Seja rápido no gatilho! Quem é o Texas ranger mais adorado no Brasil? O personagem surgido na Itália cujas histórias se passam no Velho Oeste? E que está completando 75 anos em 2023?
Claro que todas as respostas, caro “pard”, apontam para Tex Willer. Das páginas dos fumetti (como são chamados os quadrinhos italianos), ele despontou em 1948 pelas mãos do escritor Giovanni Luigi Bonelli e do desenhista Aurelio Galleppini, o Galep. Tornou-se lenda.
Aliás, é o personagem mais longevo “made in Italy” e, junto com Superman e Batman, é o mais duradouro dos quadrinhos mundiais.
“O encanto do personagem (agressivo, irônico, antirracista e inimigo de todas as injustiças), dos ambientes (campos, florestas, desertos) e dos inimigos (bandidos e índios rebeldes, mas também latifundiários inescrupulosos, políticos corruptos, mágicos vodu e seitas secretas) e o segredo que permite que Tex ainda hoje tenha centenas de milhares de leitores fiéis”, diz o site da Sergio Bonelli Editore, em tradução livre, casa que mantém a tradição de publicar suas aventuras ao lado dos “pards” Kit Carson, Jack Tigre e Kit Willer.
No Brasil, onde tem uma legião de fãs, as HQs inéditas de Tex podem ser encontradas traduzidas para o português em diversos tamanhos e periodicidade, prevalecendo a série mensal da editora Mythos, cuja numeração histórica já passou do volume 640. Geralmente, são arcos de histórias que seguem por várias edições.
No entanto, o leitor também tem à disposição a “edição gigante” do Tex. Com periodicidade anual, são volumes em formato grande (19 x 27,5 cm), capa cartão, papel jornal, acima de 200 páginas em p&b, material extra e história completa. Os volumes primam pelo desenho caprichado e roteiro original. É um prato cheio para novos leitores do mundo Bonelli e convertidos.
Indicação
Nesse sentido, para comemorar as sete décadas e meia do ranger, indica-se o volume 36, lançado em maio de 2021 pela Mythos.
Escrita por Mauro Boselli no traço de Massimo Carnevale, “Indian Carnival” é uma aventura em que o tradicional western é atravessado pelo sobrenatural e o terror. Digamos que é um tipo de desafio no qual os colts não são a única arma para vencer o mal.
Confira a sinopse: “no rastro de dois assassinos, Tex e seus pards começam a seguir a pista da misteriosa Indian Carnival, uma feira itinerante em que artistas bizarros são todos de origem indígena. Shado, Coiote, Esqueleto, a Bruxa Aranha, o atirador de facas Trovão, a bela Teban-Win e todos os outros são mesmo inofensivos artistas de circo? O que eles realmente escondem? É o que nossos justiceiros terão que descobrir antes que uma tragédia irreparável atinja a população da pequena cidade de Cedar Grove”.
Segundo Graziano Frediani, no texto de abertura do volume da Mythos, quando um fumetto de faroeste envereda para o estranho e o perturbador, costuma adentrar o subgênero do “weird western”, ou seja, um tipo de história de Fronteira “que desequilibra as regras consolidadas, e as transborda para outros campos narrativos, distantes do realismo – mais ou menos cru – que as distingue”.
No entanto, Frediani acha redutor classificar “Indian Carnival” de Boselli e Carnevale como uma simples “weird western”, “vista a intensidade quase labiríntica da estrutura narrativa que gira em torno do ponto focal da história”.
De fato, a aventura de Tex e seus “pards” não é o que parece no desenrolar do enredo. Ela tem os componentes do sobrenatural e do medo mais sombrio, com fantasmas e vilões. Mas “Indian Carnival” se expande e vai mais longe em temas e personagens, tornando-se uma narrativa de vingança e sangue.
2023
Em tempo, a “edição gigante” do Tex em 2023 é o número 38: “Os dois fugitivos”, com roteiro de Gianfranco Manfredi e arte de Giovanni Freghieri. A edição tem papel offset como novidade em relação ao tradicional papel jornal, em 244 páginas.