Os exportadores brasileiros de café adotaram um tom cauteloso e preocupado neste sábado, já que, apesar do anúncio dos Estados Unidos de eliminar as tarifas de importação sobre quase 200 produtos agrícolas, o grão manterá uma tarifa de 40%.
O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café, um produto que continua sendo alvo de medidas implementadas pelo presidente Donald Trump por razões políticas, em solidariedade ao seu aliado, o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe.
O Conselho Brasileiro de Exportadores de Café (Cecafé) afirmou que a decisão coloca o país em desvantagem em relação aos seus concorrentes diretos.
“Melhorou para os nossos concorrentes e piorou para o Brasil”, disse o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos. Ele lembrou que a tarifa de importação dos EUA sobre o café brasileiro caiu de 50% para 40%, enquanto a Colômbia, o Vietnã e outros fornecedores mantiveram tarifas zero devido a acordos bilaterais anteriores.
O presidente da Cecafé, Márcio Ferreira, afirmou que o setor permanece preocupado porque a tarifa de 40%, “se mantida, continua sendo proibitiva; o Brasil continua fora do jogo”, declarou.
A Cecafé informou que, entre agosto e outubro, meses em que a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros esteve em vigor, as importações de café brasileiro pelos Estados Unidos caíram 51,5% em comparação ao mesmo período de 2024. Os Estados Unidos são o principal destino do café brasileiro e representam aproximadamente 16% das exportações do setor.
A Associação Brasileira de Cafés Especiais (ABCE) lamentou que a medida não tenha incluído a eliminação da tarifa de 40% para o Brasil. A organização indicou que a decisão “tende a intensificar, no curto prazo, a queda nas exportações de cafés especiais”. Entre agosto e outubro, as exportações desse segmento diminuíram aproximadamente 55% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Em outros setores, a reação foi mista. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIE), Roberto Perosa, considerou a medida “um sinal positivo” e destacou que os Estados Unidos são o segundo maior mercado para a carne bovina brasileira.
Por sua vez, a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas (ABPE) avaliou que houve “progresso significativo”, embora tenha manifestado preocupação com a exclusão da uva, a segunda fruta mais exportada pelo Brasil para os Estados Unidos.
A associação informou que, no terceiro trimestre de 2025, as exportações de uva para o mercado americano caíram 73% em valor e 68% em volume em comparação com o mesmo período de 2024.
