Produtores Brasileiros Já Sentem os Impactos da Taxação Americana de 50% sobre Exportações

Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Os produtores brasileiros começam a enfrentar os primeiros efeitos da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre as exportações do Brasil, que entra em vigor no dia 1º de agosto. Enquanto alguns setores aguardam as ações e negociações do governo brasileiro para tentar reverter ou minimizar os danos, outros já relatam impactos concretos em suas operações.

O segmento de pescados é um dos mais afetados desde já. Conforme informou a Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), pelo menos 58 contêineres contendo 1.160 toneladas de produtos destinados aos EUA tiveram suas compras canceladas e precisarão retornar aos produtores nacionais.

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Jairo Gund, diretor executivo da Abipesca, explicou que os embarques planejados para este mês chegariam aos Estados Unidos já sob a vigência da nova tarifa, o que levou os compradores americanos a suspenderem pedidos e remessas. “Os embarques que seriam feitos agora chegam em agosto, no timing do translado dos contêineres, e já chegariam sob essa nova tarifa. Por isso, os compradores suspenderam as compras e os embarques”, detalhou.

Os Estados Unidos representam cerca de 70% do mercado externo para os pescados brasileiros, com destaque para a tilápia, cujo destino é 90% voltado para o país norte-americano. Os produtos congelados foram os mais prejudicados, enquanto as exportações de pescados frescos, transportadas por via aérea, seguem normalmente.

O impacto maior recai sobre os produtores mais vulneráveis. Gund destacou que o principal produto exportado, a lagosta, embora associada a um público de alto poder aquisitivo, é produzida artesanalmente por comunidades tradicionais de baixa renda. “Quem sofre não são os consumidores de lagosta, mas os produtores, que geralmente vêm de comunidades tradicionais em situação econômica precária”, afirmou.

A Abipesca integra o grupo que participará nesta terça-feira (15) de uma reunião com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, para discutir as estratégias de resposta.

Entre as principais reivindicações do setor está o pedido de adiamento da taxação por 90 dias, para permitir o escoamento da produção já contratada. Além disso, os produtores solicitam que os pescados sejam excluídos da lista de produtos tarifados, destacando que o Brasil representa menos de 1% das importações americanas desses itens.

“Estamos no meio da safra das principais espécies, com contratos em andamento. A ideia é sensibilizar o governo dos Estados Unidos para excluir o pescado dessas tarifas, pois apesar de representarmos uma pequena fatia do abastecimento americano, o impacto para nós é significativo”, concluiu a Abipesca.

Fonte: Agência Brasil

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