universitário Cidade Verde (UniCV). Por sua vez, o segundo livro foi apresentado a leitores e leitoras na Flim e na famosa Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).

Para o segundo semestre de 2025, a previsão é de publicar sua terceira obra, cujo título será “Desideratum”. “É uma palavra latina, que quer dizer ‘inspiração’, ‘aspiração’”, explica. Inclusive, ele pretende apresentar em primeira mão, na coluna, alguns poemas do futuro lançamento, que está em processo de edição e vai percorrer o circuito de feiras literárias quando estiver pronto.

Trajetória
Além de psicólogo, Daniel D’Avila tem formação em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). No entanto, sua história com a literatura é mais antiga, pois vem desde a adolescência. Com 13, 14 anos de idade, ele lia bastante filosofia e literatura. “Inclusive, eu até cursei Filosofia, até o terceiro ano. Mas fui viajar e acabei trancando. Voltei e me formei em Letras Português/Francês pela UEM. E agora recentemente em Psicologia pela PUC e UniCV”.

Desde garoto, D’Avila tinha o sonho de se tornar escritor. Para isso, ele precisava ler muito para chegar ao momento vivido hoje. “Eu sempre trabalhei para isso, para poder lançar os meus livros e fazer a minha obra”. Além das duas obras lançadas e a terceira a caminho, o autor colaborou com coletâneas nacionais e internacionais, além de publicações em jornais, blogs e redes sociais. No total, são cinco anos nesse ritmo de publicação literária.

Confira neste vídeo a conversa na íntegra com Daniel D’Avila

Referências
Em termos de referências, o novo colunista do jornal O Maringá tem uma leitura bastante diversificada. Por exemplo, gosta da moderna literatura brasileira, com apreço pelo Modernismo de Oswald de Andrade (autor de “Memórias sentimentais de João Miramar”), Mário de Andrade (de “Macunaíma”), Murilo Mendes (de “Poemas”) etc.

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Mais à frente na história da literatura, D’Avila gosta do multiartista paranaense Paulo Leminski, uma grande influência em seu trabalho. Na capa de “Canteiro de Obras”, o maringaense aparece na foto segurando um exemplar de “Catatau”, prosa experimental de Leminski lançada em 1975.

O novo colunista valoriza também a literatura produzida na Cidade Canção, citando Jaime Vieira. “Inclusive, Vieira tem poemas com o Paulo Leminski, em parceria”, diz D’Avila.

E ainda no rol de influências, a poesia marginal dos anos de 1970, caso de Cacaso e Ana Cristina Cesar; escritores do século 19; mais Ezra Pound, Edgar Allan Poe, Clarice Lispector, Nelson Rodrigues. “Enfim, todos os clássicos e modernos. Além da filosofia e da psicologia, que também é uma área que eu leio muito”, destacando que são inspirações para sua própria obra.

Na quarta capa de “Vate!”, o crítico literário, ensaísta e poeta Ricardo Vieira Lima, um grande escritor do Rio de Janeiro com doutorado em literatura brasileira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), chamou atenção para as influências presentes na produção de Daniel D’Avila. “Autodefinindo-se como um artista louco, devasso, dadaísta, anarquista, mas, no fundo, altruísta e lírico – portanto, ‘tudo ao mesmo tempo agora’, como cantam os Titãs, que integram o variado paideuma do poeta curitibano -, Daniel D’Avila estreou na poesia brasileira em 2023 com o seu ‘Canteiro de Obras’, sob as bênçãos do poeta maior Jaime Vieira. Já nesse primeiro livro, Daniel disse ao que veio: autor de uma prosa caótica, iconoclasta e criativa, e de poemas que refletem, a seu modo, artistas e intelectuais tão diversos, a exemplo de Aristóteles, Bocage, James Joyce, Thomas Mann, Ernest Hemingway, Jack Kerouac”, escreve Lima.

Nesse sentido, D’Avila reconhece que tem uma poesia de versos livres, modernista, “oswaldiana, antropofágica”, conforme suas palavras.

Além de psicólogo, Daniel D’Avila tem formação em Letras pela UEM (crédito: Divulgação/Carolina Luna)

Música
Ligado à música, “arranhando as cordas” como se diz, Daniel D’Avila recebe influências de figuras como Raul Seixas, um dos maiores nomes do rock produzido no Brasil. Detalhe: o escritor local se valeu de um poema de Raul, “Apesar dos pesares”, para epígrafe de “Canteiro de Obras”. Sem contar que, na já citada foto da capa, o poeta de Maringá veste uma camisa do roqueiro e tem um violão ao lado.

Nessa seara musical, D’Avila conta que já escreveu letras para canções, mas ainda tem dificuldade com a harmonização. “Mas é algo que pretendo fazer daqui para frente. Eu tenho muitos amigos que têm banda”.

Uma das suas inspirações, Paulo Leminski, era um artista multifacetado, produzindo poemas, prosa, textos publicitários, ensaios, traduções e letras de música ao violão. Foi gravado por Caetano Veloso, Blindagem, Guilherme Arantes, entre tantos.

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