Escritora de Maringá, finalista do Jabuti de 2022, é uma das atrações da Flim 2023

Hada 2

Crédito: Cristiano Martinez

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Em 2022, a escritora radicada em Maringá Hada Maller fez história ao chegar à final na categoria Contos da 64ª edição do Prêmio Jabuti, o mais tradicional do mercado editorial brasileiro.

Quase um ano depois, Maller é uma das atrações da Festa Literária Internacional de Maringá (Flim), evento que, sob o tema “Conectando Gerações”, ocorrerá a partir da próxima quarta-feira, 4 de outubro, em dois espaços na Cidade Canção: estacionamento do Estádio Regional Willie Davids e Biblioteca Centro. Tudo com entrada gratuita.

A escritora, diagramadora e comunicóloga está escalada para o dia 7 de outubro (sábado), a partir de 14h, em mesa ao lado de Melissa Garabeli e Phellip Williams, mediada por João Paulo Baliscei, no auditório Capitu do Willie Davids. Na pauta, o tema “Imagens em palavras, palavras em imagens”.

Para quem não sabe, Maller trabalha com literatura e design, que são suas formas favoritas de expressão. Ela é formada em Comunicação e Multimeios pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Seu livro que concorreu ao Jabuti do ano passado é “A ilha dos sentimentos perdidos”, uma narrativa textual que é ilustrada, na abertura de cada um dos contos e a capa, pela artista Paloma Barbosa dos Santos. Além do que a diagramação do livro, publicado de maneira independente, é da própria escritora.

Em outras palavras, tanto a palavra quanto o visual têm impacto na criação artística de Maller. Aliás, esse livro do Jabuti é resultado do trabalho final da autora para a disciplina Planejamento e Produção em Multimeios quando era acadêmica do curso de graduação na UEM, em 2020. A obra ficou pronta em 2021 e ganhou o mundo.

Em cena, no plano ficcional de “A ilha dos sentimentos perdidos”, cinco personagens protagonizam, individualmente, cada uma das histórias que compõem a narrativa: Everton, Graciela, Marina, Pedro e Rosa. Todas se passam em uma ilha, formando um microcosmo, repleto de temas como amor, preconceito, violência contra a mulher, censura etc.

Os contos podem lidos separadamente, pois cada um tem a sua autonomia. Mas vistos em conjunto, compõem um mosaico desse espaço ao mesmo tempo carregado de sentimentos e permeado pelo fantástico. O tempo e a distância ganham outra dinâmica na tessitura textual, podendo distender de uma maneira extraordinária ou simplesmente entrar em suspensão.

Por exemplo, no conto de abertura, protagonizado pelo apaixonado Pedro, a mobilidade é um fator preponderante na organização da narrativa. O personagem é cadeirante e precisa percorrer o itinerário de uma linha de ônibus para chegar ao ser amado; em suma, ele é transportado ao longo do conto, para vencer 14 horas entre uma ponta à outra da Ilha.

“O amor e o tempo têm uma relação caótica. Para alguns casais, o tempo para durante o toque. Para outros, num piscar de olhos, o dia repleto de segredos cúmplices se acaba. Para aqueles que têm a sorte das bodas de ouro, é um aliado. E, para os que dependem dele para o planejamento de suas vidas, escorre pelos dedos junto às memórias do que foi real apenas em pensamento. Não raras as vezes, sem tempo, o amor não consegue recomeçar”, diz o trecho inicial do texto.

Mas o trajeto ganha outro significado numa ilha em que a distância parece ser muito maior do que a quilometragem física.

Para não dar nenhum spoiler, basta dizer que Pedro se perde em seu sentimento.

Detalhe da ilustração que abre o primeiro conto do livro (Crédito: Cristiano Martinez)

Tema
Além da presença do mistério e do insólito, a narrativa de “A ilha dos sentimentos perdidos” tem um componente fundamental: os personagens centrais de cada conto são PCDs (pessoas com deficiência física).

“São personagens complexos, nem bons nem maus, com suas próprias características e realizações. Claro que também tem muito de mim nessas histórias. Para mim, seria impossível escrever narrativas em que eu também não estivesse presente, e absolutamente todos os personagens desses contos têm um pouco de Hada, meus sonhos, incertezas, medos, acertos e erros”, diz a autora, na apresentação do livro.

O projeto que se tornou essa obra buscava a representação de PCDs na literatura. “Quantas pessoas com deficiência física você se lembra de ter aparecido nos seus livros, filmes ou séries favoritas?”, questiona a escritora na apresentação.

Para a realização dessa pesquisa, ela conta que entrevistou PCDs, a fim de sanar suas dúvidas e saber um pouco de suas histórias, “como inspiração e força para que tudo isso acontecesse”.

Para amarrar tudo isso, “A ilha dos sentimentos perdidos” se vale de uma narrativa fluida, carregada de imagens, metáforas e o desconhecido, “no sentido borgesiano do termo”, segundo o orientador do projeto, Thiago Henrique Ramari, na orelha do livro.

Segundo ele, Hada Maller dá visibilidade a PCDs. “E a autora não o faz pelo viés condescendente, estereotipado ou pedante, o que seria reprimível. Ela o faz por meio de narrativas fantásticas, adjetivo que vale tanto para o gênero literário como para a qualidade textual”.

“Este livro é uma forma de, juntos, podermos construir uma visão com menos preconceitos, sejam eles de qualquer natureza”, finaliza Maller a apresentação da obra.

Autora participou de entrevista na rádio da UEM (Crédito: Natasha Oraveis)

Ilustradora
Técnica em Comunicação Visual e formada em Artes Visuais, Paloma Barbosa dos Santos é ilustradora e assina seus trabalhos como Partes desde 2015.

Serviço
O livro “A ilha dos sentimentos perdidos” pode ser adquirido diretamente com a autora, mandando mensagem para seu perfil nas redes sociais (@hadamaller).

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