Mercado de publicações de quadrinhos no Brasil cresce 6,19% em dois anos

TURMA DA MONICA personagens

Material editado da MSP põe a Panini na frente em títulos nacionais (Crédito: Ilustrativa)

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De 2.130 títulos diferentes em 2021, o mercado brasileiro de quadrinhos impressos passou para 2.262 no ano seguinte. É uma das conclusões do “Relatório Quadrinhopédia do mercado editorial brasileiro de quadrinhos (2021-2022)”, pesquisa inédita desenvolvida por Lucio Luiz e divulgada neste mês.

Em outras palavras, o mercado cresceu 6,19% nesse período tabulado pelo pesquisador (em termos de títulos e não de vendas). “Lembramos que, como explicamos na introdução, não estão considerados neste total os títulos publicados de forma independente por autores, assim como publicações institucionais, religiosas etc.”, diz o texto acessado pela reportagem.

O Relatório tem por objetivo fazer levantamentos quantitativos das publicações ligadas à nona arte no país, gerando, com o tempo, um registro histórico do desenvolvimento do mercado nacional de HQs. “O Brasil conta com poucos levantamentos quantitativos detalhados da produção de quadrinhos, o que cria algumas dificuldades para os pesquisadores acadêmicos e também para quem pretende criar projetos para o desenvolvimento do mercado editorial nacional”, diz o Quadrinhopédia.

A inspiração para essa pesquisa é o “Rapport Sur la Production d’une Année de Bande Dessinée Dans l’Espace Francophone Européen” (“Relatório sobre a produção de um ano em quadrinhos no espaço europeu de língua francesa”), feito por Gilles Ratier entre 2000 e 2016 e que trazia um levantamento detalhado da produção editorial franco-belga a cada ano.

No levantamento brasileiro, chama atenção o domínio da multinacional Panini Comics, uma editora de origem italiana que publica o material em português da Marvel/DC em solo brasileiro e grande parte dos gibis da Mauricio de Sousa Produções (MSP), além de mangás. Essa casa concentrava mais da metade do mercado de publicações em 2022, juntando o percentual das revistas lançadas: Planet Manga, com 17,2%; Marvel, 15%; DC Comics, 11,6%; MSP, 7,9%; e outros, 2%. “…a Panini responde por mais de 50% dos títulos de quadrinhos publicados por editoras no Brasil”, diz o documento.

Aliás, o Relatório alerta que todos os seus dados se referem à quantidade de títulos e não à tiragem, já que, com exceção de parte das editoras independentes, ninguém divulga suas tiragens no mercado nacional.

Deixando a Panini de lado, a Mythos vem em seguida, com 6,4% dos títulos. Vale lembrar que esta é a casa de parte dos fumetti da Bonelli, editora italiana de personagens como Tex, Zagor e Dylan Dog. No terceiro posto, vem a JBC, especializada em mangás, com fatia de 4,9% (desde 2022, pertence à Companhia das Letras). Já as outras editoras, aparecem abaixo de 5%, caso de Culturama (4,2%), New Pop (2,9%), Pipoca&Nanquim (1,5%), Skript (1,5%), Criativo (1,1%), DarkSide (1,1%), Comix Zone e Devir (1% cada).

De todas elas, chama atenção a Pipoca&Nanquim, uma casa que nasceu a partir de um canal no YouTube, cuja produção é comandada por três profissionais egressos do mercado de quadrinhos: Bruno Zago, Alexandre Callari e Daniel Lopes. A editora se especializou em trazer autores pouco editados no Brasil e de reavivar o interesse por obras nacionais fora do catálogo.

Fumetti do Tex é um dos títulos publicados pela Mythos no Brasil (Crédito: Divulgação)

Títulos nacionais
O “Relatório Quadrinhopédia” também se debruçou na quantidade de títulos nacionais publicados em 2021 e 2022. Com 42,6% do total, a Panini Comics domina esse segmento, principalmente por causa do material editado da MSP, caso dos gibis regulares da Turma da Mônica. Antigamente, a Abril tinha uma grande quantidade de material da Disney, que hoje está em menor volume nas mãos da Culturama.

Segundo a pesquisa de Lucio Luiz, os títulos da MSP não podem ser desconsiderados (afinal, são brasileiros). Se fosse uma editora separada da Panini, estaria em terceiro lugar no “top 10” de 2021 e em segundo no de 2022.

“Ao todo, 71 editoras lançaram ao menos um título brasileiro nos dois anos analisados neste Relatório. A título de comparação, considerando o mesmo período, 51 editoras diferentes publicaram títulos dos Estados Unidos, 24 da França, 16 da Itália, 15 da Argentina e 9 do Japão”, conforme texto do documento.

Considerando apenas quem tenha lançado 10 ou mais títulos somando 2021 e 2022, nove editoras publicaram exclusivamente material nacional dentro desta quantidade: Criativo, Draco, Escória Comix, Ink&Blood, Pé-de-Cabra, Serigy, Ugra Press, Ultimato do Bacon e Universo Guará.

Dessa lista, o destaque vai para a Ink&Blood, com 2,5% dos títulos. Trata-se de uma casa editorial anteriormente sediada no Paraná; mas hoje no interior de São Paulo. Ela é gerida por Daniel Saks, um engenheiro químico fã de quadrinhos que, anos atrás, licenciou e passou a publicar os títulos clássicos de Rodolfo Zalla (1931-2016): “Mestres do Terror” e “Calafrio”.

Com 4,3%, a Criativo é um projeto editorial diferente, “com bastante foco na republicação de material clássico nacional, incluindo histórias que estavam praticamente ‘desaparecidas’ há décadas”, diz o Relatório.

Surpresa mesmo é a Ciranda Cultural, concentrando 5,3% do mercado. Na avaliação da pesquisa, isso se deve a seus quadrinhos infantis com preços acessíveis (quase todos abaixo de R$ 10). “Embora até tenha HQs licenciadas (como Barbie e Patrulha Canina), a maior quantidade é de títulos adaptados de contos clássicos e lendas brasileiras produzidos por autores nacionais”.

Fonte: Quadrinhopédia

Serviço
O “Relatório Quadrinhopédia do mercado editorial brasileiro de quadrinhos (2021-2022)” é uma realização da Quadrinhopédia, com apoio da Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial (Aspas) e Guia dos Quadrinhos.

A pesquisa na íntegra pode ser acessada AQUI.

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