A China e o Brasil mantêm uma cooperação agrícola bilateral altamente complementar e mutuamente benéfica, que se destaca como uma das áreas mais robustas e dinâmicas de colaboração entre os dois países. Nos últimos anos, a cooperação agrícola entre os dois países tem vindo a expandir-se e a aprofundar-se na direção de uma maior diversidade. A parceria agora engloba mais itens comerciais, tecnologia e práticas sustentáveis.
Com uma participação de 79,9% nas exportações de soja do Brasil nos primeiros nove meses deste ano, a soja continua a ser pilar na troca. Só em setembro, a China comprou 6,5 milhões de toneladas da oleaginosa, respondendo por 93% do embarque mensal, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais do Brasil.
Outras exportações importantes incluem carne e celulose, enquanto o milho está ganhando terreno. O sorgo e as leguminosas, como feijão e gergelim, também apresentam grande potencial.
Com a abertura do mercado de vários produtos às exportações brasileiras nos últimos anos, o comércio bilateral apresenta uma expansão da gama de produtos agrícolas, incluindo alguns com alto valor agregado.
Em maio de 2025, a China abriu o mercado para os sobprodutos do etanol de milho, conhecidos como DDG e DDGs (grãos secos de destilaria), utilizados na alimentação animal. “Esta é uma excelente notícia. A abertura do mercado chinês para o DDG é extremamente significativa”, disse o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin.
Além dos DDGs, os acordos bilaterais também autorizaram a exportação de carne de pato, carne de peru, vísceras de frango (coração, fígado e moela) e farinha de amendoim, durante a visita à China do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
Em novembro de 2024, a China e o Brasil assinaram 38 acordos de cooperação. Nesse contexto, a China aprovou oficialmente a importação de diversos produtos agrícolas brasileiros, incluindo o sorgo. Na China, o sorgo tem aplicações que vão muito além da alimentação: ele é matéria-prima essencial nas indústrias de ração animal, bebidas alcoólicas, bioenergia e alimentos funcionais e a China é hoje o maior consumidor mundial de sorgo.
O Brasil busca atingir a marca de 10 milhões de toneladas de sorgo até 2030 e o objetivo principal da missão foi abrir caminhos para ampliar a exportação de sorgo brasileiro ao mercado chinês, afirmou Paulo Bertolini, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo, dizendo que “atualmente, no Brasil, duas usinas já produzem etanol exclusivamente a partir do sorgo, o que mostra o avanço desse setor”.
Os grãos de café são outro produto com potencial considerável, levando em consideração que a China está emergindo como o importante mercado com crescimento rápido no setor de café global. Desde 30 de julho de 2025, a China autorizou 183 empresas brasileiras a exportarem café brasileiro para o mercado chinês, e o período de autorização durará cinco anos, de modo a fornecer mais opções de mercado para os exportadores brasileiros.
Além do comércio agrícola, os dois países também iniciaram uma cooperação na área da tecnologia agrícola. A Residência Tecnológica de Mecanização da Agricultura Familiar China-Brasil é uma base importante para a concretização do “Laboratório Conjunto China-Brasil de Inteligência Artificial para Mecanização Agrícola Familiar”, que é um dos resultados da visita de Estado ao Brasil.
O projeto implementado pela Universidade Agrícola da China começou com a instalação de máquinas e equipamentos na região de Apodi, no Brasil, com o objetivo de melhorar a produtividade e a qualidade de vida dos pequenos agricultores locais.
Ao todo 31 novas máquinas e equipamentos agrícolas, incluindo colheitadeiras, tratores e drones para proteção de plantas, foram colocados em uso no trabalho agrícola local. Os equipamentos melhoraram significativamente a mecanização da produção agrícola local, multiplicando a eficiência da lavoura e da colheita de soja, milho e cultivo de frutas, reduzindo a intensidade de trabalho dos agricultores e encurtando o ciclo agrícola.
Vale ressaltar também a cooperação bilateral no campo da agricultura sustentável. Em maio de 2024, um navio com soja brasileira livre de desmatamento atracou no Porto de Tianjin, China. A carga foi resultado de acordos entre a COFCO (maior comerciante chinês de alimentos) e a Mengniu (laticínios) na 6ª CIIE.
A soja é certificada sem destruição de vegetação. A COFCO monitora fazendas brasileiras desde 2019, criou um sistema de rastreabilidade e treina agricultores. “Alcançamos rastreabilidade total da soja comprada diretamente no Brasil”, disse Dong Wei, CEO da COFCO International.
A empresa planeja estabelecer uma cadeia de soja sustentável na Amazônia, Cerrado e Gran Chaco até 2025. A Mengniu busca zero desmatamento até 2030.