Hoje fora de catálogo, “Contos Reunidos” (1994) é um livro que abarca toda a obra contística de Rubem Fonseca (1925-2020) até aquela altura, em meados dos anos de 1990, em publicação que marcou época pelas mãos da editora Companhia das Letras. São quase 800 páginas de textos no formato curto e condensado do famoso escritor mineiro radicado no Rio de Janeiro; além de prefácio de Boris Schnaiderman.
Aliás, José Rubem Fonseca é um dos principais contistas brasileiros, principalmente da moderna literatura nacional. Está lado a lado com o paranaense Dalton Trevisan (1925-2024). Ambos têm seu respectivo centenário de nascimento comemorado em 2025 com publicações especiais, novas coleções e descoberta de inéditos (no caso fonsequiano).
Morto há cinco anos (em 15 de abril de 2020), Fonseca tem seu nome de volta ao mercado editorial com o lançamento para a data de 9 de junho de “Todos os contos” (R$ 399,90, impresso; R$ 279,99, e-book), um box da Nova Fronteira com três volumes que reúne pela primeira vez todos os seus contos, e ainda dois inéditos, resgatados por sua filha Bia Corrêa do Lago: “Natal” e “Arinda”, escritos em 1943 mas que apenas agora vieram à tona.
Desde aquele “Contos Reunidos” de 30 anos atrás, a obra no formato curto de Fonseca não era concentrada em um projeto desse porte. O box da Nova Fronteira tem mais de 2 mil páginas, em “edição definitiva” propagandeada pela editora.
“Descubra – ou revisite – a prosa afiada e cinematográfica do autor que expõe sem pudores a violência, a desigualdade e as feras que habitam o mundo urbano. Fonseca não mede palavras, não suaviza choques, não faz concessões. Seus personagens vivem no limite, suas histórias curtas são duras e fatais. Do primeiro conto ao último, cada página é um soco, cada cena é um corte preciso, cada frase, uma assinatura inconfundível. Esta edição definitiva traz, além dos textos revisados pelo próprio autor, prefácios de especialistas e um breve e magistral ensaio de Silviano Santiago. Um tributo essencial a um mestre que reinventou o conto brasileiro”, diz a descrição do material.
Cada um dos três volumes da edição especial terá um prefácio assinado por estudiosos da obra de Rubem Fonseca.
Outra novidade é que alguns textos do escritor foram revisados de acordo com as próprias anotações. A família cedeu anotações e correções do autor feitas nos exemplares pessoais dele. Há questões de pontuação e de grafia, e até palavras que ele julgou melhor substituir.

Autor
Com estilo direto, urbano e brutal, a narrativa fonsequiana sacudiu a literatura brasileira na segunda metade do século 20, deixando marcas indeléveis de um escritor que não gostava de dar entrevistas, mas que sempre aparecia em público quando era preciso. Sempre para defender a ficção. Zé Rubem, como era conhecido no círculo mais íntimo, renovou o gênero policial, apesar de nunca ter se inscrito nessa modalidade, e contribuiu significativamente para o conto nacional.
Não à toa, a notícia sobre a nova antologia e a descoberta de inéditos movimentou os dois principais jornais do país, Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, com reportagens de destaque em seus respectivos cadernos de cultura nas últimas semanas.
Rubem Fonseca nasceu em 1925 e faleceu em 2020, pouco antes de completar 95 anos, deixando uma contundente obra com trinta livros, entre os quais romances, novelas, coletâneas de contos e “O romance morreu”, que reúne crônicas publicadas no Portal Literal.

Entre seus principais títulos estão “Lúcia McCartney” (1969), “O caso Morel” (1973), “Feliz Ano Novo” (1975), “O Cobrador” (1979), “A grande arte” (1983) e “Agosto” (1990). Em 2013 publicou, pela Nova Fronteira, “Amálgama”, vencedor do prêmio Jabuti de sua categoria. Ainda recebeu outras cinco vezes o Jabuti; em 2003, os prêmios Juan Rulfo e Camões; e, em 2015, o Machado de Assis, concedido pela ABL, pelo conjunto da obra. Seu último livro publicado em vida foi a antologia de contos “Carne crua”, de 2018.