Um, dois, três… o rock acelerado e direto da banda Torta Brasileira

Banda é formada por trio radicado em Maringá (Crédito: Divulgação)

Rápido, simples e direto. O som da banda maringaense Torta Brasileira capta o grito primordial do punk rock. Aquele jeito de tocar energético e rasgante que sacudiu o mundo da música na virada dos anos de 1970 para os 80, desmitificando os solos intermináveis que dominavam as paradas daquele período. “One, two, three!”.

Com influências do punk pop dos anos 2000, caso do Blink-182, o trio formado por Guilherme Prancha (guitarra/voz), Victor (baixo) e Rafael (bateria) busca quebrar paradigmas sonoros, tanto do rock quanto de comportamento. É sarcasmo aliado ao som de protesto.

Por exemplo, o mais recente single “MPMP” (abreviação de “minha primeira música punk”), recém-saído do forno em dia 17 de outubro, é uma música acelerada, de apenas um minuto e meio. “Eu busquei trazer um negócio mais agressivo, mais rápido, mais pesado, experimental, eu joguei o funk ali no fim”, explica o vocalista, que é o principal compositor e produtor desse projeto maringaense.

Geralmente, Prancha faz a base e o refrão. Depois, encaminha para o restante da banda, que começa a formatar a canção até chegar ao resultado. Ultimamente, o trio tem se espelhado em uma banda nova no cenário norte-americano de hardcore, que mistura agressividade com melodia. “E se fizesse um som assim para a banda, um negócio diferente?”, recorda o vocalista. “Quero copiar”, brinca.

Já o baterista do Torta diz que tem sentido falta de mistura, de agressividade, de atitude no rock and roll atual. “Precisa resgatar isso. Se a gente pega tipo o rock nacional em si, que tem essa essência, hoje ficou meio tímido”, dizendo que a sua banda tenta trazer a essência do punk, que é a agressividade no bom sentido, ou seja, de contestar a rotina, como acontecia na década oitentista do século 20 e o hardcore anos 90. “A lírica cômica para ser uma coisa rápida, legal e divertida”, acrescentado que, nesse formato, vem uma crítica, uma provocação.

“Eu busco muito, em todas as composições da banda, trazer a questão de você sair do padrão, sair da rotina”, diz Prancha, explicando que o ser humano nasce, estuda, trabalha e morre. “Eu sempre busquei ir contra”, alertando que a vida é uma só e tem de aproveitar e não desperdiçar com aquilo que você não quer ou com pessoas de que você não gosta.

Banda vem se apresentando nos palcos de Maringá (Crédito: Divulgação)

Lançamentos
Em 2023, o Torta Brasileira lançou um álbum (“Voltando pra casa”) que era dos primórdios da banda, quando ela surgiu com o nome Time To Break Up em 2015, na cidade de São Paulo (SP). Na Capital paulista, Prancha comandava o projeto e mantinha amizade com o baixista Victor. Tempos depois, o vocalista/guitarrista se mudou para Maringá, onde está há cinco anos; conheceu Rafael, que também veio de SP. E para fechar a banda, Victor também se mudou para a Cidade Canção.

Agora como Torta Brasileira – nome em homenagem ao filme “American Pie”, de 1999 (“torta americana” em português), o trio apresentou seu primeiro disco gravado de maneira simples e de acordo com as limitações técnicas.

Em 2024, os três integrantes levantaram recursos e contrataram um estúdio, gravando seis músicas de uma vez, uma atrás da outra. “Deu certo, são essas músicas mais agressivas que a gente vem soltando. Mas essas são novas, são do Torta. As do álbum são antigas”, referindo-se à época da primeira banda.

Na nova fase de produção, o planejamento é lançar um single por mês. Após “MPMP”, vai sair uma música baseada em 80% no estilo do Raimundos, grupo que surgiu nos anos de 1990 fazendo uma mistura de forró com hardcore e letras de duplo sentido em Brasília, cidade celeiro do rock no Brasil (Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude etc.). Não por sinal, a inédita do Torta Brasileira terá baião, rock, scratch. Enfim, verdadeira “torta de influências”. Já em dezembro, virá “Supervilã”.

Fora que os paulistanos radicados em Maringá estão na metade da produção de seu segundo álbum, programado para ser lançado ao final de 2025. “Estou tentando fazer coisas mais experimentais”, diz Prancha, exemplificando que uma das canções é rápida, punk, mas tem ukulele, um instrumento musical havaiano de porte pequeno, parente do cavaquinho brasileiro.

Dois integrantes da banda conversaram com a reportagem nos estúdios do jornal

Festival
Em maio de 2024, o Torta Brasileira subiu ao palco do Teatro Reviver Magó para participar do 1º Festival de Bandas Autorais de Maringá e Região, promovido pela Associação Cultural Rock do Paraná (ACRP), presidida por Ronaldo Marques.

Mas quase que o trio não conseguiu participar dessa edição do evento. Os integrantes do Torta estavam atarefados com trabalho nesse dia do Festival. Mas acabou dando certo para que Prancha e Rafael pudessem comparecer, com a ideia de fazer apenas guitarra, bateria e voz.

Porém, conversaram com o amigo de uma amiga que topou tocar apenas duas notas (Fá e Sol) no baixo, mesmo sem ter conhecimento desse tipo de instrumento. Na verdade, não tinha nem o contrabaixo, que foi emprestado pela banda Perdidos. “Ele [o músico ‘emprestado’] virou e falou ‘como eu toco, mano?’. Eu falei: ‘vai no feelling’”, explica Rafael.

Mesmo nessas condições, Prancha conta que, nesse dia do Festival, voltou a sentir prazer e emoção em tocar no Torta Brasileira. Nesse sentido, o evento foi fundamental para se reconectar com o rock e a banda. “Nossa, foi incrível. Senti aquela ansiedade de novo”.

“O Festival foi bom para trazer essa visibilidade. Existe esse tipo de estilo e tem esse tipo de música”, complementa o baterista.

Serviço
Para ouvir e conhecer o Torta Brasileira, acesse seu perfil oficial nas redes sociais (@tortabrasileira) e também o canal no YouTube (@tortabrasileira), com vídeos e músicas.

A nova “MPMP” pode ser escutada AQUI.

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