Último campeão paranaense do município na 1ª Divisão em 1977, o Grêmio de Esportes Maringá (GEM) enfrentou um primeiro semestre turbulento em 2024, com rebaixamento na Divisão de Acesso do estadual. Pior: terminou com nenhum ponto e saldo de -32 gols. Para tristeza e fúria dos apaixonados torcedores alvinegros.
Em agosto, o clube anunciou oficialmente a chegada de um novo gestor: Paulo Roberto da Silva. Na verdade, desde a 6ª rodada da 1ª fase da Segundona, quando o Galo Guerreiro perdeu para o Nacional por 8 a 0, ele está à frente desse clube maringaense.
“Eu estava no Andraus (PR) fazendo uma gestão de três anos e a gente tinha uma programação de colocar o Andraus na elite do futebol paranaense e deu certo no segundo ano. Mas eu vi a possibilidade da marca [Grêmio] Maringá, muito forte, muito grande e tradição. Uma cidade que oferece tudo que você possa imaginar de um grande investidor, de um empreendedor, de um empresário”, diz Silva, em entrevista exclusiva nos estúdios do jornal O Maringá.
Ele conta que a sua Geração Esportes fez um acordo para administrar o GEM. Aliás, trata-se de uma empresa da área de gestão e captação de jogadores em todo o Brasil, principalmente no Nordeste. Segundo Silva, é uma região fértil de atletas para exportação. “Produz um pouco mais”, referindo-se à maior quantidade de mão de obra para o futebol. “A gente tem um mapa hoje aonde buscar jogadores e aonde fazer jogador”.
No Grêmio, conforme o novo gestor, o planejamento é de fazer um trabalho forte. Um exemplo dado por Silva é de que, graças à captação no Nordeste, o time Sub-16 greminte disputou a Copa Carpina 2024 e fez frente a 49 agremiações participantes desse certame, que é considerado um dos maiores do Brasil na base.
Sem mais competições neste ano, Silva adianta que o trabalho do GEM deve começar na primeira quinzena de janeiro de 2025 com o Sub-20, que vai disputar o Paranaense da categoria no primeiro semestre com um time forte e experiente. “Vem a contratação no meio do ano para a 3ª Divisão de jogadores mais velhos, mais experimentados, acostumados com títulos e para dar o equilíbrio. O Sub-20 que tiver condições vai estar no processo de transição e vai agregar o profissional”, explica.
Cerca de 80% do grupo de jovens atletas está pronto, com 20% a 30% de espaço para a chegada de novos jogadores. “Captação aberta o ano inteiro”, com realização de seletivas.
A propósito, tem uma comissão técnica para ser apresentada, com profissionais experientes e tarimbados em acessos.
Contrato
Com contrato assinado e registrado em cartório, Paulo Roberto da Silva explica que esse documento garante que não pode ter ingerência ou influência alguma do Instituto de Torcedores do Grêmio de Esportes Maringá (ITGEM), que é o grupo responsável por reativar o GEM campeão de 1977. “A gestão é da Nova Geração”, destacando que não tem relação alguma com o ITGEM. “Zero”.
O gestor aproveita para esclarecer que esse Grêmio mudou e não tem ligação com o que passou. “Eu só quero uma coisa do torcedor: confie e acredite”, afirma.
Dívidas
Silva explica que nesse momento está no processo de resolver dívidas. Segundo ele, uma parte já foi saneada. “Eu resolvi a questão dos funcionários que não tinham recebido. Resolvi as questões dos aluguéis”, citando também uma série de multas no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Mas a situação financeira ainda está pendente. “A dívida hoje do GEM beira os R$ 5 milhões”, exemplificando que contratou dois escritórios de advocacia para administrar todas as ações trabalhistas.
Mesmo nesse cenário, o gestor diz que a marca do GEM ainda vale a pena. Mas desde que a administração seja bem cuidadosa e tenha um bom time em campo. “Por que do [Grêmio] Maringá? Eu vi no Maringá a recuperação dessa torcida. O maior ativo do Maringá hoje é a torcida, maior patrimônio”.
Por enquanto, Silva é o único investidor do clube. Mas ele diz que não é por falta de procura, inclusive de outros grupos. “Alinhavando algumas coisas para o futuro, muito interessante, muito importante. Já está num processo bem trabalhado”, acrescentando que é preciso tomar muito cuidado com quem é inserido na agremiação.
Inclusive, 10% da receita líquida do Galo Guerreiro fica com o clube para saldar dívidas, explica Silva. E 90% para a gestão, conforme definido em contrato.
Para o Grêmio continuar ativo, mesmo sem disputas esportivas, ocorreu investimento por parte da nova gestão. Tudo para que a máquina não pare de funcionar.
SAF
Na entrevista, Paulo Roberto da Silva também abordou que o futuro do Galo do Norte é se tornar uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). “É o caminho. A gente já está trabalhando algumas situações nesse sentido”.
Ele diz que grandes grupos de investidores veem a oportunidade de investimento, de receita e de retorno no futebol.
Sede
Hoje o Grêmio de Esportes Maringá não tem sede e nem prestação de contas, conforme as palavras de seu gestor. “O Grêmio hoje tem dívidas”.
Porém, ele quer mudar essa situação, com escritório para ter os advogados, receber a imprensa e credores. Além, claro, dos interessados no projeto. “A gente pegou um clube que não tinha nada. Só dívida mesmo e história. E que história linda. Aí é que está o patrimônio”.
Ele faz uma analogia. “O GEM era uma Ferrari que faltavam as rodas e o combustível”.
Treinos
Para treinos, o novo gestor explica que tem local no distrito de Floriano, com alojamento para a base. Outra possibilidade seria a Universidade Estadual de Maringá (UEM), mas sem nada definido. “Futuramente, vamos ter de partir para um CT [Centro de Treinamento] próprio”.
Sobre o Estádio Regional Willie Davids, a ideia é usar essa tradicional praça esportiva.
Nova camisa
Há dois meses no projeto, Luiz Vogler veio a convite do novo gestor Paulo Roberto da Silva para trabalhar na direção comercial. Um dos trabalhos que têm chamado atenção da torcida alvinegra é a nova camisa do GEM, fabricada por uma empresa paraguaia com alto padrão de tecido e design. O manto tem marca d’água do escudo, o Galo de pano de fundo e edição limitada. Já está sendo comercializada.
“E vem mais dois modelos diferentes. É uma alegria enorme. Eu estou aqui em Maringá conhecendo agora. A pessoa vem conversar comigo, ela não vem só pegar a camisa, fica 30, 40 minutos até uma hora, conversando sobre o que está acontecendo com o Grêmio”, explica, cujo trabalho também é de trazer grandes empresas para dentro do clube maringaense.
Para quem quiser adquirir o novo uniforme, basta entrar em contato pelo perfil oficial do time no Instagram (@gremio_maringa). A ideia é produzir mais 300 exemplares até o final de dezembro.