Em meio ao impacto do tarifaço do presidente norte-americano Donald Trump, a alta de 10% para 50% nas tarifas de importação intensificou as incertezas do setor global do café. Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), essa mudança abrupta nas regras comerciais intensificou a instabilidade nos valores externos e internos do grão – vale lembrar que o Brasil é líder mundial na exportação de arábica.
Pesquisadores do Cepea destacam que o Brasil é origem de cerca de 25% das importações norte-americanas de café, e uma tarifa de 50% se configura como uma grande desvantagem ao produto nacional e gera incertezas quanto ao escoamento da safra brasileira. A Colômbia, segunda maior fornecedora aos EUA, permanece isenta de tarifas, enquanto o Vietnã, maior exportador de robusta, até o momento, tem alíquota de 20%.
Apesar de o Brasil possuir outros mercados, inclusive o doméstico, pesquisadores do Cepea apontam que, para absorver uma possível retração da demanda norte-americana, essa realocação é complexa, dada a importância e o dinamismo da indústria de torrefação dos EUA.
Números
Segundo relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o país obteve o maior valor da história com os embarques do produto nos 12 meses do ano safra 2024/25. As remessas ao exterior renderam US$ 14,728 bilhões, o que implica substancial crescimento de 49,5% na comparação com os US$ 9,849 bilhões do recorde anterior, alcançado entre julho de 2023 e o final de junho de 2024.
Em volume, o Brasil exportou 45,589 milhões de sacas de 60 kg – equivalentes a 152.938 contêineres – de todos os tipos de café, a 115 países, na temporada 2024/25, volume que implica queda de 3,9% em relação aos 47,455 milhões embarcados nos 12 meses do ciclo 2023/24. Esse foi o terceiro melhor desempenho na história, ficando atrás apenas da safra anterior e da 2020/21 (45,675 mi de sacas).
Os Estados Unidos lideraram o ranking dos principais parceiros comerciais dos cafés do Brasil na safra 2024/25, adquirindo 7,468 milhões de sacas. Esse volume representa alta de 5,65% na comparação com os 12 meses da temporada anterior e corresponde a 16,4% das exportações totais de café do país.