A projeção é realista. Com a construção do Parque Tecnológico Industrial da Saúde do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) em Maringá, a cidade poderá se tornar polo farmacêutico, tecnológico da área da saúde.
Essa foi a tônica dos discursos e entrevistas de autoridades na tarde desta terça-feira, 19 de novembro, quando ocorreu o lançamento da pedra fundamental do empreendimento na cerimônia comandada pelo vice-governador do Paraná Darci Piana.
O evento marcou o início oficial das obras de implantação do novo campus do Tecpar, que nesta etapa recebe investimento de R$ 24 milhões do Governo do Estado.
A atual fase da construção do parque tecnológico está relacionada à infraestrutura no local, um terreno doado pela Prefeitura de Maringá ao Tecpar, com área de 100 mil metros quadrados. Nesta etapa, estão previstas obras de asfaltamento e cercamento da área e a construção de um prédio administrativo e central de utilidades, dentre outras edificações necessárias para o funcionamento do parque.
Após a finalização dessa etapa, novos investimentos, públicos e privados, serão realizados no parque tecnológico, que tem como vocação a produção de insumos estratégicos para o Ministério da Saúde, bem como parcerias para a Pesquisa e Desenvolvimento de novos produtos.
Na avaliação do prefeito eleito Silvio Barros, que começa a governar Maringá a partir de janeiro de 2025, é uma conquista importante de um segmento da atividade econômica que gera emprego de alto valor agregado e que coloca Maringá no mapa das poucas cidades que produzem esse tipo de medicamento. “Nós seremos um polo farmacêutico muito relevante no mundo”, explicando que esse polo estará voltado para fármacos, ou seja, fabricação de produtos farmacêuticos de alto valor agregado. É uma substituição de importação. “Isto exige altíssima tecnologia”.
“A gente consolida aqui Maringá como polo farmacêutico de alto padrão mundial”.
Nesse contexto, o prefeito de Maringá Ulisses Maia diz que é um polo tecnológico da saúde. “Porque o Brasil mostrou que precisa ter indústrias nacionais produzindo vacina, produzindo fármacos. Nós somos muito dependentes disso e, na pandemia, ficou provado. O Ministério da Saúde está estimulando que haja produção no Brasil e aqui está pronto e preparado para isso”.
Ele explica que a produção será pela iniciativa privada, sendo que o Tecpar vai celebrar os convênios com as empresas que produzem os mais diversos itens e passa a distribuir. “O poder público não vai fabricar medicamentos nem vacinas. Apenas vai estimular a parceria com as empresas do Brasil e de fora”.
O diretor-presidente do Tecpar, Celso Kloss, lembrou que essa infraestrutura que passa a ser construída contribuirá, futuramente, para transformar o parque tecnológico em um polo biotecnológico. “Isso, consequentemente, transformará Maringá em um dos principais polos farmacêuticos do país, com investimentos do Governo do Estado e com a descentralização das ações do Tecpar. O parque tem como objetivo atrair várias empresas especializadas em pesquisa e desenvolvimento de produtos de ponta na área de saúde, gerando desenvolvimento econômico e social para a cidade”, salientou.
Antes do lançamento da pedra fundamental, as autoridades realizaram uma visita técnica à obra.
Saúde como prioridade
“A saúde é uma prioridade para o Governo do Estado. Enquanto muitos estados reduziram seus investimentos em saúde após a pandemia, o Paraná continua mantendo leitos e investindo nos hospitais e equipamentos de saúde. Isso vem se somar ao trabalho do Tecpar, que está junto nessa jornada, absorvendo novas tecnologias e, com isso, trazendo investimento para o Paraná e melhoria para a saúde pública. O Tecpar é um orgulho dos paranaenses, já produz vários medicamentos para SUS, e agora, diversificando as suas atividades, vem somar a isso outros produtos de relevância para a saúde pública”, afirmou Piana.
Ele ressaltou que a obra concretiza um projeto que está sendo desenvolvido desde o início do mandato do governador Carlos Massa Ratinho Junior, com a participação da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim), do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem), e de outras instituições do município, que trabalharam em conjunto.
Investimento estratégico
O secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, destacou que a obra em Maringá é um investimento estratégico da maior relevância para a pasta, já que a saúde tem alta prioridade na política de desenvolvimento do governo federal.
“Esse investimento do Tecpar aqui em Maringá é histórico. Mais do que uma pedra fundamental, talvez esse investimento signifique uma oportunidade para que Maringá entre numa estratégia de desenvolvimento ativo na quarta revolução tecnológica industrial. Agora, nós contamos com o Tecpar aqui para fornecer produtos estratégicos, tecnologia e inovação para o SUS, gerando emprego, renda e desenvolvimento no município e no Estado”, afirmou.
Grande oportunidade
Para o secretário estadual da Indústria, Comércio e Serviços, Ricardo Barros, há uma grande oportunidade de muitos investimentos para o Tecpar e para Maringá a partir deste novo polo farmacêutico. Ele lembrou que esta foi uma decisão tomada pelo Codem, que em 2014 definiu que a cidade teria um polo de medicamentos e um polo aeronáutico.
“É um avanço muito importante para Maringá que temos neste momento, com o início efetivo do nosso polo de medicamentos aqui na cidade, através dos investimentos do Tecpar. Teremos a possibilidade da implantação de muitas indústrias neste terreno amplo, além de uma instalação de envase de ampolas para medicamentos dos parceiros do Tecpar”, disse o secretário.
Primeira empresa
Segundo informações da AEN-PR, a primeira empresa que deve se instalar no parque tecnológico do Tecpar será a Astra Medical Supply, com uma unidade industrial voltada à produção de fórmulas nutricionais. A escolha se deu após um chamamento público, que teve como vencedor o consórcio das empresas Astra Medical Supply e Nucite, para alimentação de pessoas com Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV), um efeito adverso à saúde decorrente de uma resposta imune específica que ocorre na exposição a uma proteína presente no leite de vaca.
Os produtos serão destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS), atendendo a uma demanda nacional por este tipo de fórmula.
Além da instalação da indústria para produção nacional das fórmulas de nutrição clínica especializada, a parceria também prevê a transferência de tecnologia para o instituto paranaense.
Vacinas
O planejamento da implantação do parque prevê, ainda, a construção de uma central de envase, infraestrutura necessária para dar suporte à futura produção de vacinas do instituto, cujo projeto pode ser financiado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.
Em outra frente, o Tecpar submeteu quatro projetos de produção de vacina para fornecimento ao Ministério da Saúde, dentro do Programa de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP). Se aprovado, o Tecpar poderá produzir e fornecer, a partir de Maringá, vacinas contra a raiva humana, varicela e poliomielite, além da vacina Pneumo 23, que protege contra doenças causadas por 23 tipos de pneumococos. Esses projetos estão em fase de análise pelo Ministério da Saúde.
Fundo Paraná
Os recursos para a construção do parque tecnológico são oriundos do Fundo Paraná de fomento científico e tecnológico administrado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) para o financiamento de projetos em áreas estratégicas do Paraná. A previsão é que a obra seja executada em até dois anos.
Presenças
Também estiveram presentes os secretários estaduais Guto Silva (Planejamento) e Santin Roveda (Justiça e Cidadania); o vice-prefeito de Maringá, Edson Scabora; o presidente da Câmara de Vereadores de Maringá, Mário Massao Hossokawa; o presidente da Acim, José Carlos Barbieri; o presidente do Codem, Mohamad Ali Awada Sobrinho; o presidente da Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense (Amusep) e prefeito de Itaguajé, Crisógono Noleto e Silva Júnior, e os deputados estaduais Maria Victoria e Soldado Adriano José.