O mercado de trabalho brasileiro apresentou mudanças significativas no trimestre encerrado em janeiro deste ano. A taxa de desemprego subiu para 6,5%, após marcar 6,2% no trimestre anterior, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar da alta na desocupação, a taxa continua abaixo da registrada em janeiro de 2024 (7,4%) e se mantém como a menor para o período desde o início da série histórica, em 2012, ao lado do resultado de janeiro de 2014.
Informalidade em queda
A informalidade no Brasil recuou para 38,3% no período, representando 39,5 milhões de trabalhadores atuando sem carteira assinada ou CNPJ. O número é inferior ao registrado no trimestre anterior (38,9% ou 40,3 milhões) e também menor do que o de janeiro de 2024 (39% ou 39,2 milhões).
O IBGE destacou que o número de empregados sem carteira no setor privado caiu para 13,9 milhões, com redução de 553 mil vagas na comparação trimestral. No entanto, em relação ao mesmo período do ano passado, houve um crescimento de 3,2%, com acréscimo de 436 mil trabalhadores.
Já os empregados com carteira assinada no setor privado somaram 39,3 milhões, mantendo estabilidade em relação ao trimestre anterior, mas registrando um crescimento de 3,6% na comparação anual, com 1,4 milhão de novas contratações formais.
A população ocupada totalizou 103 milhões de pessoas, número 0,6% inferior ao do trimestre anterior, mas 2,4% maior em relação ao mesmo período de 2024. O nível de ocupação ficou em 58,2%, abaixo do trimestre anterior (58,7%), mas acima da taxa de janeiro de 2024 (57,3%).
Motivos para a alta no desemprego
O pesquisador do IBGE William Kratochwill explicou que um dos fatores que contribuíram para o aumento do desemprego no trimestre foi a troca de governos municipais, que costuma provocar demissões na administração pública. Esse movimento é comum após eleições municipais, pois a mudança de gestão frequentemente implica substituições na equipe.
Apesar da alta trimestral, de 0,3 ponto percentual, essa variação foi a menor para um trimestre encerrado em janeiro desde 2017, quando o avanço foi de 0,7 ponto percentual.
Desempenho dos setores
Na comparação trimestral, nenhum setor apresentou crescimento na população ocupada. Houve quedas expressivas na administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais (-2,5%, ou menos 469 mil trabalhadores) e na agropecuária, pesca e aquicultura (-2,1%, ou menos 170 mil).
Já na comparação anual, cinco setores registraram crescimento no número de trabalhadores:
- Indústria (2,7%, ou mais 355 mil pessoas)
- Construção (3,3%, ou mais 246 mil)
- Comércio e reparação de veículos (3,4%, ou mais 654 mil)
- Serviços financeiros e administrativos (2,9%, ou mais 373 mil)
- Administração pública e serviços sociais (2,9%, ou mais 523 mil)
Subutilização e desalento
A população subutilizada, que inclui trabalhadores desempregados e aqueles que poderiam trabalhar mais horas, ficou em 18,1 milhões, mantendo estabilidade no trimestre e caindo 11% na comparação anual.
A população desalentada – que inclui pessoas que gostariam de trabalhar, mas não procuraram emprego – registrou alta de 4,8% no trimestre, chegando a 3,2 milhões de pessoas. Porém, na comparação anual, houve queda de 10,9%, com 389 mil pessoas a menos nessa condição.
Renda média bate recorde
O rendimento médio real habitual dos trabalhadores atingiu R$ 3.343, um crescimento de 1,4% em relação ao trimestre anterior e de 3,7% na comparação anual. Esse é o maior valor da série histórica, superando o recorde anterior de julho de 2020, quando o rendimento médio era de R$ 3.335.
Já a massa de rendimento real habitual, que representa o total dos salários pagos no país, ficou em R$ 339,5 bilhões, estável no trimestre, mas com crescimento de 6,2% no ano (acréscimo de R$ 19,9 bilhões).
O mercado de trabalho segue em transformação, com sinais positivos na formalização do emprego e no aumento da renda, mas ainda enfrenta desafios como a alta na taxa de desemprego e as oscilações em setores-chave da economia.