O “poeta, poetinha vagabundo”, tão gentilmente chamado assim por Toquinho, também tem o seu lado menos lindo e romântico, por assim dizer. Vinicius de Moraes não é feito apenas de versos de amor ou da “Garota de Ipanema”. É o que a coletânea “50 poemas macabros” (168 págs, R$ 84,90) pretende desvelar, mostrando que o belo e o mórbido andam de mãos dadas.
Lançada neste mês de outubro pela Companhia das Letras, a obra apresenta ao leitor, em 50 poemas, uma faceta que marca toda a produção do poeta, mas poucas vezes recebeu destaque como um dos principais atributos de sua obra. De cemitérios a campos de concentração, caminhando entre fantasmas ou corpos decompostos, está aqui o Vinicius fúnebre e escatológico, aquele que pode ser considerado, “com a devida atenção, o principal herdeiro no século XX da poesia grotesca levada a efeito por Cruz e Sousa e Augusto dos Anjos”, como escreve Daniel Gil, que organiza a seleção e assina o posfácio.
Com projeto gráfico especial e ilustrada por Alex Cerveny, a antologia inclui ainda sete poemas inéditos, extraídos de documentos do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira (AMLB) da Fundação Casa de Rui Barbosa: “A morte sem pedágio”, “A consumação da carne”, “Poema de aniversário”, “Cara de fome”, “Parábola do homem rico”, “Desaparição de Tenório Júnior” e “O sórdido”.
Autor
Vinicius de Moraes nasceu em 1913, no Rio de Janeiro, e morreu em 1980 na mesma cidade. Consagrado como um dos principais poetas de língua portuguesa, foi também cronista, crítico de cinema, dramaturgo, compositor, cantor e diplomata, tendo deixado sua marca incontornável na cultura brasileira.