O repertório com intérpretes e compositores afrobrasileiros, ouvido com atenção emocionada na noite deste sábado, 21 de setembro, no Teatro Marista, é apenas uma das facetas da Orquestra Jovem do Sesc Maringá.
Essa apresentação abriu a última noite do Femucic 2024, que é a tradicional Mostra de Música Cidade Canção em seu ano 45. Sob regência de Renato Segati, a Orquestra passeou por obras de nomes como Djavan, Milton Nascimento, Cartola, Candeia e Luiz Gonzaga ao longo do concerto, rico e diversificado.
“Nós pensamos num repertório brasileiro”, diz Segati à reportagem, minutos depois da última execução dessa noite. Aliás, foi “O Trem Azul”, com participação especial do instrumentista (sax tenor, sax soprano, flauta) e arranjador Marcelo Martins, que acompanha Ivan Lins. Sim, este compositor, cantor e pianista fechou o Femucic com chave de ouro.
“Marcelo Martins é um músico que dispensa comentários. Um músico que toca com Djavan, Ivan Lins”, diz o maestro, explicando que a única combinação entre a Orquestra e Marcelinho era o momento em que o convidado começaria e terminar sua parte. “‘O Trem Azul’ andou”, observa Segati, destacando que a participação especial foi com o solo na versão de Elis Regina trazida pelo regente. “Foi a música que ela cantou no último show que fez na televisão”, recorda o maringaense, que está à frente desse projeto do Sesc dede 2016.
“A gente iniciou com o projeto de amplificar a Orquestra, de dar visibilidade”, contextualizando que à época, quando entrou, a Orquestra ainda era apenas uma ideia. Com o tempo, tornou-se realidade, investindo em músicas diversificadas e desafiadoras para os integrantes.
Ao longo desse tempo, o trabalho resultou na gravação de dois discos: um com repertório de música paranaense; outro com diversidade, apostando em compositores maringaenses, música contemporânea etc. “Estamos trabalhando, sempre trazendo coisas novas para a Orquestra”, resume o regente, que também é professor de trombone e trompete, além de orientador de atividades no Sesc.
Por exemplo, no início de 2024 os integrantes da Orquestra fizeram um concerto de música erudita. “E eles venceram, foi muito lindo. Fizemos dois concertos no Teatro do Sesc com casa lotada, lotadíssima, com gente que ficou de fora”, diz Segati, acrescentando que o trabalho com os adolescentes é oportunizar o meio para eles se expressarem, mostrando a arte que já lhes é intrínseca.
“A gente está lá, dia a dia, semana a semana, batalhando. E esse trabalho da Orquestra não é só meu. Eu sou apenas a ‘ponta do iceberg’. Esse trabalho começa com os professores do CDM [Centro de Difusão Musical]”, explicando que são docentes de violoncelo, violino, saxofone, flauta, percussão, clarinete, violão, viola caipira, entre outros. “Eu pego esse resultado, esse diamante que vem na mão deles, e junto tudo numa bela obra de arte”.
A Orquestra faz um ensaio por semana. Mas costuma intensificar a rotina próximo de concertos. E além, claro, das aulas dedicadas a diferentes instrumentos durante o período.
Projeto social e educacional
Vale lembrar que o projeto é formado por alunos e alunas que estudam no Centro de Difusão Musical (CDM) do Sesc Maringá. Trata-se de um compromisso social e educacional promovido pelo Serviço Social do Comércio.
O CDM iniciou suas atividades em Maringá no ano de 2013, oferecendo educação musical completa e gratuita. Em todo o Estado, o CDM conta com 382 alunos e o repertório trabalhado vai da música erudita à popular brasileira. Inclusive, formando profissionais que seguiram na carreira musical.
Histórico no Femucic
É a quarta vez que a Orquestra Jovem do Sesc Maringá se apresenta no Femucic. No entanto, muitos dos integrantes acompanham durante toda a semana, tocando em outros grupos, participando de rodas de choro, oficinas etc. “Valorizamos esse produto do Sesc que é o Femucic”, diz o regente Renato Segati, completando que os alunos têm conhecimento da importância desse projeto produzido pelo Sesc Paraná e Sesc Maringá.
“Eles [alunos e alunas] participarem do Femucic é uma realização”, detalhando que os integrantes também demonstram isso por meio das redes sociais, dando seus depoimentos e curtindo cada momento. “A gente fica muito feliz porque a semente que a gente tem plantado tem germinado na vida deles”.
Apresentação de sábado e agenda
Neste sábado, 21, a Orquestra contou com a participação de 60 alunos, com repertório de músicas de compositores/intérpretes afrobrasileiros.
A partir de agora, a agenda do projeto aguarda a confirmação de datas para as próximas apresentações.
No segundo semestre, os concertos costumam ser mais esporádicos, com possibilidade de ocorrerem em shoppings da cidade e locais públicos (caso do Parque do Ingá). Além do provável encerramento da temporada no Teatro Calil Haddad, quando a Orquestra apresenta um apanhado daquilo que foi tocado durante o ano.
A seguir, mais registros do concerto da Orquestra Jovem do Sesc Maringá (Fotos: Cristiano Martinez):