O escritor paranaense Dalton Trevisan faleceu nesta segunda-feira, 9 de dezembro, aos 99 anos de idade. Mas sua obra permanece. É clichê dizer isso, mas vale como gancho para se iniciar ou reler a obra daltoniana.
Nem é preciso dizer que Dalton é mestre do conto moderno brasileiro. Ele é referência e leitura obrigatória para quem gosta desse formato breve.
Da extensa literatura desse paranaense, a reportagem selecionou três obras a título de indicação de leitura:
“Antologia Pessoal” (2023, ed. Record, 448 páginas).
Trata-se de seleção feita pelo próprio Dalton Trevisan. Ele escolheu 94 contos para essa coletânea inédita, que tem prefácio do crítico Augusto Massi. Reúne contos de “Novelas nada exemplares” (1959) até “O beijo na nuca” (2014), deixando antever suas referências literárias, as diferentes formas narrativas que adotou ao longo da carreira.
É o livro mais vendido na categoria “Caribenha e Latino-Americanaem Literatura e Ficção” da Amazon.
“Ah, É?” (1994, ed. Record, 128 páginas).
Fora de catálogo. Mas fácil de encontrar em sebos e bibliotecas. Nesse livro, Dalton explora as chamadas “miniestórias”, ou seja, os minicontos. Ao longo de sua trajetória literária, esse paranaense lapidou seus textos à exaustão, em busca do mínimo, da concisão, do texto curto. A versão micro do conto. Narrativas fragmentadas, que lembram a estrutura do haicai.
“Cemitério de Elefantes” (1964)
Publicado originalmente em 1964, é o livro que consolidou Dalton Trevisan como um dos maiores escritores do Brasil. Depois de uma calorosa recepção na estreia, com o livro “Novelas nada exemplares”, de 1959, crítica e leitores se renderam de vez aos contos minimalistas e ao olhar atento do escritor curitibano. Não por acaso, pois alguns dos melhores momentos do autor estão neste livro. É o caso de “Uma vela para Dario”, que virou um clássico do repertório daltoniano, ao escancarar a crueldade do ser humano em uma situação-limite.
Em 2024, “Cemitério de Elefantes” ganhou uma nova edição pela Record (112 páginas), com nova capa e textos de orelha e quarta capa assinados por César Aira e Marçal Aquino.
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Fica também indicação de leitura para outras obras de Dalton: “O Vampiro de Curitiba”, “234”, “A Polaquinha”, “Desgracida”, “Em busca de Curitiba perdida”, “Essas malditas mulheres”, “Novelas nada exemplares”, “Guerra conjugal”, “Contos eróticos” (antologia organizada pelo próprio Dalton), “Macho não ganha flor”…
A partir de 2025, a obra completa de Dalton Trevisan passa a ser publicada pela Todavia.