Nem a passagem do tempo conseguiu amolecer o velho Chacal. Ele continua cruel e durão.
No 2º volume da nova série “O Retorno do Chacal” (selo Unspila da ed. Tábula), Douglas Freitas (roteiro) e Jordí (arte) apresentam um Tony Carson mais velho, em HQ que se passa em 1907, no Velho Oeste.
O conhecido caçador de recompensas precisa enfrentar consequências de seu passado. Falar mais do que isso, é estragar as grandes surpresas dessa trama escrita de maneira certeira por Freitas, que é também editor dessa coleção em curso pela catarinense Tábula; e desenhada com dinamismo e em alto nível pelo mestre Jordí Martinez.
O que se pode adiantar é de que se trata de uma HQ de 20 páginas inédita na cronologia do personagem criado em 1981 por Ota Assunção (editor) e Antonio Ribeiro (roteiro). Além das artes de Jordí e Antonino Homobono, naquela época em que a revista “Chacal” era publicada pela hoje saudosa Vecchi.
Tony Carson nasceu como um pistoleiro sem escrúpulos ou moral, preocupado apenas em caçar os bandidos listados naqueles famosos cartazes de “Procura-se”. Vivo ou morto. Não importa. O que interessa é o dinheiro das recompensas. Nem que seja preciso matar, violentar e tudo o mais.
O espírito desse vilão é captado à altura pelo roteirista da inédita “Ouroboros” e eternizada no traço cada vez melhor de Jordí, um espanhol radicado no Brasil cuja arte só melhora com o tempo. Já era acima da média nos anos de 1980. Mas é incrível observar como seu desenho está mais refinado, simples e direto ao ponto nessa volta ao personagem após 43 anos.
O quadrinho é em capa cartão, com 104 páginas, miolo em couchê, preto e branco e no formato 17 por 25cm.
Artista
Jordí Martinez começou a desenhar profissionalmente aos 14 anos como assistente no estúdio de criação de histórias em quadrinhos da editorial Bruguera, a maior editora do ramo em Barcelona (Espanha), que publicava Pulgarcito, DDT e CAPITÃO TRUENO entre outras, aprendizado que complementou estudando no Reial Cercle Artistic, na mesma cidade. Quando chegou ao Rio de Janeiro Brasil, em 1975, trabalhou no estúdio da editora Globo, antiga Rio Gráfica, desenhando títulos como Sítio do Picapau Amarelo enquanto desenhava os Trapalhões, para a Ed. Bloch e terror para as revistas Espectro e Sobrenatural, entre outras, da extinta editora Vecchi. E finalmente assumiu o título Chacal, para o qual desenhou mais de 650 páginas, complementando seus estudos de desenho e pintura com bons livros de anatomia e exercitando do natural e com Modelo Vivo.
Na década de 80, Jordí se mudou para São Paulo, onde trabalhou por mais de 20 anos em agências de publicidade, como criativo e ilustrador (DPZ e Ingrupo propaganda, entre outras). Em 2007 retornou a Barcelona, onde ficou durante 10 anos estudando desenho e pintura de Modelo Vivo no Cercle Artistic Sant Lluc, período no qual teve a oportunidade de visitar diversos países da Europa e afinar o seu olhar de artista nos melhores museus de arte do mundo.
Na volta ao Brasil, deu alguns cursos de desenho de figura e desenvolveu um curso em vídeo, com forte presença no Instagram através do perfil: @figura_sem_stress, enquanto continua atendo na área de design para alguns clientes, e fazendo charges e caricaturas para outros. Nos últimos anos, foi publicado uma de suas histórias do Chacal pela Ucha na HQ “Chacal – Pacto Rompido” (2021) e outras duas pela Skript na HQ “Chacal – Caçador de Recompensas” (2023), onde também publicou o quadrinho “Aventuras Macabras de Edgar Allan Poe” (2022) ao lado de Flavio Colin, Júlio Shimamoto e Eduardo Menezes. Atualmente, vive em São Paulo. Instagram: @figura_sem_stress
Serviço
A coleção da Tábula está no volume 2 com a finalidade de republicar o material feito por Jordí nos anos de 1980 em 11 edições. O terceiro gibi está em pré-venda pelo Catarse: www.catarse.me/chacal03