De time glorioso que ganhou seis títulos em sete anos, o Paraná Clube tem um histórico de rebaixamentos considerado raro na história do futebol brasileiro e chegou a um ponto de difícil retorno
Cenas lamentáveis marcaram o rebaixamento do Paraná Clube para a Segunda Divisão do Campeonato Paranaense, neste sábado, 26, no Estádio da Vila Capanema, em Curitiba. O gramado foi invadido por torcedores que tentavam agredir os jogadores, cadeiras, paus e pedras foram utilizados no conflito, jogadores sofreram socos e chutes, a partida foi encerrada antes da hora e houve necessidade de intervenção da tropa de choque da Polícia Militar.
Faltando uma rodada para o término da primeira fase do Paranaense, o Paraná é o lanterna da competição e neste sábado perdeu por 3 a 1 para outro lanterna, o União Beltrão. Esta foi a oitava derrota do Paraná em 10 jogos no Estadual. O time somou apenas 4 pontos, antecipando o rebaixamento e a última posição na tabela.
Paraná Clube viveu tempos de glória com Minelli
Fundado no fim de 1989, com a fusão do Colorado e Pinheiros, o time foi considerado o “bicho-papão” nos anos 1990, garantindo seis títulos estaduais em apenas sete temporadas. Há participações notórias também na Libertadores e no Campeonato Brasileiro.
No ano seguinte à fundação, o Paraná Clube disputou o seu primeiro campeonato estadual e, após terminar na liderança de um dos grupos da seletiva nacional, acabou classificando-se para a Série C do Campeonato Brasileiro — tudo isso sob o comando do já consagrado técnico Rubens Minelli, tricampeão brasileiro nos anos 70 por Internacional e São Paulo.
A façanha se repetiu por cinco vezes seguidas (1993, 1994, 1995, 1996 e 1997) e, neste período, Minelli voltou a comandar a equipe em algumas ocasiões.
Foi nessa época que o meia Ricardinho, hoje comentarista dos canais Globo, foi lançado ao cenário nacional. No período, o Paraná passou a ganhar mais destaque nacional ao protagonizar boas campanhas na Copa do Brasil, como em 1995 e 1996, e no Brasileirão, quando faturou a Série B de 1992
A estrela de Caio Júnior
O então jovem paranaense Caio Júnior, que já havia jogado e treinado o Paraná entre o fim dos anos 90 e começo dos anos 2000, voltou ao clube em 2006 com uma missão: classificar a equipe para a Libertadores.
Caio Júnior era um técnico moderno, amplamente influenciado pelo trabalho que se fazia na Europa e conseguiu implantar uma nova filosofia no time e o compromisso de se classificar para a Libertadores. Trato feito, trato cumprido. Na última rodada do Brasileirão daquele ano, o time arrancou, na Vila Capanema, um empate com o campeão São Paulo e contou com a sorte ao ver o Vasco tropeçar diante do Figueirense. Resultado: 5° lugar na tabela e vaga garantida na 1ª fase do torneio continental.
A carreira de Caio Júnior iniciada no Paraná Clube foi longe. Ele dirigiu vários outros times tradicionais do futebol brasileiro, como o Palmeiras, Bahia, Goiás, Flamengo, Botafogo, Grêmio, Vitória, Criciúma e Chapecoense. No exterior, destacam-se as passagens por Vissel Kobe, do Japão, Al-Gharafa, do Qatar, e Al Jazira, dos Emirados Árabes.
Saiba mais
Queda tão rápida quanto a ascensão
O Paraná Clube já foi vitrine de boa administração nos anos 1990, entrou em decadência nos últimos anos e atualmente está na Série D do Brasileiro. Por causa da péssima campanha no estadual, a agremiação pode ficar sem calendário nacional a partir de 2023.
Essa queda do Paraná Clube nos últimos anos tem várias explicações, como investimentos mal feitos por diversas diretorias, inúmeras dívidas trabalhistas, jovens promessas perdidas de graça e trocas constantes de treinadores e jogadores.
Paraná Clube nas últimas temporadas
- 2017 – consegue o acesso à Série A após 10 anos
- 2018 – rebaixado para a Série B
- 2019 – sexto lugar na Série B, seis pontos atrás do G-4
- 2020 – rebaixado para a Série C
- 2021 – rebaixado para a Série D
- 2022 – rebaixado no Paranaense
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