Há exatos 96 anos, nascia o cineasta romano Sergio Leone. Nesta sexta-feira, 3 de janeiro de 2025, ele faria aniversário caso ainda fosse vivo. Veio ao mundo em 1929 e morreu aos 60 anos de idade em 30 de abril de 1989, também em Roma, na Itália.
O que dizer de Leone? Simplesmente, o diretor por trás de clássicos do faroeste italiano, os “western spaghetti”, filmados nos anos de 1964/65/66: “Por um punhado de dólares”, “Por uns dólares a mais” e “Três homens em conflito” (ou “O bom, o mau e o feio”). Trilogia dos Dólares.
Eram produções com baixo orçamento, em locações europeias. Em comum, todas protagonizadas pelo então desconhecido ator Clint Eastwood, no papel do pistoleiro solitário, sem nome. Os personagens desses longas são duelistas, niilistas, lacônicos.
Mas, claro, o que fez o delírio do público foi a assinatura leoniana: enquadramentos asfixiantes, distensão do tempo e a trilha sonora de Ennio Morricone (1928-2020), que soube como poucos captar o ritmo, o vento e a poeira do Oeste inóspito em suas composições feitas de sons dissonantes e instrumentos inusitados. Aliás, a parceria com o maestro seguiu na carreira de Leone, tornando o fundo instrumental (e vocal) outro personagem em cena.
O ápice da produção leoniana viria com “Era uma vez no Oeste” (1968), obra-prima estrelada por Charles Bronson, Henry Fonda, Claudia Cardinale e Jason Hobards. A narrativa de “bang-bang à italiana” encontrou seu tempo fabular, examinando a mudança de tempos, de estilo, num contexto pré-capitalista. Todas aquelas características da Trilogia dos Dólares ganharam outra dimensão em uma proposta de entender certos mitos da cultura norte-americana.
Aqui, inicia a Trilogia da América. A trinca é completada depois com “Quando explode a vingança” (1971), que ganha uma linha política, mergulhando na rebeldia e suas consequências; e outro clássico, injustiçado e mutilado a seu tempo: “Era uma vez na América” (1984), sobre o gangsterismo num bairro judeu em Nova Iorque, com os atores Robert De Niro e James Woods.
O que faz de Sergio Leone um gênio não é seu perfeccionismo técnico. E sim suas obsessões, seus erros e acertos, sua vida pelo cinema.