Oficineira avalia que nem sempre o formato do papel é suficiente para a expressão poética

O Maringá

Andresa Viotti é palhaça, diretora e professora de teatro/arte (Crédito: Cristiano Martinez)

Ir além da folha de papel ou da tela do celular. Este é o grande barato do “vídeo poema”, um formato que une palavras e imagens em movimento.

“Às vezes, os poetas, quem escreve, sentem que o papel não dá conta. Falta alguma coisa, falta o olhar, falta o contato, falta a respiração, falta uma música. Tudo isto serve de inspiração”, diz a palhaça, diretora e professora de teatro/arte Andresa Viotti. Até esta quinta-feira, 30 janeiro, ela ministra a Oficina de Vídeo Poesia, mais o Coletivo Pé Vermelho, dentro do projeto “Vídeo Verso – Poesia Além da Palavra”.

“O vídeo poema é uma nova mídia que tem muito do audiovisual”, diz Viotti. Ao longo de três noites, o objetivo da atividade é “capacitar os poetas para que consigam finalizar com a decupagem de um vídeo poema”, diz ela, que foi convidada pelo Pé Vermelho para ofertar a oficina a partir de sua formação em artes cênicas.

À reportagem, a oficineira explicou que os poetas estão acostumados a pensar 90% do tempo nas palavras, e apenas 10% na entonação/corpo. O que não é errado. Mas, no contexto do vídeo poema, a linguagem visual passa a ter um grande peso. É outra mídia.

“O vídeo poema pensa na estética do audiovisual. Estética cinematográfica, na linguagem do cinema, pensando em câmeras, em ângulos. Trazendo novas possibilidades para os poetas”, diz Viotti. Leva-se em conta o gesto, o figurino, a entonação para a câmera (diferente da rua, por exemplo).

Na primeira noite da oficina, Viotti trabalhou mais a teoria (Crédito: Cristiano Martinez)

Acesso a mais pessoas
Com o vídeo poema, também é possível chegar a um público maior, tendo em vista o apelo massivo dessa linguagem imagética. Nesse contexto, os slams (campeonatos de poesia falada) cresceram muito nos últimos anos e, na pandemia, houve alta na produção de vídeo poema. “Impossibilitados de se encontrarem e ir para a rua, os poetas buscaram espaços, buscaram formas, buscaram mídias para conseguir levar a sua poesia”, avalia a oficineira.

Assim, o audiovisual permite uma contribuição visual para o poema, com filmagens, vídeos, imagens, desenhos, animações que podem contribuir visualmente no poema.

Não à toa, os poetas selecionados para o projeto do Pé Vermelho vão decupar poemas ao final da oficina. Em outras palavras, os participantes vão fazer uma espécie de roteiro de seus textos, um esboço de cinema, com todas as marcações de luz, câmera, enquadramento, ângulo… enfim, as rubricas. É uma transposição verso a verso do textual, imaginando o vídeo.

Por isso, a oficina de Viotti aborda conceitos de poesia, corpo, voz, ângulo, enquadramento, luz. Além dos poetas entenderam as possibilidades corporais, vocais, para a interpretação do poema; e estudo de mesa. “É um trabalho bem denso, de mesa, em que eles vão tentar pensar o máximo de detalhes possíveis”, exemplificando com enquadramentos de câmeras, iluminação, entre outros.

“Capacitar os poetas para que consigam finalizar com a decupagem de um vídeo poema”, resume a oficineira.

Oficina tem transmissão ao vivo pelo YouTube do Slam Pé Vermelho (Crédito: Cristiano Martinez)

Gravação
Em seguida, o Coletivo Pé Vermelho fará a gravação e a edição dos vídeos. Os vídeos serão gravados entre os dias 7 e 17 de fevereiro (em dias e horários a serem combinados).

Cada vídeo poema terá, no máximo, 1 minuto e 15 segundos de duração.

Segunda etapa
Na segunda etapa do projeto “Vídeo Verso – Poesia Além da Palavra”, de março a abril, os vídeo poemas serão postados no YouTube e no Instagram do Slam Pé Vermelho, com impulsionamentos nas redes sociais do slam para alcançar pessoas de todo o país.

O objetivo é promover o encontro entre a poesia e a tecnologia, ampliando os horizontes de produção e circulação poéticas, unindo palavra, imagem e som para construir o sentido da poesia.

Poetas selecionados
Confira os cinco participantes, após uma seleção de 26 propostas:
Alexandra (@alechaepoesia)
Duda Beltramin (@dudabeltramin)
Gui Fioratti (@guifioratti)
Mariana Gil (@garianamil)
Nati (@vieiranati)

Crédito: Cristiano Martinez

Oficineira
Andresa Viotti é palhaça, diretora e professora de teatro e arte, mestre em Letras pela Universidade Estadual de Maringá. Integra o grupo Meu Clown desde 2013. Em 2019, recebeu o prêmio de melhor atriz no V Festival Nacional de Teatro “Carpe Diem” pela peça “Rapsódia Circense”.

Dirige o espetáculo bilíngue “Ernesto e Eu – Uma história que não se conta”, contemplado pelo prêmio Aniceto Matti em 2021, e que esteve em circulação em 2024 pela Lei de Incentivo à Cultura. Em parceria com Marcelo Colavitto, escreveu o livro “Palhaços e Máscaras – A poiesis na trajetória dramatúrgica do Grupo Meu Clown”, lançado em 2021 pela editora CRV.

Financiamento
Produzido com verba de incentivo à cultura Lei Municipal de Maringá nº 11200/2020 | Prêmio Aniceto Matti/PMM.

Transmissão
A Oficina de Vídeo Poesia segue nesta quarta-feira, 29 janeiro, a partir de 19h. Haverá transmissão ao vivo neste link:
https://www.youtube.com/live/GEYmRNjPkmM

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