É a fábula contemporânea sobre uma menina que, ao invés de falar, canta. Certo dia, ela conhece um quati, animal que lhe dará coragem para descobrir a sua própria voz e encontrar o seu verdadeiro poder. Ingá desbrava a cidade à procura de si mesma.
Para contar essa história, o artista maringaense Nathan Milléo Gualda se valeu da palavra e de sua voz, somado ao traço de Izabela Bombo. O resultado é o livro/audiolivro “INGÁ, a menina-canção”, produzido com verba de incentivo à cultura, Lei Municipal de Maringá n. 11200/2020 – Prêmio Aniceto Matti. Aliás, estreia do escritor na literatura.
O lançamento será nesta quinta-feira, 22 de junho, às 19h, no auditório Joubert de Carvalho do Centro de Ação Cultural Márcia Costa (CAC), em Maringá. Haverá distribuição gratuita dos exemplares, com sessão de autógrafos, bate-papo e leitura cênica.
Nascido na Cidade Canção, Gualda é graduado em Artes Cênicas pela Faculdade de Artes do Paraná e formado em teatro pela Cena Hum Academia de Artes Cênicas em Curitiba (PR). Em entrevista a O Maringá, ele conta que a premissa inicial de seu livro foram as subjetividades de sua infância na cidade, em conjunto com a construção narrativa de uma lenda contemporânea.
“Sempre me incomodou o fato dessa importação de identidades culturais estrangeiras ao invés de produzirmos personagens e fábulas que se relacionem diretamente com a nossa cultura local”, defendendo que é preciso construir fábulas e personagens brasileiros, paranaenses, maringaenses. “No meu percurso como ator desenvolvi uma pesquisa muito profunda para o público infantojuvenil e devido a essa jornada profissional, me senti muito à vontade para comunicar-me de uma forma poética e madura com esse público”.
A seguir, confira a entrevista com o autor.
O formato do audiolivro estava sendo pensado desde as origens de “INGÁ, a menina-canção”? Ou veio depois? Tem a ver com a narrativa? Como foi a produção do audiolivro, envolvendo toda uma equipe? Inclusive, você é o narrador dessa versão em áudio. Como foi isso?
Desde o início o audiolivro foi projetado, acredito muito em uma arte que se comunica em diversos meios e formatos. O audiolivro é importante do ponto de vista da acessibilidade e também, pela possibilidade de desdobrar a fábula em novas subjetividades. Se no livro encontramos as letras e as ilustrações, no audiolivro nos aproximamos da interpretação e da paisagem sonora. Tive alguns retornos das pessoas que leram o livro e escutaram o audiolivro, e o legal é perceber que uma mesma história pode provocar experiências tão distintas. Essa é uma das maiores riquezas da arte: transformar, criar novas maneiras de se fazer, dar autoria. A minha formação como ator e a minha intimidade com a fábula ajudou muito nesse processo da gravação do audiolivro, embora nas gravações eu tenha procurado deixar esse texto em movimento, me surpreender na própria forma de recitar o texto, não cristalizar uma ideia, mas fazer com que as palavras me revirassem, que eu fosse tomado por cada letra. E claro, uma premissa sempre foi que minha interpretação pudesse dar luz à fábula e que a expressividade vocal não tomasse esse protagonismo.
Fale sobre a parceria com Izabela Bombo. Como surgiu? Como a narrativa textual se conectou com as ilustrações?
Além de uma artista incrível, a Iza foi uma grande parceira nesse projeto. Fomos muito felizes nessa criação conjunta graças à relação de respeito e admiração. Ficamos confortáveis para interferir um no trabalho do outro, uma ponte foi estabelecida e com toda generosidade, conversávamos com sinceridade sobre os caminhos do projeto. Uma relação construída em prol das potencialidades da nossa fábula. O texto veio antes e a ilustração surgiu como um rasgo nessas palavras, já que ela constrói outras narrativas sem reforçar o que está sendo desenvolvido pelas palavras. Eu acredito em um texto que colore ilustrações e em uma ilustração que desenha palavras, o livro se tornou tão especial graças à essa sintonia criativa que tivemos juntos. Olhando o livro, não vejo qualquer outra pessoa no mundo que poderia ter ilustrado, a Iza foi brilhante ao trazer a técnica de aquarela e toda sua sensibilidade na elaboração imagética de “INGÁ, a menina-canção”.
O lançamento será no auditório Joubert de Carvalho, autor da famosa canção que batiza Maringá. Tem uma relação especial com esse fato, ou seja, de apresentar seu livro num espaço que leva o nome desse compositor?
Iremos fazer o nosso lançamento no dia 22 de junho, dia em que nasceu Oricena Vargas Pinto (Cenita), uma mulher importantíssima para a cidade de Maringá. O nosso evento será em homenagem a ela, já que além de ter essa relevância na cidade, foi minha avó adotiva e quem sempre impulsionou o meu exercício na arte. Além de esse dia ser simbólico, estaremos em um espaço simbólico, a sala Joubert Carvalho não traz apenas um nome, mas reverbera uma memória, muitas histórias. A famosa canção que batiza Maringá também aparece no livro de uma forma muito carinhosa, conseguimos trazer a canção para a saga de Ingá através de uma forma muito gentil e respeitosa, a música entra como uma melodia literária.
O livro terá versão digital? Quando ficará disponível?
No livro físico teremos o QR Code do livro digital e o QR Code do audiolivro. Após o lançamento deixaremos os links disponíveis nas páginas da @sol.te.companhia. Além disso, temos uma surpresa para quem leu essa entrevista até aqui, iremos liberar o QR Code do nosso audiolivro para você colocar o seu fone e viajar na saga da menina-canção. Mas claro, isso não é motivo para perder a oportunidade de retirar gratuitamente seu livro físico. Espero você, dia 22 às 19 hrs no Centro de Ação Cultural Márcia Costa para o Lançamento do livro “INGÁ, a menina-canção”, lá faremos a leitura do livro e um bate-papo.
Autores
Izabela Bombo é natural de Londrina (1992), mas com pés vermelhos de uma infância e juventude vividas em Maringá. É graduada (2016) e mestre (2019) em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e atua como artista independente desde 2011. Suas produções concentram-se nas áreas de ilustração e comunicação visual, permeando abordagens distintas, desde identidade, cotidiano, política, gênero até cultura pop. “INGÁ, a menina-canção” é a primeira experiência da artista ilustrando um livro infantojuvenil.
Nathan Milléo Gualda nasceu em Maringá (PR) em 1992. É graduado em Artes Cênicas pela Faculdade de Artes do Paraná e formado em teatro pela Cena Hum Academia de Artes Cênicas em Curitiba (PR). Desenvolve sua pesquisa como artista no campo da atuação, escrita, direção e comunicação em diversos lugares do Brasil. Desde 2013, integra projetos artísticos voltados para a linguagem infantojuvenil, sendo considerado um dos nomes mais importantes de sua geração no Paraná. “INGÁ, a menina-canção” é o seu primeiro livro.
Ficha técnica
Projeto gráfico: Pablito Kucarz
Design: Izabela Bombo
Proponente do projeto e fotógrafo/videomaker: Matteo Gualda
Revisão de texto: Maísa Cardoso
Edição, mixagem e masterização do audiolivro: Diegho Kozievitch
Captação de voz do audiolivro: Antonio Spoladore
Direção de interpretação do audiolivro: Daniele Agapito
Plataforma digital do e-book/audiolivro: Agência JDYC
Serviço
Lançamento do livro/audiolivro “INGÁ, a menina-canção”
Quinta-feira, 22 de junho
Às 19h
Entrada gratuita
Centro de Ação Cultural Márcia Costa (CAC), auditório Joubert de Carvalho
Avenida XV de Novembro, 514, Zona 01, em Maringá.
****Livro Produzido com verba de incentivo à cultura, Lei Municipal de Maringá n. 11200/2020 – Prêmio Aniceto Matti