Semana triste para os aficionados na Nona Arte. É que faleceu John Romita Sr., aos 93 anos de idade, na terça-feira, 13 de junho. Ele é um dos grandes nomes do quadrinho produzido nos Estados Unidos.
Romita Sr. cravou seu nome na história principalmente pela passagem na Marvel Comics (a mesma que publica até hoje as revistas do Capitão América, X-Men, Hulk etc.) nos anos de 1960, desenhando personagens como Homem-Aranha e Demolidor. Sem contar que é cocriador de personagens importantes da editora, como Wolverine, Justiceiro e Mary Jane Watson, o par romântico do “cabeça de teias”.
Na verdade, o nome Romita se tornou sinônimo de comics na história da cultura pop do Ocidente. Pudera, tanto pai quanto filho (John Romita Jr.) estão ligados a momentos cruciais do desenvolvimento dos quadrinhos norte-americanos. Principalmente pelo traço particular, criado por ambos em momentos diferentes na “Casa das Ideias”.
Nos anos de 1960, coube a Romita pai assumir a titularidade nos desenhos da série do Homem-Aranha, substituindo o mito Steve Ditko, cocriador do personagem ao lado de Stan Lee. Com seu traço econômico e elegante, o novo desenhista contribuiu para que o escalador de paredes se tornasse um dos heróis mais importantes da Marvel. Sem contar os desenhos produzidos para outros personagens, caso do Demolidor e do Capitão América.
Aliás, o estilo delineado por Romita para o aracnídeo se tornaria a imagem padrão do personagem para produtos sob licenciamento e animações.
Anos depois, seu filho (Romita Jr.) seguiria um percurso semelhante, criando desenhos também para Homem-Aranha, Capitão América, X-Men etc. Inclusive, migrando para a DC Comics, arquirrival da Marvel no universo dos super-heróis.
Boa parte da saga familiar dos Romita pode ser conferida na edição brasileira de “O legado Romita” (2016, ed. Mythos). Produzido por Tom Spurgeon e Brian Cunningham, o material de 212 páginas reúne uma biografia resumida sobre as respectivas carreiras de ambos os Romita (pai e filho) e duas entrevistas extensas, feitas em ocasiões diferentes com os quadrinistas.
Um dos charmes do livro é o acabamento luxuoso das páginas, impressas em papel especial e recheadas de dezenas de ilustrações em cores. De capas de revistas a rascunhos, passando por reproduções de originais, a obra é um verdadeiro deleite para os aficionados pelo trabalho dos Romita. Mais do que isso: aos amantes da arte bem feita, pois são desenhos que se tornaram históricos nos comics. De um jeito ou de outro, pai e filho estão ligados à consolidação da indústria cultural dos quadrinhos norte-americanos em duas fases.
Pai
Hoje o nome John Romita (pai) é admirado pelos colecionadores de quadrinhos. Mas antes do sucesso com o título do Homem-Aranha, o desenhista penou bastante, sendo inclusive dispensado da Marvel na fase de vacas magras.
Na entrevista do livro, Romita recorda disso, expressando que ficou magoado com Stan Lee naquela época, pois se sentiu traído. Tive que dizer aos editores da DC – eu estava fazendo histórias românticas lá – que não faria mais. Precisei escolher entre eles e Stan. Então, seis meses depois, ele me interrompeu no meio de uma revista e encerrou meu fluxo de trabalho. Fiquei muito magoado, afirma, em trecho da entrevista no livro.
Mas Romita deu a volta por cima e entrou para a história dos quadrinhos norte-americanos graças à fase produzida na série regular do Homem-Aranha.
Curiosamente, mesmo com sucesso e muito trabalho, John pai relutava com a carreira de desenhista de comics. Na verdade, ele sempre quis ser ilustrador.
Serviço
O livro “O Legado Romita” ainda pode se encontrado à venda em livrarias, sites e lojas especializadas, caso deste LINK.