Em edição exclusiva no Brasil, a Isto Edições traz a icônica composição poética do escritor luso Alberto Pereira. Viagem à demência dos pássaros contempla os leitores com uma exuberância de imagens, produzindo inesperados efeitos de sentido.
O poeta é destaque na literatura contemporânea portuguesa, por sua poesia profundamente imagética e interrogativa. Este, que é seu sexto livro, vem estruturado em três partes: “Monólogos do Báltico”, “Cartas à Arquitetura da Geada” e “Crônicas do Nevoeiro”.
O posfácio é do escritor e ensaísta Ricardo Gil Soeiro, que conclui: “Viagem à demência dos pássaros é uma interminável navegação ao coração do caos que carregamos dentro de nós, esses lugares mais recônditos dos pesadelos e das quimeras de que se fazem, continuamente, as nossas travessias e os nossos felizes naufrágios.”
Publicada pela primeira vez em Portugal em 2017, a obra chega às prateleiras nacionais com uma nova revisão e algumas palavras adaptadas em parceria com o autor, para melhor leitura do público brasileiro.
Aqui no Brasil, o autor também já foi publicado pelo projeto Dulcineia Catadora, com Bairro de lata (2017) e pela Urutau, com Como num naufrágio interior morremos (2019).
Outras palavras:
- Na Revista Caliban, Victor Oliveira Mateus escreve:
“Em Viagem à demência dos pássaros (…) os pássaros são simultaneamente eles-mesmos, mas também uma representação dos humanos enquanto viagem à demência. (…) o poeta nos conduz, ao longo do livro, por uma viagem que não é nem geográfica nem histórica, mas que se enraíza nos grandes temas, que, ao longo dos séculos, têm perseguido o humano.”
- No prefácio de Neve interior (2021), António Carlos Cortez escreve:
“Alberto Pereira é dos que procuram uma poesia que faça vibrar, agitar a árvore rizomática das nossas exaustas árvores cerebrais”.
- No posfácio de Como num naufrágio interior morremos, Ronaldo Cagiano acrescenta:
“O autor vem construindo seu corpus poético com maturidade, prestigiando suas mitologias, por força de um espírito ou de uma consciência conceitual que busca com veemência e obstinação a autenticidade, um hálito novo, um arejamento na esfera da poesia”.
Viagem à demência dos pássaros
Autor: Alberto Pereira
Poesia – Capa brochura – 14x21cm
80 páginas – R$ 38,00
Isto Edições – 1ª ed. – 2022
ISBN 978-65-995966-5-0
Disponível na Amazon e no site da editora:
Sobre o autor:
Alberto Pereira é um escritor português, nascido em Lisboa. Licenciado em Enfermagem, pós-graduado na área Forense e diplomado em Hipnose Clínica. Membro do PEN Clube Português, publicou os livros: O áspero hálito do amanhã (2008); Amanhecem nas rugas precipícios (2011); Poemas com Alzheimer (2013); O Deus que matava poemas (2015); Biografia das primeiras coisas (2016); Viagem à demência dos pássaros (2017); Bairro de Lata (2017); Como num naufrágio interior morremos (2019) e Neve interior (2021).
Sobre a editora:
A Isto Edições é uma pequena editora independente do Rio Grande do Sul que publica apenas poesia. Sua linha editorial principal é poesia contemporânea e em 2022 trará diversos livros inéditos ao Brasil, vindos de Portugal, Espanha, França e países da América do Sul, além de novos/as autores/as brasileiros/as.
Alguns poemas do livro: (poemas não têm título)
O infinito era já ali,
no rastilho da tua imagem.
Depois,
a primeira adaga.
as lâminas desprezaram o vento
e os muros acabaram aos beijos.
O frio começa assim,
facas que vestem pássaros.
———
As mãos já não são a harpa que tocava magnólias.
Talvez um hospício à procura do teu rosto.
A casa é um monólogo dentro de quem ficou.
O mel que corria a pele para a infância
tem uma cidade de nomes que não chegam.
Fuzilou a acne as marés.
Esconderam-se os navios atrás dos muros.
Na corrente pontificam facas
ou retratos de pernas cruzadas.
Tudo nas tuas margens
são águas de lábios rasgados
ou arco-íris com cicatrizes às costas.
O amor é um dicionário de nuvens.
Se tivesse observado o céu de Estocolmo,
veria,
as aves fumam
o batimento cardíaco da tempestade.
A morte chega quando nos apagam
o coração num cinzeiro.
———
É Novembro no perfume.
A casa imita o Outono.
O homem cai
para dentro dos retratos.