Depois de encerrar 2024 em um nível recorde de R$ 7,3 trilhões, a Dívida Pública Federal (DPF) do Brasil deve crescer ainda mais em 2025, podendo alcançar entre R$ 8,1 trilhões e R$ 8,5 trilhões até o final do ano. A projeção foi divulgada nesta terça-feira (4) pelo Tesouro Nacional, no Plano Anual de Financiamento (PAF) da dívida pública para este ano.
Mudanças na Composição da Dívida
O plano prevê uma redução na fatia de títulos prefixados (com taxas fixas) e um aumento na participação dos papéis atrelados à taxa Selic, os quais já estão no nível mais alto em quase dois anos. A parcela da DPF vinculada à Selic deve crescer para uma faixa entre 48% e 52%, enquanto os títulos prefixados permanecerão entre 22% e 26%.
Já os papéis corrigidos pela inflação devem representar de 25% a 29% da dívida pública, enquanto a participação da dívida externa e vinculada ao câmbio ficará entre 3% e 7%. Atualmente, esses percentuais estão dentro das margens estabelecidas pelo PAF.
Impacto da Selic e dos Títulos Prefixados
A alta dos títulos corrigidos pela Selic ocorreu devido ao aumento da taxa de juros, tornando esse tipo de investimento mais atrativo. No entanto, essa mudança também aumenta o risco da dívida pública, pois qualquer elevação na Selic gera um impacto imediato nos custos do governo.
Já os títulos prefixados, apesar de trazerem mais previsibilidade ao Tesouro, perderam espaço porque suas taxas fixadas no momento da emissão se tornaram menos competitivas diante dos juros elevados. Isso resultou em uma redução na participação desses papéis, que fechou 2024 em 21,99%, contra 26,53% em 2023.
Prazo e Segurança para o Financiamento
O PAF também prevê um prazo médio da DPF entre 3,8 e 4,2 anos, pouco acima dos 4,05 anos registrados no fim de 2024. Além disso, a parcela da dívida que vence nos próximos 12 meses deve ficar entre 17% e 21%.
Para garantir segurança no financiamento, o governo conta com dois mecanismos de proteção:
- Reservas internacionais suficientes para cobrir os R$ 61,22 bilhões em vencimentos da dívida externa em 2025.
- Um colchão financeiro de R$ 860,15 bilhões, capaz de cobrir mais de seis meses dos vencimentos da dívida interna.
Com esses ajustes, o governo busca equilibrar o perfil da dívida pública em meio a um cenário econômico global ainda incerto, mantendo a capacidade de financiamento e a atratividade dos títulos brasileiros para os investidores.